Coração de Leitora 13/06/2020
"O mundo continua girando porque seus batimentos cardíacos existem"
No terceiro livro da série Elementos, a autora aborda um tema bastante impactante e importante.
Maggie May era uma garotinha alegre, sonhadora e doce, até presenciar uma cena que mudará sua vida para sempre. Apesar de não ter sido violentada fisicamente, sua mente jamais poderá esquecer o que um dia testemunhou.
O trauma causado naquela tarde, fez com que a pobre garota perdesse a voz e ganhasse ataques de pânico. E como ajudar Maggie? O que aconteceu com ela?
Maggie se torna uma garota retraída e insegura. Perdida em pensamentos, presa no seu silêncio. Jamais saia de casa e a única maneira de se refugiar dos fantasmas, é nos livros.
Brooke, o garoto por quem ela é apaixonada desde sempre. O amigo do irmão, aquele que é esperança de ser sua salvação.
Aos poucos eles constroem uma linda amizade, com uma conexão incrível. E no decorrer dos anos, eles descobrem o amor.
"Eu não sabia que você podia ouvir a voz de alguém tão claramente nos momentos silenciosos."
O livro é tocante, intenso e triste. Assim que Maggie perde sua voz, ela também acaba perdendo uma parte de si. Eu não digo que ela perdeu apenas a sua voz, onde as cordas vocais são usadas para pronunciar suas palavras. Mas a voz do seu "eu", fica ali, presa em um lugar tão profundo, que nem todos conseguem escutar. Escutar o outro está nos detalhes e é por isso que ela e Brooks constroem algo excepcional.
"Ele me lembrou naquela noite que eu tinha voz, mesmo que nenhuma palavra saiu da minha boca. Eu tinha uma voz."
A história toda e a reflexão após ela, nos trás um questionamento: quantas vezes nós perdemos a nossa voz, ou silenciamos a voz de alguém?
Quantas vezes nós gritamos por ajuda, ou para sermos notados de maneira profunda e ninguém compreende?
Quantas vezes nós silenciamos alguém por ego, preguiça ou pelo simples fato de não conseguirmos enxergar profundamente aquela pessoa?
Foi apavorante pensar estar na pele de Maggie. De presenciar algo tão terrível ao ponto de não conseguir expor, de gritar, de vomitar aquele sentimento. Foi apavorante vê-la tão retraída. Ela fica anos ali e ninguém entende por quê. Por que ela nunca melhora, por que ela nunca mais fala. Por que ela não reage.
Ela passou 85% do livro presa e eu fiquei presa junto dela. Eu queria que ela gritasse. Eu queria ela se libertasse... Isso foi insano. Eu senti a dor dela.
Apesar de toda angústia, mereceu as cinco estrelas.
"Naquela noite eu percebi algumas coisas sobre a vida. Às vezes a chuva era mais agradável do que o sol. Às vezes, a dor era mais gratificante que a cura. E às vezes as peças de um quebra-cabeça eram mas bonitas quando espalhadas."