Maria19642 12/08/2023
"Não, senhora minha, não pus a pena na mão, à espera do que me viesse sugerindo..."
Eu não posso dizer que fiquei cem por cento feliz com o final desse livro. Também não sei se era para ficar feliz ou triste, visto que a ambiguidade é o que deixa esse texto único. Como sempre, Machado de Assis soube fazer uma crítica social de uma maneira tão brilhante que me fazia parar de ler e voltar algumas páginas, gritando "Caramba, não acredito que tal parte significava isso" --- muitas vezes no meio da rua.
Para mim, a história dos gêmeos e Flora ficou em segundo lugar. Não foi o que me saltou os olhos dentro do livro, parecendo mais um detalhe. Não que seja ruim, pelo contrário, gostei de como a personalidade do trio foi trabalhada, bem como a rivalidade "de nascença" de Padro e Paulo permitiu que a obra terminasse não terminando, o que foi um impasse incrível.
O que me saltou aos olhos, entretanto, foi a forma como os acontecimentos históricos e os comportamentos do dia a dia foram sendo despejados em detalhes. A abolição da escravatura, por exemplo, não foi citada genericamente, mas também aconteceram menções à Lei do Ventre Livre e aos posicionamentos dos republicanos e dos monarquistas perante ela.
Flora, Natividade, Santos, Aires e Nóbrega foram os personagens que mais gostei. Talvez eles não sejam os mais corretos ou os mais "honestos", sim, senhor Nóbrega?, mas esses serão aqueles que me lembrarei primeiro quando falar de Esaú e Jacó. O engraçado é que esse grupo para uma constelação que giram em torno de dois dóis gêmeos, cada estrela com a sua lua e comportamento. (Não que eu acredite em signos, por favor)
Por fim, creio que o sentido central do livro não seja, de fato, centralizado. Ele é dividido entre duas pessoas, duas opiniões, dois narradores(o que foi uma jogada tão incrível que vou mandar um áudio pro meu melhor amigo detalhando) (não, ele não leu o livro ainda) e dois interesses. O protagonista, ironicamente, é um só. Porque ninguém me tira da cabeça que o Aires é quem é o dono desse pardieiro.