Luan 21/03/2019
"É um livro com resposta clara a ideias nada democráticas de muitos poderosos."
Uma guerra americana é, sem dúvida, o melhor e mais real retrato de como uma guerra pode terminar. Não é sobre o lado que vence e o que perde. É sobre como as pessoas são afetadas. E é sobre a ruína que ela causa. Porque, assim como diz a contracapa, o livro não é sobre guerra, é sobre ruína. E este objetivo o autor Omar El Akkad alcançou sem dúvida alguma. Mas o caminho para chegar até lá teve alguns percalços.
Uma guerra americana narra a história da família Chestnut e da pequena Sarat, uma das filhas da família. Ela será moldada pela guerra e se tornará um das maiores figuradas desta batalha entre o norte e o sul dos Estados Unidos. O livro se passa ao longo de cerca de 20 anos, mas o foco é alguns anos depois de 2075, 2081, quando a guerra por combustíveis fosseis já escassos explode e ela se torna uma das combatentes. Vivendo em um campo de concentração, a família vai sentir na pele as consequências de uma guerra.
O livro me afetou de várias formas. É preciso, acima de tudo, dizer que ele tem uma mensagem poderosa. Forte. Mas é preciso também dizer que a forma como ele foi contado e, especialmente, o início dele, afetaram a minha experiência. A primeira metade, enquanto o autor narra a história da família, é bastante lenta, enfadonha, não parece ter uma história. É só quando eles se mudam para o campo de concentração de refugiados e que Sarat se torna a protagonista que é que o livro cresce e passa a se tornar a elogiada obra que é.
O autor é um jornalista que por anos cobriu guerras no oriente. Tem experiência para escrever sobre o assunto e construiu uma história muito plausível. Tudo que ele contava soava muito real. Palpável. A escrita dele também é bem precisa e não deixa a desejar em nenhum momento, principalmente no que diz respeito a diálogos. Os personagens por ele criados são fortes, e todos tem muita personalidade. Não são rasos. São reais e conseguem transmitir essa verdade.
São muitos os elogios, especialmente pela forma que o livro foi crescendo até o ápice final, que foi bastante coerente. Mas todos esses elogios não são suficientes para apagar os problemas que encontrei. O início foi muito problemático para mim. Ele se fez necessário pra criar um laço com o leitor para o que estava por vir. Mas acredito que a história em si demorou muito para acontecer. E quando aconteceu, foi rápido demais. Quando Sarat está no meio da guerra, a história pareceu corrida. Era ali que merecia ser aprofundada mais, contando mais detalhes. Mas não aconteceu.
Enfim. Uma guerra americana é um livro que eu indico para todos lerem. O conjunto da obra é muito bom. A mensagem trazida pelo autor sobre o que representa uma guerra é poderosa. É uma resposta clara a ideias nada democráticas de muitos poderosos. É uma analogia à nossa realidade. Notadamente, é um livro em que a mensagem é melhor e mais clara do que a forma como a história dele é contada. Para mim, faltou algo nesse miolo. Não sei exatamente o que é. Mas de forma alguma isso afetou o todo. É um livro que, com certeza, me impactou.