Rumo ao Farol

Rumo ao Farol Virginia Woolf




Resenhas -


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M.R. 26/06/2022

Tudo é efêmero como um arco-íris
Virginia Woolf é sem dúvidas minha escritora preferida, junto de Clarice Lispector. Inclusive, acho a escrita das duas muito semelhantes, já que as duas focam mais em sentimentos e pensamentos do que no enredo em si. Tanto que "Rumo ao farol" passa majoritariamente apenas em um dia e é incrível como Virginia consegue captar tanta coisa, com fluxo de pensamentos entre personagens. Às vezes eu até me perdia sobre quem se tratava tal acontecimento. Mas é muito incrível como há uma fluidez tão sensível que me lembra ondas do mar. "via-se, na pálida praia em
semicírculo, onda após onda derramar continuamente uma névoa suave em tons
de madrepérola." É uma marcante característica da autora, algo que eu já havia percebido em "Mrs. Dalloway". Aproveitando a deixa de comparação com ondas, percebi na escrita de Virginia uma melancolia. Tudo o que ela descrevia (inclusives alguns parcos momentos felizes) eram mergulhados nessa sensação.

Acho que o principal tema do livro é demonstrar o quão efêmera a vida é ("Tudo era efêmero como um arco-íris".) Isso é explicitado, por exemplo, quando a Sra. Ramsay morre, e Virginia fala repetidamente o quão repentino foi. Numa hora, estava ela tricotando e sendo a anfitriã e no outro padece. A constante necessidade da mulher em casar Paul e Minta e Lily e William, e tudo acaba entre os primeiros em um curto período de tempo, nem chegando a acontecer nada entre os segundos. Há também a morte de Prue, que teve 1 ano da felicidade que sua mãe desejava. É implicitado que nada importa. "Somos uma espécie assim tão atraente?".

Outro ponto principal é o patriarcado. Isso fica explícito em diversas partes, como quando Lily tem bloqueios criativos por conta do que Charles dizia a ela, que ela nunca seria suficiente. Ou quando a Sra. Ramsay sentia uma imensa necessidade de agradar a todo tempo não por ser uma pessoa altruísta, mas por auto-satisfação - como a mesma afirma. Também, todos estão sempre afirmando da beleza da Sra. Ramsay, enquanto a mesma não liga pra isso. E mesmo assim, todo mundo sempre via a beleza da mulher unicamente como sua vantagem. Seu marido ainda pensava que ela não possuia intelecto, e que ele até achava melhor assim (na parte em que ela pega um livro para ler e ele a observa). "Sentia que não era boa o bastante para amarrar o cordão de seus sapatos.".Ela sempre precisava ser a anfitriã, mãe e esposa perfeita. Ademais, há sempre a reafirmação da necessidade do matrimônio (que muitas vezes nem é vantajoso).
- Algo que acho incrível ao refletir sobre tudo isso é que Virginia foi em sua época uma grande figura feminista. -

Outros temas que achei bem interessantes é a necessidade do Sr. Ramsay de ter "compreensão", de ser mais lembrado que Shakespeare, de chegar ao R ou até ao Z. Ademais, há o ódio que James nutre pelo pai, algo que achei bem triste porque é tão real. Gosto, por fim, do fato de como dizem sobre a solidão, como ela é necessária às vezes.

Esse livro com certeza me marcou muito. A escrita foi muito envolvente pra mim que ama esse estilo, contudo, não recomendaria para muitas pessoas, pois poderiam achar a leitura complicada e enervante.
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Marina 13/02/2021

Livros difíceis de avaliar
Esse livro não é agradável. A leitura não é fluida, o enredo é lento (mais da metade do livro se passa em um único dia), e a narrativa é densa. Me lembra em alguns pontos a Clarice Lispector, na capacidade de criar histórias profundas a partir de vivências cotidianas ou simples.

Eu não tive prazer lendo, nem vontade de devorar a história, pensei em desistir no meio algumas vezes.

