Paulo Silas 12/07/2018"Viver em Paz para Morrer em Paz" é um livro que segue com a mesma dinâmica, forma e estilo de escrita de Cortella. A leitura, portanto, é bastante fácil, uma vez que o livro é feito para alcançar um maior público possível. E esse alcance é conquistado com êxito, tanto pelo fato de o livro ser altamente "vendável", como também por mesmo se tratando de uma obra bastante singela, acaba por agradar ao leitor. É daquele tipo de livro que tem o formato de autoajuda, e isso é bastante evidente, pois o incentivo ao leitor, os motes para a realização, as críticas construtivas sobre o modo de ser e de agir e até mesmo alguns chavões clássicos são características marcantes da obra e do próprio autor. Mas há também uma base da qual o autor parte para construir e passar sua mensagem, uma vez que sua erudição fica evidente, por mais que adote uma linguagem bastante simples e acessível. A filosofia é o que impulsiona as passagens, de modo que o leitor se depara constantemente com a menção a diversos pensadores no decorrer das páginas.
"Se você não existisse, que falta faria?" - esse subtítulo é que origina tudo aquilo que o autor trabalha no livro. Daí que sua discussão se estabelece a partir daquilo que realmente seria importante na vida. Questões como o consumismo desenfreado, o culto ao próprio eu, o trato com os próximos e e superexposição são temas abordados ao longo do livro. O leitor pode contar também com diversos relatos autobiográficos de Cortella, pois em diversos capítulos traz exemplos de sua própria vida para ilustrar aquilo que pretende explanar ao leitor. Sua criação, formação e atividades do cotidiano são compartilhadas com o leitor, estabelecendo-se assim um diálogo bastante amistoso. O resultado é uma leitura agradável.
Conforme adiantado, o livro é bastante singelo. Diz-se no sentido de que a simplicidade não permite qualquer aprofundamento nos temas tratados. Não é um ensaio filosófico, por mais que a filosofia esteja bastante presente. Daí que se diz que o livro tem um viés de autoajuda. A mensagem, porém, é clara e oportuna. São passagens rápidas, de certa forma estabelecidas por chavões, que trabalham com questões importantes que merecem ser discutidas e refletidas. A linguagem clara permite a compreensão por todos, de modo que o livro contribui nesse sentido para se pensar sobre como melhor agir, como melhor aproveitar a vida, como melhor viver - viver bem para morrer bem, viver em paz para morrer em paz. A ausência, conclui o autor, é um bom ponto de partida para se pensar a existência, pois "razões de carência são razões de existência". Pensar a partir da falta, e se essa falta seria sentida (e de que forma), é um bom jeito para refletir de fato se vive em paz para que também possa se morrer em paz.
Vale a leitura!