Aninha Queiroz 23/06/2022
"Onde que existo que não existo em mim?"
"Dispersão" é nome da coletânea de 12 poemas geniais do modernista português Mario de Sá-Carneiro. De umas das maneiras mais sensível que já li, o autor trata de temas existencialistas que mais angustiam o homem. Adotando um tom decadentista o eu-lírico explora o vazio existencial e a noção de se perder em si mesmo, configurando-se como uma verdadeira auto análise da subconsciência. Ao leitor cabe a reflexão e identificação com os poemas, que apesar de curtos muito têm a dizer. Creio que seja possível traçar um paralelo entre estes poemas com os poemas decadentistas do heterônimo pessoano Álvaro de Campos, não só pela temática mas como também pelo teor digressivo das obras. Pessoalmente, meus poemas favoritos são "Quase", "Dispersão", "Escavação", "Como eu não possuo", "Vontade de dormir" e "Além-Tédio". Recomendo demais a leitura integral da obra.