Marcella.Pimenta 01/05/2023
O comunismo não quer emancipar a mulher, mas controlá-la
O livro é composto de textos curtos escritos por volta de 1918/1920 pela bolchevique Kollontai, que participou ativamente da Revolução Russa de 1917. Nele, ela dá a concepção comunista (e feminista) de família, casamento, criação de filhos e o papel da mulher.
Por mais de uma vez, ela deixa claro que a tal emancipação da mulher não é bem assim. Ela defende que a mulher seja "livre" financeiramente do marido, mas é o Estado quem vai assumir as responsabilidades. Ou seja, ela quer a mulher escrava do Estado. Não há liberdade real, apenas uma troca de amarras.
Kollontai fala também que a mulher trabalhar fora se deu em razão de necessidade (o sustento do marido era insuficiente), portanto, temos aqui uma feminista que desmente a ideia popularizada hoje de que "a mulher só pode trabalhar por causa do feminismo".
Quanto às tarefas domésticas que "escravizam" a mulher, a solução comunista seria de uma classe de mulheres exclusivas para este serviço, o que a própria Kollontai admite (implicitamente) que ocorre para a mulher burguesa/capitalista.
Outro "problema" pra ela são os filhos. A mulher operária já teria lavanderias, restaurantes e outras instituições para cuidar da casa, então precisa de creches e escolas que cuidem dos filhos, que são a 3a parte da tripla jornada. Aqui, Kollontai defende que os filhos pertencem ao Estado, não aos pais, e que as escolas são responsáveis por transforma-los em militantes ("educadores inteligentes a converterão em um comunista consciente da magnitude da norma social essencial..).
Percebemos que as principais ideias dela estão vivas na mentalidade atual: o desprezo pelo cuidado do lar, o "amor livre" (de responsabilidades e compromisso) e a transferência da criação dos filhos dos pais ao Estado (escola).
A promessa de que o Estado comunista tudo garante (saúde, educação etc) é só isso. Não há nenhuma explicação sobre como isso acontecerá. Inclusive, é importante perceber que Kollontai critica o capitalismo mas muitas das "soluções" que dá são fruto do livre mercado, como restaurantes, lavanderias... O que se quer, na verdade, é o controle estatal.
Vê-se que o comunismo encontrou, por meio do feminismo, uma forma de controlar a sociedade, usando a mulher.