Candido Neto 01/01/2023Não deu tempo daquele café.Uma pessoa maravilhosa a quem eu aprendi a respeitar, querer estar perto e gostar me indicou esse livro. Disse que eu precisava ler, tínhamos de conversar sobre ele, ia me dar um quentinho no coração. Me convidou para um café se eu lesse. Mentia, não sobre o livro, sobre o café, me iludia que ia à cafeteria.
Ela mentia que tomaria café comigo. Eu fingia por fé.
Chorei exatas dezessete vezes, fui jogado das memórias do narrador às minhas tantas vezes, da família dele à minha amiúde.
Não vou poder tomar aquele café tão cedo, hoje essa amiga é uma saudade dolorosa e gostosa, assim misturado mesmo. E a saudade no singular, e a família dela é também a minha. Como diz o protagonista, família somos todos nós.
Querida, espero que demore, mas tenho tanto a te dizer, sobre os cem anos dessa família e sobre as nossas, sobre enterros e nascimentos, casamentos com pessoas novas na casa e brigas entre irmãos, sobre retornos, promessas, apostas, teimosias, arroz e café.
Ps. Que falta de sua voz. Mande um oi por sonhos.