Novelas Trágicas

Novelas Trágicas Marquês de Sade




Resenhas - Novelas Trágicas


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Carol 13/02/2020

Impressões da Carol
Lido: Novelas Trágicas {1787-1788}
Autor: Marquês de Sade {França,1740-1814}
Tradução: André Luiz Barros
Editora: Carambaia
328p.

Donatien Alphonse François de Sade, o Marquês de Sade, possui uma fama que o precede e excede o âmbito literário.

Aristocrata libertino e controverso para os padrões morais de sua época - e sejamos sinceros, para os padrões atuais idem - Sade acreditava que a natureza humana é má. Sua literatura é permeada por crimes e pelo desejo, sem amarras.

Reabilitado por intelectuais e artistas do século XX, hoje, há quem o considere, por seus escritos acerca da sexualidade, precursor da psicanálise de Freud.

Passando um terço de sua vida preso, o Marquês já era um habitué da Bastilha. Ele conseguiu ser perseguido pela monarquia, pelos revolucionários franceses e por Napoleão. Uma unanimidade!

Os textos destas cinco novelas foram escritos durante uma temporada no hospício de Charenton. Até por isso, temos um Sade mais comportado e moralista. Ele pretendia firmar-se como um autor sério e evitar que ligassem seu nome a textos que circulavam, à época, sem autoria. Que, ao fim e ao cabo, eram dele mesmo.

Um Sade comportado, mas não menos perverso. Não há, em "Novelas Trágicas", descrições de cenas de sexo, tortura ou estupro, porém, tudo está implícito. Para que cada novela tivesse uma lição de moral, Sade criou personagens crédulos, ingênuos demais. É preciso suspensão de descrença para mergulhar nas histórias.

As duas novelas que mais me interessaram foram 'Florville e Courval' e 'Eugénie de Franval'. O ensaio "Reflexões sobre os romances", acrescido nesta edição, demonstra todo o conhecimento erudito do Marquês, que analisa um gênero que se popularizava cada vez mais.

Em suma. Mais uma edição belíssima da @carambaia, que discutiu, em janeiro, "Novelas Trágicas", em seu clube do livro. O vídeo está disponível no facebook da editora, para quem deseja mais informações. A temática do erotismo não me agrada tanto, ainda assim, gostei de ter lido essa outra face do Marquês.
Donilde 13/02/2020minha estante
Há tempos quero ler os livros de Sade.. Por curiosidade pelo que falam dele


Carol 13/02/2020minha estante
É um autor interessante de ser lido, pelos limites que ele extrapola na ficção - você não consegue ser um leitor passivo lendo Sade, ele incomoda, é desagradável. Mas indico ler os 120 dias de Sodoma, que é sua obra mais conhecida. Novelas Trágicas é um texto atípico.




Pandora 24/01/2020

É a primeira vez que leio algo do Sade. Não me interessei antes em ler os ditos livros libidinosos e hoje em dia menos ainda. Mas este Novelas Trágicas é muito bom! Pensa em gente inocente: tem; pensa em gente perdida: tem também!

Estes textos foram escritos numa das vezes em que Sade esteve na prisão da Bastilha (ele foi preso inúmeras vezes) e segundo texto no site da editora, “Ao que tudo indica, Sade escreveu essas novelas em busca de reconhecimento literário e para tentar convencer seus leitores de que não era o autor de livros obscenos que circulavam clandestinamente e sem assinatura.” O problema é que Sade não sabia deixar de ser Sade.

Embora nos contos, na luta entre os virtuosos e os degenerados, o autor nos faça, ironicamente, torcer pelos bons, não os poupa de tristezas, injustiças e infortúnios. Sente-se o prazer que obtém em prolongar o sofrimento dos personagens e torturar os leitores, em especial nos dois últimos textos, os mais longos. Tudo é superlativo: o amor, a violência - principalmente psicológica -, a maldade, o sacrifício, a religiosidade, a servidão, o perdão. Foi dificílimo chegar ao fim da última narrativa, de tanta raiva que senti. Em alguns momentos, a abnegação dos personagens é tão desproporcional que causa mais espanto do que as maldades infligidas a eles.

É tragédia pura, meus caros! O senhor Marquês foi habilíssimo em provocar nos leitores todo o tipo de sentimento. Impossível sair desta ileso.

1. Faxelange ou os danos da ambição - Uma família de poucas posses investe tudo na boa instrução e talentos da filha visando um casamento vantajoso.
2. Florville e Courval ou o fatalismo - Abandonado pela esposa do primeiro casamento, Courval faz a corte à Florville, mas ela só aceita casar-se, após ele conhecer toda a sua história.
3. Laurence e Antonio, novela italiana - Um homem sem escrúpulos faz de tudo para denegrir a imagem de sua nora aos olhos do filho.
4. Ernestine - Dois jovens enamorados sofrem com os ciúmes e intrigas que visam separá-los para sempre.
5. Eugénie de Franval - Para herdar a fortuna do tio, Franval cumpre a condição imposta por ele e se casa. Mas quando sua filha nasce, ele a separa da mãe com objetivos repugnantes.

Há também um ensaio de Sade, Reflexões sobre os romances e posfácio do tradutor André Luiz Barros.

O projeto gráfico é lindo. O livro vem com uma luva plástica vermelha que permite esconder certos detalhes das ilustrações conforme é aplicada. Segundo explicação da editora, “a ideia foi explorar um traço comum às cinco novelas aqui reunidas: no esforço de tentar se distanciar da pecha de autor libertino, Marquês de Sade cria histórias que - aparentemente - exaltam a virtude e a moral. Porém, ao longo da leitura, revela-se outra realidade, na qual é impossível dissociar o bem do mal”.
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Cris 06/03/2020

Para uma primeira impressão de Sade, digamos, começamos bem.
Esta edição primorosa da Carambaia trouxe cinco contos mais ?leves?, mas que causam certo impacto ao leitor. Aqui temos um Sade mais comportado, mas nem por isso menos perverso. À medida que se lê os contos, que se adentra cada vez mais em sua mente e se vai captando suas narrativas, certamente o pensamento que vem à mente é: ?será mesmo possível??.
Bem, certamente, são cinco contos devastadores que valem a pena e fazem pensar sobre as relações humanas (ou inumanas), inclusive sobre o fato de existir pessoas que são capazes de tudo. E quando digo tudo, quero dizer tudo mesmo!
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Felipe Philipp 07/08/2020

Diferente...
A Carambaia optou por mostrar um lado "mais socialmente aceito" pela sociedade do autor Sade... E essa proposta funcionou! Realmente adorei a ideia, eu não fazia a menor ideia desse lado do nosso querido autor sardônico.
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