Cinzas do Norte

Cinzas do Norte Milton Hatoum




Resenhas - Cinzas do Norte


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tguedes2 14/02/2021

Emocionante.
Difícil resenhar um livro tão complexo. Não por ser um livro difícil, mas por despertar tantas reflexões e sensações no leitor.

"Cinzas do Norte" é sobretudo um drama familiar. Toda uma complexidade de relações humanas são desenvolvidas por Hatoum, em um cenário social repleto de violência, miséria, torturas e mortes.

Lavo, narrador da história, é um mero coadjuvante que acompanha o desenrolar dos acontecimentos na vida de seu amigo, Mundo. Desprezado pelo pai, Mundo alimenta o sonho de ser artista e dentro dele cresce uma revolta pela sua própria vida, pela hipocrisia e desigualdades sociais reforçadas pela elite de Manaus e pelo governo dos militares, muitos dos quais amigos de seu pai.

O lado revolucionário de Mundo é explorado por Hatoum, mostrando como a "subversão" em um Estado de Exceção pode ser fatal.

A leitura é fluída, bem desenvolvida e cortada por fragmentos de escritos do personagem Ranulfo, tio do Lavo, o que dá mais profundidade ao passado e presente das personagens.

Milton Hatoum foi um achado. Ansiosa para ler outras obras dele.
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afarialima 05/03/2021

Com uma escrita muito fluída e que estimula a ler várias páginas por dia, o livre nos aproxima um pouco de Manaus, da Floresta Amazônica e mostra as marcas da Ditadura Militar numa família e numa cidade.
Cada descrição de paisagem dá mais vontade de estar no Norte do Brasil
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Sander.Garcia 15/04/2021

Descobrindo Hatoum
Cinzas do Norte representa minha descoberta desse incrível autor. Em uma trama muito bem construída, já me deparo com os apelidos (inéditos pra mim) dos dois principais personagens: Lavo (Olavo) e Mundo (Raimundo). É uma história forte, cheia de tensão, que se passa em uma Manaus de tempos atrás, mas é uma história recente. O palavreado, alguns locais, e acontecimentos podem pedir do leitor um certo conhecimento com o jeito amazônida de ser. Mas não é impedimento para compreender desenrolar da história, que também nos faz viajar ao Rio De Janeiro.
Mal posso esperar para ler "Dois irmãos" e "Relatos de um certo oriente", que já me aguardam na fila.
Hatoum virou parada obrigatória pra mim.
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AndrAa106 26/04/2021

Impressionada
Relação conflituosa de pais e filho ambientado na Manaus dos anos 70 tendo a ditadura, tempo obscuro da história do país até hoje, como pano de fundo. Conhecendo partes dos Brasil esquecida pela literatura.
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Nina 28/04/2021

Achei um livro um pouco cansativo. Enrola muito para chegar em um ponto.
De positivo gostei muito do espaço em que a história se passa, e acho que autor escreve muito bem.
Mas a história em si, não me prendeu.
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mpettrus 29/05/2021

A Tragicidade de Cinzas do Norte
O romance de Milton Hatoum, Cinzas do Norte, foi meu primeiro contato com a obra desse escritor amazonense. E de imediato, senti uma identificação com o universo ficcional por ele explorado. E foi uma identificação afetiva, pois sua investida pelo espaço amazônico e pela cultura vivenciada, com todas as nuances sensoriais trabalhadas na memória de seus narradores, lembrou a minha própria vivência.

No universo literário desse romance, o elemento mais importante é a memória, a origem de toda a sua narrativa. Muito interessante que Hatoum, o autor, trabalha uma simbiose de memórias com as memórias dos narradores do romance, pois ao mesmo tempo que faz um trabalho do uso de memória pessoal, a narrativa também é trabalhada a partir da memória do narrador, realizando um curioso duplo movimento dentro da narração. E dentro dessa gôndola, Hatoum fala de identidade, aspecto cultural, entre lugar, memórias, ruínas e cinzas.

Manaus é o espaço privilegiado desse romance. Muito interessante que Hatoum nos apresenta a capital amazonense como uma personagem passiva que, como seus moradores, é espoliada e sofre com as mudanças econômicas e com a devastação urbana e florestal provocada pela ambição colonizadora de empresários estrangeiros e brasileiros com as bênçãos do governo militar, contexto da história se passa no período da Ditadura Militar, onde esse regime denuncia uma decadência galopante.

Os dramas familiares, conflitos conjugais, adultérios compõe todo o tecido do romance. E para completar todo o enredo, Hatoum nos entregou personagens terrivelmente carismáticos e emblemáticos. O narrador principal do romance é Olavo, que acompanha à distância os passos do seu melhor, Raimundo Mattoso, que envia cartas e lhe confidencia toda a sua angústia diante da vida familiar e descontentamento com o pai. É interessante ressaltar que além de Olavo, temos ainda a narração do personagem Ranulfo. Os narradores de Cinzas deambulam por fronteiras construindo suas narrativas através de fragmentos, de restos, lembranças e suas observações pessoais do mundo. Mas o narrador principal, Olavo é quem recolhe todos esses relatos para compor a história de seu melhor amigo, e, por conseguinte, compor o próprio enredo da história como um todo.

Eu me emocionei muito com as cartas de Ranulfo, pois revelam o passado de Raimundo e Alícia, e somente no fim da jornada eu compreendi que a narração da personagem era uma forma de homenagear mãe e filho. E até o último momento, eu tinha minhas dúvidas sobre quem seria o verdadeiro pai de Raimundo. E fiquei chocado com a revelação.

A história trágica de Mundo, um herói problemático, porém, altamente carismático, que vai desenvolvendo uma feição revolucionária no decorrer da narrativa, é também a história trágica de todas as outras personagens a sua volta. Sobretudo, das personagens femininas: Alícia e Ramira, duas criações de Hatoum que me conquistaram nas primeiras linhas assim que apareceram na história. São personagens levadas numa sequência de desencontros, de vidas abaladas pelo sofrimento e intrigas familiares, onde uma seguiu em frente (resignada e compenetrada) e a outra, que sofreu os reverses de suas más decisões. Porém, ambas com destinos selados a tragicidade de suas existências.

Porém, nada foi mais trágico, mais triste e mais cruel do que emblemática passagem na história de Manaus do que a vida de um homem chamado Trajano Mattoso. Sua derrocada, ao que percebo agora depois que finalizei a leitura do romance, iniciou ao casar-se com Alícia, de quem não tinha amor, mas por quem amava. E a sua presença na narrativa sempre fora muito significativa para a trama, pois sempre estava por trás de tudo de importante que acontecia, corrompendo, influenciando, urdindo as entrelinhas da vida de Mundo, Ran e Jano. Mas ela e o filho também pagaram suas penitências antes do fim de tudo.
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Gois 30/05/2021

Drama familiar e histórico ao mesmo tempo
Já li alguns livros do Milton Hatoun, acho a escrita dele muito intrigante... como um rio fluido que as histórias vão se desenrolando. Descritos sob ponto de vista de um personagem, com seus anseios e angústias que são fáceis sentir. Sempre interessante ver uma região e uma parte da história do pais, que muitos não conhecem, retratadas num livro. A história familiar entremeada pela própria história da região, uma influenciando a outra. Achei que alguns momentos o texto é um pouco vago e deixa dúvidas na história. Mas a leitura é muito legal e vale a pena.
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