MaywormIsa 11/07/2022
Uma interpretação que você nunca viu: O primo do Norman Bates
Minha resenha será dividia em duas partes: uma será resenha sem spoilers e minha opinião sobre a leitura, na outra parte vou compartilhar uma interpretação que eu tive, CONTENDO spoilers.
PARTE 1
Frankenstein é um livro clássico, logo, muitas expectativas são criadas. A obra é curta, contando com aproximadamente 250 páginas a depender da edição que você possui.
A história é sobre um rapaz chamado Victor Frankenstein, nascido e criado na Suiça que cria um Monstro a partir de restos mortais e que a partir do momento em que a criatura ganha vida, inúmeras tragédias acontecem ao redor do cientista (maluco?) Victor Frankenstein.
A leitura não foi agradável, o personagem é muito dramático, muito prolixo, está sempre reclamando da vida, e é bem teatral! Eu não me identifiquei com ele e com a narrativa dele. O Monstro segue o mesmo padrão, e a história parece uma cebola, porque a cada encontro de personagens, a gente entra na história de uma história de uma história e isso foi cansativo demais, na minha opinião. Não teve foco na trama principal, ficou dando passeadinhas por histórias paralelas sem muito motivo pra ter existido.
PARTE 2 - ESSA CONTÉM SPOILER
Muita gente fala que o livro é sobre o Prometeu Moderno. Eu não enxerguei assim. Na minha interpretação, dado o que foi apresentado, o Monstro é a sombra do Victor, como se fosse ele, o primo do Norman Bates.
O Monstro é criado a partir de restos mortais, e é uma criatura enorme, pois as partes pequenas da construção do "eu" eram demasiadamente complexas para o Victor. Logo, o que é que está morto para ele? No começo, a vida do Victor é um comercial de margarina! Nada de ruim ou mau acontece com ele, está recluso em sua casa de campo, vivendo um conto de fadas até que a mãe morre e ele vai para a faculdade. O que está morto: a infância, a mãe, a vida no lar, a inocência etc.
Além disso, o Monstro é também uma forma de se rebelar contra um ambiente tão calmo, tão pacífico, tão....MONÓTONO. Eu penso que esse Jovem cheio de curiosidade sobre ciência e filosofia, começou a ter questionamentos sobre os "e se" da vida. A criação de um Monstro é a criação de uma parte de si onde podemos culpar quando queremos fazer algo que não temos coragem de assumir a culpa.
Quando o Monstro acorda ao lado do Victor, este sai correndo de casa MORRENDO DE MEDO e só volta quando o Monstro foi embora. Três anos depois, eles se reencontram pois o Monstro cometeu um assassinato. Ora ora, quando o reencontro acontece, a gente consegue ver muito bem no discurso do Monstro contando como foram aqueles 3 primeiros anos, o quanto de Victor existe nele mesmo, reforçando a minha interpretação de que o Monstro é o lado sombra do Victor.
Em dado momento, o Monstro diz algo como "Apesar de a vida ser um acumulo de angustias, ela é muito querida para mim" e suplica que seu criador, crie outra criatura para fazer companhia a ele, pois ele se sente solitário e incapaz de se inserir na sociedade, pela sua aparência monstruosa que só causa repulsa em quem quer que o veja de perto.
Assim que o Victor aceita criar uma Monstra e volta pra casa, o pai dele aborda o assunto de que deseja que Victor se case com a prima Elizabeth. ORA ORA QUE COINCIDÊNCIA NÃO?
E aí acontece uma reflexão interessante, que no meio da criação da Monstra, o Victor para no meio do caminho, pois teme que essa Monstra seja pior do que o Monstro, que não queira a companhia dele e no fim das contas, o Monstro continuará sozinho e pior: e se eles tiverem filhos e espalharem o mal pelo mundo?
Agora prestem atenção: quando o Monstro vê que o Victor quebrou a promessa de criar uma Monstra, ele diz algo como "Ah é? Então eu estarei presente na sua noite de casamento". Gente, essa pra mim foi a confirmação máster. Na noite de núpcias, o Monstro mata a recém casada Elizabeth.
Bem, claro que eu posso estar VIAJANDO, mas foi assim que entendi a história, e isso tornou tudo mais interessante do que me ater ao batido conto do Cientista maluco que queria ser Deus.