mpettrus 04/06/2021
Cogito Ergo Sum
O Discurso do Método é fundamental para entendermos como Descartes filosofava. A questão do método é muito importante porque é o ponto de partida para entender o sistema cartesiano explicando seus modelos filosóficos e científicos. A obra foi dividida em seis partes para que o leitor conseguisse apreender melhor seu conteúdo sem fazer uma leitura excessivamente longa e cansativa.
Na primeira parte da obra, Descartes explica os fatos como uma experiência pessoal, autobiográfica, a história de um pensador que possa, talvez, inspirar outras pessoas. O autor se define como um indivíduo que aprendeu desde cedo a trilhar caminhos que o conduziram ao alto conhecimento, logrando êxito nessa jornada.
Na segunda parte do discurso, seu método é apresentado, constituindo-se de quatro preceitos fundamentais, que para mim, é o pilar de sua filosofia. O autor continua explicando mais sobre a origem de seu método, fazendo uma referência à sua juventude, à educação recebida em La Flèche e às disciplinas fundamentais que o ajudaram na sua formação intelectual. Aqui podemos notar o quanto para Descartes era importante que a ciência envolvesse todos os campos investigativos.
Na terceira parte, Descartes anuncia quatro máximas que serão capazes de lhe permitir uma moral provisória. Aqui ele apresenta um método que recomenda a dúvida como um ponto de partida, e corria um sério risco de ser acusado de subverter a ordem social, como acontecera com Galileu, por exemplo. Digo-lhes, que as três primeiras máximas revelam a total adesão de Descartes as convenções sociais e morais. E a última máxima, que é uma afirmação autobiográfica, também é a minha favorita, em que diz:
“[...] passar o resto da vida cultivando a razão e aprofundando-se no conhecimento da verdade”.
Na quarta parte, o filósofo revela por onde se deve começar a dúvida cética para, enfim, rejeitar tudo que é incerto. Posso duvidar do que penso e até mesmo das cadeias de raciocínios matemáticos. Mas, ao duvidar, reconheço o meu próprio pensar. Se tenho dúvida é porque penso e, se penso, é porque existo, ou seja: “Cogito Ergo sum”. Aqui, eu compreendo que uma verdade concebida por mim, segundo a minha opinião, é de fato um primeiro princípio universal, pois Deus, que é bondoso, não está me enganando. O que eu vejo, o que sinto, o que conheço são coisas verdadeiras, segundo esse princípio. Este pressuposto, é proveniente de uma dúvida.
A quinta parte, apresenta um resumo da obra Traité du Monde que era para ser publicada anteriormente ao Discurso, entretanto, devido a condenação de Galileu, em 1633, Descartes abandonou o projeto com medo de sofrer as mesmas represálias que Galileu sofrera de ter todos os seus escritos desaprovados e queimados. Uma curiosidade sobre esse livro é que ele só foi publicado depois de sua morte. A quinta parte da obra guarda o meu capítulo favorito, porque Descartes explica o movimento do coração que se comporta como matéria e movimento, pois, assim é a sua física.
Na sexta parte, o autor explica as razões que lhe levaram a publicar “O Discurso do Método”, além de oferecer uma introdução aos ensaios científicos que permitem a possibilidade de entendermos como aplica seu método analítico para resolver problemas físicos e matemáticos.