Malu 09/05/2019
Leitura obrigatória para os amantes de História
Guerra e Paz, de Tolstói. Primeiro vem a guerra, depois vem a paz, de Leão Destrói como disse Charlie Brown, rsrs.
Brincadeiras à parte, esse livro não é para leitores amadores. É um livro de 2528 páginas que descreve em detalhes um período de guerra, em especial a invasão da Rússia por Napoleão Bonaparte, e o reflexo desse cenário na sociedade russa. O livro alterna entre Guerra e Paz durante os anos de 1805~1813. E o que me chamou mais atenção foi a humanização desses personagens históricos como Napoleão Bonaparte, que é descrito como um homem extremamente vaidoso.
Em relação aos personagens principais, nenhum me deixou marcas e saudade. Não me apaixonei por nenhum personagem. Mas, entendo que isso foi proposital, pois como já é sabido, não se trata de um romance. Tolstói tinha o propósito de narrar um momento histórico, e não criar personagens fictícios. Contudo, ainda assim, são personagens ricos, com falhas e incertezas, como todos nós.
Amo a literatura russa, tanto Tolstói como Dostoiévski, retrata em detalhes as relações humanas da sociedade russa. Em Guerra e Paz, o livro acompanha a história de cinco famílias em meio ao cenário de guerra. As transformações, decadência e amadurecimento de cada um.
Ler esse livro é como ser um expectador de uma guerra, in loco, e com a capacidade de adentrar na mente e alma daqueles que guerreiam, como também de suas famílias. Compartilhar a dor dessa realidade que foi vivida de fato. Sentir a emoção, a excitação, o medo e hesitação. A vontade de ser herói, o orgulho, vaidade. Todos esses questionamentos na alma desses personagens enriquecem imensamente a obra.
Uma passagem em especial me tocou bastante: o momento em que o Andrei olha para o céu em meio à guerra e admira a beleza da natureza, e por um breve instante esquece que está vivendo aquela realidade tão brutal, e sente uma paz inundar sua alma. É uma cena realmente linda.
Não é uma leitura fácil, pelo menos não foi para mim, porque em muitos momentos Tolstói detalha de uma forma tão minuciosa que parece dar diversas voltas em um só ponto. É um livro que você precisa estar com a mente tranquila e focada para acompanhar. Um exemplo dessa dificuldade é a seguinte: como o livro alterna entre Guerra e Paz, em um momento estamos acompanhamento um desenrolar de uma história que é interrompida pela narração de uma batalha. Muitas páginas depois, retorna àquela narrativa, e outras vezes com pouca importância, o que dá uma sensação que não houve um desfecho, ou que aquilo se tornou insignificante frente a algo tão maior.
Mas todo esse detalhe e estilo de narrativa enriquece a obra. Um exemplo disso foi a descrição de uma caçada, que levou muitas páginas. Ao final da caçada, eles foram à casa do tio em que foi servido um café com pãezinhos quentes. Eu estava tão cansada daquela longa caçada que cheguei a sentir o prazer de finalmente descansar, e juro que quase pude sentir o cheiro do café e do pão. Sempre vi essas cenas de caça nos filmes de época, e me chamava atenção. É comum nos castelos haver um espaço para caça. E, depois de ler Guerra e Paz, essas cenas passaram a ter mais significado do que uma simples cena. É quase uma guerra, uma guerra de vaidades e de poder.
Gostei bastante do livro, mas admito que a leitura do epílogo foi bem cansativa. E estou ansiosa para ler outras obras de Tolstói. A próxima será o romance Anna Karenina.
Hoje, meu escritor russo preferido ainda é Dostoiévski. Mas Guerra e Paz de Tolstói é uma obra rica e intensa. Portanto, eu indico fortemente a leitura, principalmente para os amantes de História.