Naty__ 26/02/2018Ousado e incrívelNão é por mera coincidência que este livro é um dos mais comentados no momento. Seja pelas redes sociais, em blogs ou simplesmente por aí afora. Onde andei com ele foi motivo de comentários. No trajeto das minhas viagens ou simplesmente no meu trabalho (na sala de audiências), todos falavam que já ouviram falar desse livro ou que já viram na livraria e estavam bem ansiosos para lê-lo. Motivo? Acredito que o título dele responda muita coisa.
Não foi apenas o nome da obra que chamou a minha atenção, a capa foi a segunda coisa que me marcou bastante. Quando o vi no site da editora, no Skoob e em tantos outros lugares, eu estava na torcida para que a Editora Record enviasse um exemplar para mim. E não deu outra... Dias depois estava em minha mesa uma caixa com TRÊS livros, dentre eles, é claro, este aqui.
Com tantos processos conturbados que estamos vivenciando no mundo político, não me refiro apenas aqui no Brasil, esse livro nos passa uma ideia bem corajosa do autor em escrevê-lo e publicá-lo. É possível vislumbrarmos diversas referências (MUITO diretas) ao presidente americano, de comentários ridículos no Twitter a cenas de brigas entre policiais da imigração, assim também como os imigrantes que estão no país de forma ilegal. Uma das mais absurdas, porém, lamentavelmente acontece e que existe acusação contra Trump, é aquela em que presidente assedia mulheres. No livro temos o relato exatamente assim, pois o presidente coloca a mão no órgão genital de uma de suas funcionárias.
É impossível lermos este livro e não pensarmos em Trump. É impossível lermos esta obra e não pensarmos nos presidentes que já estiveram no poder aqui no Brasil. É impossível, simplesmente não dá. Ainda que o leitor não esteja constantemente por dentro das notícias, uma coisa ou outra todos acabarão fazendo referência a algum lugar ou a alguém.
Por todos esses motivos (e tantos outros) afirmo que Sam Bourne foi ousado em sua publicação, que muitas vezes poderão ser consideradas como provocações assíduas e diretíssimas. Para mim, não vejo isso como problema, até porque se passar pelas mãos do presidente não há, em nenhum momento, a menção de seu nome. Não há ferramentas plausíveis para o autor sofrer um processo ou qualquer coisa do tipo. Se eu fosse o autor e o presidente viesse falar poucas e boas para mim, é simples, eu diria algo como “se a carapuça te serviu...”
Foi muito inteligente de sua parte abordar tais temas, mas além desses contidos em nossa realidade, o autor trabalha diversos outros que ainda podem acontecer – vai lá saber. Ficamos apreensivos, afinal, qual a ideia de Sam Bourne ao leitor? Aparentemente, ele quer a nossa reflexão. Será que é correto, do ponto de vista tanto moral quanto ético, assassinar o presidente, apesar de todos os seus erros e de seu desejo de ordenar um ataque nuclear?
Quem acompanha o noticiário ou simplesmente estudou história na escola sabe que os Estados Unidos têm um currículo de deixar-nos de queixo caído com tantos atentados e assassinatos contra seus presidentes. E nesse caso, do livro, até mesmo da realidade, valeria a pena, do ponto de vista justo e legal, assassinar o presidente em virtude do que pode ocorrer no país? Vale a pena enfrentar um possível ataque nuclear para deixá-lo vivo?
E não deveríamos apenas falar aqui sobre esse ataque, afinal, o presidente ele é racista, xenofóbico, assediador e, obviamente, muito polêmico. Não apenas com a vida que leva, com os pensamentos pútridos que carrega, com a arrogância colada em seu peito, mas pelas asneiras postadas em seu Twitter, como se tudo o que ele faz já não fosse o bastante para aparecer e ser tachado como ridículo.
Um homem instável e inexperiente. Essa é a pessoa que acaba colocando em risco a vida de todos os americanos. Ele decide liberar todo o armamento nuclear do país, simplesmente porque se irritou com a fala do líder da Coreia do Norte em que critica o seu governo. Ah, gente... Se esse personagem surgisse na minha frente eu mesma faria questão de matá-lo. Somos alvo de crítica constantemente. Ninguém vai gostar da forma que usamos o cabelo, de como nos vestimos naquela manhã, da forma que somos dedicados (ou relaxados) em alguma coisa, assim como da maneira que trabalhamos – seja pela dedicação excessiva ou pelo relaxo total. Nem por isso vamos sair por aí querendo acabar com o mundo.
Os presidentes, os prefeitos e qualquer pessoa do meio político devem estar preparados para críticas. Elas vão existir sempre. Isso não é motivo para querer destruir tudo. É claro que a crítica que faço não é para o autor e nem para o livro, mas sim para o personagem, pois isso acontece. É o que passa na cabeça de muitos loucos por aí afora.
O livro, para mim, só teve um defeito. Aliás, eu nem sei se o chamaria assim, já que o meu ponto de vista foi um tanto quanto forte e ardente. O final não me agradou tanto quanto deveria, porém, acredito que entendo o autor por ter feito dessa forma. Ainda que eu tenha querido alterar, tenho a ideia de que talvez tenha sido melhor assim, como foi feito.
Sobre a edição:
A editora primou por fazer uma capa bem chamativa e ainda é possível sentirmos o relevo na fonte tanto no título quanto no nome do autor. A diagramação é bem simples, porém, confortável. Suas folhas são amareladas e o espaçamento entre as linhas, assim como o tamanho da fonte, proporcionam uma leitura agradável.
site:
http://www.revelandosentimentos.com.br/2018/02/resenha-matem-o-presidente.html