Ludmila.Andrade 21/11/2020
O castelo, Franz Kafka
Último romance, escrito em 1922, também inacabado como o processo, este apresenta K. como personagem principal. Um agrimensor chamado para trabalhar num determinado castelo. Ao chegar ao vilarejo próximo do castelo, K. se depara com uma série de acontecimentos que o impedem o acesso as instâncias superiores e ao cumprimento de sua função.
Poder, vigilância, controle. Contradições. Mal estar.
Fica nítida a sensação de não pertencimento, e vamos inevitavelmente pensando nele, autor, enquanto sujeito, criando uma expectativa de olhar autobiográfico para sua obra.
A impressão que tenho é que a construção de sua obra era permeada pelo despertar, trazer a consciência, problematizar as introjeções. As interdições do eu para viver socialmente.
Os embates do indivíduo na esfera pública. Institucionalização do pensamento tosco, personagens acríticos que mantém a ordem pré estabelecida. A ambiguidade da lei.
A burocracia.
Possivelmente, a alegorização da clausura do eu numa situação traumática de sua existência. O castelo como o objeto do desejo inacessível, inconsciente. E o vilarejo como espaço do looping infinito, onde os conteúdos se manifestam conscientemente no eterno retorno do recalcado. Talvez.
Kafka não foi uma boa escolha neste momento. Talvez não haja momento adequado para se ler Kafka.