Lanceiros Negros

Lanceiros Negros Geraldo Hasse...




Resenhas - Lanceiros Negros


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JPHoppe 08/04/2020

A História é muito interessante. Por um lado, os fatos e acontecimentos são um só. Por outro, eles podem ser reconstruídos e interpretados de uma miríade de formas diferentes. E, como diz o ditado popular, "a história é escrita pelos vencedores".

Os lanceiros negros são talvez o componente mais desconhecido da Guerra dos Farrapos, também conhecida como Revolução Farroupilha, um entre vários movimentos separatistas do Brasil Império, este com o Rio Grande do Sul como protagonista. Nomes como Garibaldi, Bento Gonçalves e o Barão de Caxias (futuramente Duque) são muito conhecidos, se não nacionalmente, ao menos para os gaúchos. Que papel eles tiveram?

Um corpo de lanceiros negros não era exclusividade do exército dos Farrapos. O próprio Império possuía força semelhante. A diferença é que os últimos eram escravos, enquanto os lanceiros negros da recém fundada República Rio-Grandense estavam lutando pela sua liberdade. A nova república tinha, pelo menos intencionalmente, um caráter abolicionista. Tratava-se de um conjunto de homens que lutavam no lombo de cavalos, munidos de lanças e uma determinação muito temida por seus inimigos. E a questão da sua liberdade - e de outros negros - foi o epicentro do Massacre de Porongos.

Apesar do caráter abolicionista, a República Rio-Grandense nunca a efetivou. Era potencialmente muito prejudicial à economia. O próprio Bento Gonçalves morreu com escravos, e os deixou em seu testamento como propriedade. Mesmo apenas prometida, era um ponto de discordância entre a República e o Império do Brasil. O Barão de Caxias interviu, uma carta foi enviada para os nomes certos, e todo o grupo de lanceiros negros foi emboscado no cerro de Porongos. O número de mortes varia entre 100 a 800. Centenas de homens foram mortos sem armas nas mãos: um massacre.

Sem os lanceiros, não havia então questão nenhuma pendente para o Império sobre qualquer abolicionista. Anistia aos demais envolvidos, e a República Rio-Grandense tem seu fim, reintegrada ao Império do Brasil.

A historiografia brasileira registra Canabarro como um grande líder, e o Duque de Caxias herói nacional, inclusive patrono do Exército Brasileiro. O que pesquisas apontam, no entanto, é que houve uma Traição em Porongos. Ambos conspiraram para emboscar os negros e, assim, "resolver o problema" do abolicionismo. Claro, é uma questão difícil de ser aceita por todos. Os documentos são escassos por natureza, afinal a própria capital da República Rio-Grandense mudou várias vezes no curto período de sua existência. A carta que documenta a traição é acusada de ser forjada.

Qualquer que seja a história real, é fato que houve um massacre, visando especificamente um povo, marcado pela cor de sua pele. Escravos, não eram pessoas. Eram propriedade. É muito importante que aqueles que resistiram, que lutaram pela sua liberdade, não sejam esquecidos.
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Natali Pacheco 25/04/2024

Que leitura importante!!!!! Devia ser obrigatório em todas as escolas do RS. Que a memória do povo negro do Sul seja resgatada e valorizada cada vez mais.
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