labbacchio 29/12/2021
We can stop swimming now, Lily. We finally reached the shore
Nossa, que livro incrível.
Sinceramente, passei a última hora pensando em como escrever essa resenha, mas ainda não tenho ideia. Na verdade, cheguei a passar uma hora e meia falando tudo que acontecia no livro para minha mãe pra ver se eu conseguia digerir tudo melhor. No entanto, continuo não tendo a mínima ideia de como expressar o quão marcante e necessário é É Assim Que Acaba.
O livro não conta só com críticas sociais incríveis, importantes e necessárias, como também com um ótimo desenvolvimento e personagens super envolventes. E, honestamente, eu poderia falar só isso, mas resumir um livro tão intenso em umas 100 palavras não seria certo.
Bem, acho que o melhor jeito de comentar sobre esse livro é dividindo minha opinião em pontos, de forma que eu possa falar detalhadamente de cada ponto ? é provável que essa resenha fique enorme (venho do futuro para dizer que ficou mesmo), mas, no momento atual, vou focar apenas em escrever.
Primeiro ponto: críticas sociais incríveis. Eu não costumo colocar a questão das críticas sociais já no primeiro ponto, mas dessa vez acho necessário. É Assim Que Acaba dá grande foco às questões da violência doméstica e do relacionamento abusivo, e nos faz ver e sentir exatamente o que muitas mulheres ? e homens também, é claro, mas todos sabemos que para mulheres a porcentagem de casos é muito maior ? nessas situações passam. A forma que o livro aborda toda a questão do relacionamento abusivo é extremamente realista ? o que inclusive gerou muita polêmica, pois dizem que a autora "romantizou" o relacionamento abusivo (no meu ver, gente que não sabe interpretar) ?, e a maneira que a autora colocou tudo aquilo em palavras me fez, de alguma forma, sentir do mesmo modo que a personagem se sentia. Ademais, o livro também contém uma grande crítica relacionada ao abandono, e pode-se dizer que essa é tão importante quanto as outras.
Segundo ponto: ótimo desenvolvimento. O livro conta com um ótimo desenvolvimento em, literalmente, todos os sentidos; não só as relações entre os personagens foram perfeitamente bem desenvolvidas, como também toda a história tem um desenvolvimento impecável. Ademais, além de ser muito bem desenvolvido, enquanto você lê parece que está realmente lendo sobre um caso real. Quando digo que o livro foi otimamente desenvolvido, quero dizer que absolutamente tudo que li foi realista ao extremo; e eu adorei isso.
Terceiro ponto: personagens envolventes. Cara, enquanto eu lia o livro, era como se eu tivesse vivendo exatamente o que os personagens viviam. Eu chorava quando choravam, sorria quando sorriam e sofria quando sofriam. Cada um deles, todos tinham um toque de realidade tão intenso que me fez conseguir imaginar a mim mesma em todas as situações que se passavam.
Quarto ponto: escrita impecável. Nossa, a forma que Colleen colocou tudo aquilo em palavras foi simplesmente magnífica. A escrita não só me envolveu muito, como também me prendeu do começo ao fim. Sendo bem sincera, durante esse livro eu cheguei num ponto que estava tão mal que não conseguia ler mais de 30 páginas por hora, mas ainda assim não conseguia fazer pausas longas porque queria logo continuar lendo. Acabei em uma madrugada, mas acabei com 87 traumas diferentes.
Quinto ponto: um ótimo final. Sendo bem honesta, quando estavam faltando umas 30 páginas para acabar o livro, achei que o final seria ruim ou mal desenvolvido; mas não foi ? nem de longe, na verdade. Não via como toda aquela situação poderia se resolver em tão pouco tempo, mas se resolveu. E não, não foi resolvido de maneira superficial e vazia, tudo foi extremamente realista, bem desenvolvido e plausível. Simplesmente perfeito.
Outrossim, devo deixar claro que o livro contém muitos gatilhos, e se você não tiver um psicológico estável ? não que eu tenha, mas ok ?, sugiro que pense duas vezes antes de ler. Como eu falei anteriormente, o livro trata de toda a questão do relacionamento abusivo de forma muito realista, e em certos momentos chega a ser até difícil de ler de tão intensa que é a situação.
Sobre recomendação, sim, eu, definitivamente, recomendo. No entanto, é como eu disse nesse último parágrafo: É Assim Que Acaba contém muitos gatilhos. Todavia, realmente acho que vale muito a pena ler. A leitura é rápida e fluida, e os temas abordados são extremamente importantes e necessários, então quanto mais gente ler, mais visibilidade estaremos dando às causas.
