Caça às bruxas

Caça às bruxas Argemiro Ferreira




Resenhas - Caça às bruxas


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guibre 10/07/2013

A obra aborda, principalmente, a histeria anti-comunista que existiu nos Estados Unidos nas décadas de 40 e 50, de modo a esclarecer os fatos para além do senso-comum a respeito. Demonstra-se que a denominação “macartismo”, na verdade, é uma referência parcial ao fenômeno, conveniente para muitos dos que se dele participaram como protagonistas. Frisa-se que posições de destaque foram ocupadas por Richard Nixon e Ronald Reagan, na época congressista e ator de Hollywood, respectivamente. Ambos, conforme exposto na obra, são exemplos de indivíduos que aproveitaram-se da preponderância do obscurantismo para construir carreiras políticas.
O autor explica que essa perseguição não se iniciou nem se encerrou no período de proeminência do senador Joseph McCarthy e aponta que uma conjugação de fatores de política interna, como a correlação de forças entre os partidos Democrata e Republicano, e de política externa, como o acirramento das tensões com a União Soviética, a vitória dos comunistas na China e a guerra da Coreia foram decisivos para a construção de um clima de histeria coletiva, com auxílio de boa parte da imprensa.
Por outro lado, a limitada resistência da imprensa se baseava muito mais na crítica aos métodos do que ao objetivo final dos “caçadores de bruxas”: o expurgo dos comunistas da sociedade. O autor destaca inclusive que a corrosão da imagem pública do senador McCarthy foi realizada com os mesmos métodos que ele utilizava, em lamentável contradição com as próprias críticas que eram feitas.
O autor enfatiza que essas perseguições trouxeram fama e muito dinheiro a uns, enquanto que os alguns perseguidos, em contraste, foram condenados ao desemprego (devido a inclusão em “listas negras”), culminando em lamentáveis suicídios. Os efeitos nefastos da “caça as bruxas” nos meios acadêmicos também são mencionados. Evidencia-se que acusações sem qualquer fundamento, completamente levianas, poderiam arruinar a carreira e a existência de um indivíduo.
Não se pode deixar de notar que as perseguições promovidas pelos “caçadores de bruxas” representavam clara afronta a princípios da democracia norte-americana, acarretando a execração pública e até mesmo o encarceramento de indivíduos que sequer eram membros do Partido Comunista, supostos alvos da depuração. No ponto, aliás, é curioso notar a aproximação entre os métodos dos “caçadores de bruxas” e a dos soviéticos que eles tanto criticavam.
Pelo exposto, a obra revelou-se muito esclarecedora, inclusive pela análise da possibilidade de um retorno as perseguições arbitrárias ocorridas nos anos 40 e 50 no começo do governo Reagan.
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