Victor Dantas 31/08/2020
Uma conclusão a altura.
Quando terminei a leitura de Corte Espinhos e Rosas em junho, não dei muita credibilidade a Sarah J Maas em fazer com que os próximos livros fossem me surpreender positivamente, e mostrar o potencial da trilogia que muitos comentam, afinal, não tinha me afeiçoado pelos personagens, nem o universo criado tinha me cativado.
Mas, estava errado. Ela conseguiu.
Em Corte de Névoa e Fúria a autora me conquistou, com os personagens, o universo, enfim, tudo que envolvia o mundo feérico. Mas, em Corte de Asas e Ruína, eu passei a me importar com a história, a criar teorias, a torcer para que tudo desse certo no final, a temer pela morte de algum dos meus personagens preferidos. E quando o final chegou, eu estava em lágrimas e me sentido órfão.
Quanto aos personagens:
O conflito que é iniciado no final do 2º livro, com o plot que ninguém esperava (pelo menos eu não) conseguiu sustentar o 3º livro e, ainda ir além. Personagens que apareceram pouco no 2º livro, ganharam o destaque no 3º, como Amren, Azriel, Cassian e Mor, e, personagens que até então só eram mencionados, finalmente deram as caras. Além disso, tivemos a presença das irmãs da Feyre, Elain e Netsha lidando com suas novas realidades.
Aliás sobre a Feyre, se você acha que ela teve uma evolução em Corte de Névoa e Fúria, em Corte de Asas e Ruínas, isso só se intensificou. O crescimento da protagonista é lindo de se acompanhar e, faz com que a gente fique apreensivo e torcendo ao mesmo tempo para que as decisões e ações dela sejam as mais assertivas possíveis.
Temos aqui uma Feyre estrategista, vingativa e destemida, o retorno dela para Corte Primaveril foi o gatilho que provocou essa mudança. Mas, não para por aí, afinal são mais de 600 páginas.
Quando volta para sua Corte Noturna, para o lado de Rhysand, seus amigos e sua família, a personalidade da Feyre é reconstruída de uma forma magnífica, diante das suas novas habilidades e sua posição na corte.
Do outro lado, temos o Rhysand, que segue sendo altruísta, dando a vida por seus amigos, ainda mais articulado e estrategista, mas que também impulsiona a Feyre a tomar suas próprias decisões, a se impor.
A parceria entre os dois foi a melhor coisa que aconteceu nessa trilogia (Estou errado? Acho que não hehe).
Em relação a Amren, Azriel, Cassian e Mor, só tenho que agradecer a Sarah ter dado mais espaço para eles na história. Pude conhecer um pouco mais da história dos quatro. Cada um teve um papel e uma importância nos eventos que aconteceram durante todo o livro. Uma equipe de fato. Amizade e lealdade na sua forma mais singela.
Uma menção honrosa para Lucien que também teve seu destaque, e sua evolução como personagem era tudo que eu vinha esperando.
Quanto as irmãs da Feyre, Elain e Netsha, confesso que assim como no primeiro livro, nesse também foi difícil criar empatia por elas, a todo momento eu queria sacudi-las e falar para elas deixarem de serem indiferentes, principalmente a Nestha. Mas, diante de tudo que aconteceu com elas no livro 2, eu dei um crédito e esperei pacientemente a Sarah me mostra a “melhora” delas. E apesar de isso ter acontecido nos capítulos finais, eu conseguir criar empatia por elas.
Foi muito interessante também conhecer pouco mais das outras Cortes, seus grã-senhores, suas qualidades, peculiaridades (Thesan e Helion, oi sumidos rsrs). Bem como, gostei de ver a Sarah expandido o universo e dando espaço para outros personagens como Dracon e Myriam, além de resgatar alguns “vilões” e inseri-los no conflito da Guerra como a Tecelã, o Entalhador de Ossos e o Suriel.
Por fim, fiquei grato pela Sarah ter inserido a representatividade LGBT na construção de alguns personagens, mesmo não tendo sido algo excepcional, era o que eu sentia falta no núcleo de personagens que ela criou. E afinal, toda expressão representativa é válida.
Quanto aos acontecimentos e os conflitos do livro:
A “mitologia” que envolve o caldeirão e a muralha foi finalmente explicada. Isso era algo que incomodava desde o livro 2, pois, eu não tinha me convencido ou comprado a ideia desse tratado e a forma como foi realizado.
A reação dos humanos também era algo eu que eu estava esperando, pois, a impressão que eu tive no livro 2 foi que eles ficaram muito passivos em relação ao conflito, felizmente, em Corte de Asas e Ruína, a Sarah deu voz a esse grupo, concomitantemente resolveu as pontas soltas que ficaram em relação as rainhas humanas e seus interesses.
E finalmente sobre a tão esperada Guerra, só posso dizer que adorei. O grande evento foi bem executado, uma batalha épica, cheia de ação, estratégias, embates e muito magia feérica.
O embate entre os féericos, humanos e hybern era o acontecimento que eu mais ansiava desde que comecei a leitura, e a Sarah conduziu tudo de forma positiva.
Por fim...
Os capítulos finais foram de prender o fôlego e soltar as lágrimas, pois eita livro que me fez chorar viu. O desfecho em si foi muito satisfatório, a Sarah conseguiu amarrar bem a história, os plots foram bem executados, e mesmo não sendo um livro totalmente perfeito (há ressalvas claro), foi um final que conseguiu sustentar toda a trilogia. Um final digno.