Rasif

Rasif Marcelino Freire




Resenhas - Rasif


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Petê Rissatti 27/01/2009

Palavra que Arrebenta
O pernambucano Marcelino Freire, escritor e agitador cultural que vive em São Paulo desde 1991, me surpreendeu por dois motivos: um, é uma pessoa engraçadíssima, animada, cheia de energia e de litertatura nas veias. Isso pude comprovar na Oficina de Prática da Escrita - Narrativas Breves da qual participei no dia 29 último, conduzida pelo autor. O segundo motivo foi o seu último livro, uma coletânea de contos e narrativas breves intitulado Rasif: Mar que Arrebenta. Confesso que já tinha ouvido muito falar de Freire, tanto pelos seus textos como pela sua aptidão em revolucionar cenários culturais com iniciativas pra lá de bem-sucedidas, como foi a última Balada Literária. Mas nunca havia pegado pra ler um livro seu, prestado atenção em suas palavras, em seus escritos e por isso podia dizer que não conhecia nada de Marcelino. Rasif tem texto rápido, não por ser curto, mas por sua agilidade extrema, que nos transporta para aquele momento, aquele acontecimento. A ironia por vezes fina, por vezes escrachada de Freire, deságua em gays e amores explosivos, rezas modernas a orixás, carros destruidores de relacionamentos e papais-noel em fuga. Sente-se que cada palavra foi tratada com esmero, calculada para surpreender, incomodar, desconfortar e esse é um dos grandes trunfos de Marcelino: fazer daquilo que é de todos, a língua, uma experiência diferente.

Originalmente publicado em http://vermelhocarne.blogspot.com
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Vanessa Sousa 14/07/2021

Uma leitura incômoda
Admito que iniciei a leitura da obra com certa expectativa (pautada mais no ótimo trabalho gráfico do ilustrador Manu Maltez). Não conhecia o autor Marcelino Freire anteriormente, então não tinha parâmetros sobre o que esperar.
O que mais me chamou a atenção inicialmente sobre os contos foi a escrita rígida (um livro para se ler em voz alta), com MUITOS pontos finais. Tal fato, acredito, foi responsável pela demora para pegar o ritmo da leitura.

No que se refere ao conteúdo, é uma leitura incômoda. Com tons de ironia e discussões incomuns de temas sociais corriqueiros. As escolhas quanto às discussões, foram no mínimo ousadas, o que me parece ser uma marca do autor.

Pessoalmente a leitura não me alcançou a ponto de dizer que GOSTEI, porém achei uma leitura válida. Gostei de alguns contos específicos.

Compreendo que alguns termos poderiam ter sido melhor utilizados, no entanto, a data de publicação me previne do anacronismo.

Não recomendaria a leitura, mas recomendaria uma certa atenção à leitura.
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Andreia Santana 03/08/2016

Ciranda pernambucana
Rasif - mar que arrebenta navega entre a prosa, a prosa poética e a poesia impura, sem métricas ou rimas, mas em estado de enlevo. Os contos reunidos no livro falam do cotidiano, mas com uma aura de mistério e encanto raros, daqueles que só enxerga quem consegue erguer o véu do ordinário.

Amores fugidios, obsessivos, de perdição e desespero, ódios cheios de ternura, resignação e ironia, estão no centro das histórias curtas e imprecisas, com finais muitas vezes abruptos ou construídos como o clímax de um verso, os acordes finais de uma canção, uma brincadeira de roda meio alucinada.

Neste livro, não há respeito pela estrutura tradicional do conto. Trata-se de obra iconoclasta, contemporânea. As 17 histórias aqui reunidas passeiam por gêneros e formatos, sem se prender a regras e sem pretensões maiores... além daquela de ferver o sangue do leitor. E faz, e ferve!

O título Rasif revisita a gênese árabe do nome da capital de Pernambuco, Recife. As histórias fincam raízes nos primórdios não só da terra natal, mas do próprio autor, mas sempre com um olhar não linear, fora dos padrões, passional e ao mesmo tempo distante, sem saudade ou nostalgia, mas com um apego ora carinhoso, ora revoltado, às próprias origens.

Rasif me lembra outra leitura recente, também de autor pernambucano, Tangolomango - Ritual das paixões deste mundo, de Raimundo Carrero. No romance de Carrero, sobre o amor incestuoso de uma tia pelo sobrinho e deste sobrinho pela irmã, assim como nos contos de Marcelino Freire em Rasif, o tempo é diluído. E a paisagem do Recife, tal qual esse tempo impossível de medir, também é fluída, ora modorrenta, ora eletrizante.

Nos dois livros, o regente é o mesmo compasso de ciranda louca e meio visionária, um aspecto, creio eu, que é impossível descolar do espírito pernambucano, do modo de ser do povo daquelas bandas.

Rasif é intenso e ao mesmo tempo cálido, como o mar que se encrespa em ondas fortes a ponto de esculpir as rochas; ou aquieta-se na serenidade que espelha o céu.

site: https://mardehistorias.wordpress.com/
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CT dos Livros 06/03/2019

Rasif
"Por que não me deram asas? Tudo em mim é bailarino."
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Perguntinhas :
1 - Você gosta de contos e textos que conseguem ficar cravados na sua mente?
2 - Você gosta de literatura nacional?
3 - Você gosta de livro de boa qualidade, com artes lindas?
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Se sua resposta for sim para todas essas perguntas, só tenho uma coisa a te dizer: COMPRE ESSE LIVRO !
Uma escrita maravilhosa, extremamente moderno e cortante. Textos incríveis, afiados, frases marcantes.
Eu me apaixonei completamente por esse livro, e para mim ele foi uma grata surpresa.
Sem falar das gravuras do @manumaltez que abrilhantam esse livro. Elas são impactantes, desconcertantes e absurdamente lindas!!!
Nós do CT temos uma teoria: livro bom, é livro que mexe com sua cabeça, que fez você não conseguir esquecer aquele trecho, aquela parte. É livro que te deixa agonizando.
Esse livro me deixou assim em várias páginas por isso eu digo: é um bom livro.
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"Aquele primeiro sorriso,aberto. Um sol todo para mim."
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Avaliação: ★★★★✩


site: https://www.instagram.com/p/BqPjpnJAGfA/
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Aiphos 27/03/2023

Poesia que dói na alma
Adoro o modo como o autor aborda assuntos delicados e os retrata com certa avidez e a partir daquele que agride, atacando o comportamento do mesmo.
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Brenda Bernsau 16/01/2024

Impactante
Em muitos momentos da leitura, pensei que cada um dos contos poderia ser transformada num ótimo rap. Até temos enredos pra definir as obras como conto, mas elas são mais do que isso. Às vezes uma prosa poética, às vezes uma crônica poética, às vezes só poesia. Mas, como manda o conto, os finais são sempre impactantes. Aliás, acho que impactante é uma palavra que define bem a obra. Ágil, forte, visceral, marcante.
Destaco aqui: "da paz", "o meu homem-bomba", "roupa suja", "os atores", "amor cristão", "tupi-guarani"
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