Agora que "acabei" minha resenha, gostaria de expressar minhas opiniões "polêmicas" em relação ao livro. Logo, tudo após esse parágrafo provavelmente irá conter ??SPOILERS?? ? colocando assim só pra deixar bem claro ??.
Uau, nem sei por onde começar essa parte.
Ok, acho que, de início, vou falar sobre toda a questão com Ryle. Enquanto postava meus comentários aqui no Skoob, vi pessoas comentando coisas do tipo "Filho da put*" ou "Ele é um nojento" ? inclusive, eu já tinha previsto que ele iria agredir Lily, mas gente, cuidado com os spoilers nos comentários ? e, honestamente, não concordo com isso. Quero logo esclarecer que, não, não estou passando pano para os atos dele, mas não acho que seja uma má pessoa ? na verdade, acho que quem acha isso leu o livro com o c* (perdão, sou péssima com imparcialidade). Não estou dizendo que isso é uma desculpa para as agressões, jamais diria isso, mas o que aconteceu com Ryle quando era pequeno realmente destrói o psicológico de alguém ? na verdade, já vi gente que, em casos menos extremos, mal conseguem viver uma vida normal. Para todos que já leram, vocês viram como Ryle mudava. Quando se estressava, ele *literalmente* perdia a cabeça, era como se perdesse totalmente a razão e a noção do que fazia. Traumas fazem isso com as pessoas. Dizer que Ryle não é uma má pessoa não é dizer que aprovo o relacionamento dele com Lily ? literalmente, eu nunca, jamais mesmo, aprovaria aquilo ?, mas isso também não quer dizer que acho que ele seja a pior pessoa do mundo. Sim, ele fez coisas horríveis, porém tudo que eu tenho a dizer é que ele precisa ir regularmente para um psiquiatra ? e, provavelmente, também deve precisar de vários medicamentos.
Sobre a decisão de Lily de deixar Ryle continuar vendo Emerson ? inclusive, que nome viu, que nome ?, vi muita gente criticando a autora por isso, mas tenho duas coisas a comentar. Primeiro: lindos, vocês são burros ou não leram a nota da autora? Porque se alguém leu a nota e diz isso, puta merda, viu ???. Segundo: é exatamente o que falei no parágrafo anterior: Ryle não é uma má pessoa ? inclusive, fun fact, defendendo assim parece que amo o Ryle, mas não gosto muito dele não [lê-se: eu o odeio] ? (no entanto, não gosto por questões de personalidade [e porque acompanhei toda a relação dele com a Lily, óbvio, mesmo não o achando uma má pessoa não o perdoei], nunca fui com a cara dele, sabe?) ?, apenas faltou umas sessões na terapia. Claro que, eu não confiaria 100% nele sozinho com Emerson ? não sem estar fazendo terapia, pelo menos ?, porque se ele perdesse novamente a cabeça não sei do que seria capaz. Todavia, privá-lo da filha também não me parece certo; ele pode ter sido o pior marido do mundo, mas isso não significa que seria um pai ruim ? falando assim pareço meio babaca, mas se você leu a nota da Colleen entende o que quero dizer.
Ok, agora a questão do relacionamento de Atlas e Lily na adolescência ? sim, vi gente problematizando isso também. Sim, Atlas tinha 18 anos e Lily tinha 15, mas 1) não, não é crime, galerinha do TikTok que acha que entende das leis ? e sim, sei que a idade consensual nos EUA varia entre 16 e 18, mas isso é em casos de relações sexuais *com penetração*, e quando isso ocorreu Lily já havia feito 16 (e, gente, Atlas tinha 18, não 45). 2) Cara, teve o contexto. Se você é uma daquelas pessoas que leu e mesmo com todo contexto continua metendo o pau em Atlas e o chamando de pedófilo em plena internet, simplesmente não consigo compreender o que caralhos se passa na sua cabeça ? acho que to ofendendo muita gente nessa resenha, mas, sendo bem honesta, não dou a mínima ?. Olha, sinceramente, não sou a pessoa que mais concorda com relacionamentos em que há certa diferença de idade, porque em muitos casos realmente tem a questão da falta de maturidade por parte de ambos. Entretanto, não acho que isso aconteceu no relacionamento de Atlas e Lily. Sim, pode-se dizer que Lily era levemente imatura, mas Atlas nunca fez nada que não tivesse total certeza que era certo. E, honestamente, se Atlas está de um lado, eu estou desse lado ?.
Hm, além dessas polêmicas que citei, ainda tem aquela do "O livro romantizou o relacionamento abusivo!!!". Todavia, no caso dessa eu nem tenho paciência para argumentar. Se você acha isso, sinto dizer, mas você é burro pra cacete.
Bem, foi isso. Gostaria de parabenizar todos os que leram até aqui, porque eu não sei se teria tido tanta paciência.