Ainda assim, me peguei observando meus próprios pensamentos e comportamentos de forma diferente depois de lê-lo. Sinto que o livro me mudou. Que é maior do que eu. Que me fez entender coisas que eu não entendia sobre o psicológico, o tempo, as famílias, ser mulher, ser alguém com o desejo de escrever. Acho que nada que nos faz crescer de verdade pode ser realmente agradável.

Dividido em 3 partes, a primeira conta o dia de uma família e agregados na sua casa de férias. Tudo de concreto é abordado lateralmente pela autora, o foco está na grandiosa profundidade dos personagens, especialmente da Sra. Ramsay, inspirada na mãe de Virginia Woolf, e de Lily Briscoe, que parece se misturar por vezes com a própria autora, observando e pintando o dia da família (Virginia também está buscando reproduzir esse dia, no seu caso através da escrita).

A segunda parte aborda a passagem do tempo, simbolizada pelo abandono da casa de férias. Todos os principais acontecimentos aparecem entre parênteses, a narrativa está focada nas sensações que o lugar nos traz.

Por fim, na terceira parte vemos o encerramento com o cumprimento de uma promessa/expectativa feita naquele dia retratado na primeira parte do livro. Sentimos também como a conclusão é trazida de forma visual e sensorial pelo que existe dentro dos personagens. Virgínia consegue ser 10 ao mesmo tempo na narrativa, e assim compor alguma coisa maior do que todos eles.

Eu recomendaria esse livro pra poucas pessoas, porque ele não é fácil de entender e nem de aproveitar, e pode desencorajar quem está começando a cultivar o amor pela leitura.

Para os leitores vorazes, que estão dispostos a um desafio, esse livro é capaz de transformar e tocar profundamente quem o lê com vontade.
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Terra 14/05/2024

Não é um livro fácil de ler, confesso que demorei bastante até realmente começar, é uma leitura desafiadora, mas recompensadora. A primeira parte é longa, vários personagens em uma história que não se tem exatamente uma história, mas um fluxo de pensamento que vai de uma pessoa para outra muito rapidamente.
Agora, a segunda parte me fez apaixonar pelo livro. A narração é diferente da 1 e 3 parte, muito mais rápida ,como se devorasse a si mesma no proscesso.
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Daniel.Alcantara 11/06/2022

A morte
Rumo ao Farol por Virgínia Wolf
Tradução de Luiza Lobo
Editora O Globo
Título original: To the Lighthouse

Foi difícil começar a leitura deste livro. Li o primeiro capítulo umas quatro vezes até conseguir me acostumar com a forma de escrita desta autora.
O que me pegou foi a mudança do ponto de vista da narrativa e diferenciar o que estava sendo falado durante a narrativa do que estava sendo pensado pelo personagem.
Mas depois que consegui me acostumar, não consegui parar de ler. Quis engolir o livro todo de uma vez e acredito que vou ter que reler ainda mais umas tantas vezes para conseguir perceber todos os assuntos que a autora quis abordar.
A forma como a autora traz os pensamentos da Sra. Ramsey é impressionante, deixando claramente a carga mental que pesava sobre ela. O patriarcado é abordado tanto pela forma como todos os personagens enxergam o Sr. Ramsey, quanto pela própria descrição dele na última parte, jogando o prato pela janela por conta de uma lacraia no leite.
Apesar de todos esses temas, o que mais capitei foi a fugacidade e o quanto efêmeras são as coisas. Todas elas.
A Sra. Ramsey que, cheia de beleza, vida e planos, morre abruptamente. A beleza de Prue, a mais bela das filhas que se vai por uma complicação na gravidez. A jovialidade de Andrew que finda com uma granada que lhe arremata a vida.
A própria casa, a casa antes tão viva, na segunda parte do livro é completamente arruinada.
O medo do Sr. Ramsey de ser esquecido, de querer ser lembrado e reconhecido, quase implorando para que alguém cite seu livro. O amor de Paul é Minta que não dura mais que duas primaveras após o casamento.
Para mim o livro é sobre isso. Sobre a maior antagonista: a morte.
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Thaís 03/07/2024

Achei prolixo, chato.
Foi minha primeira experiência lendo Virgínia Woolf e devo admitir que fiquei decepcionada.
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Pequena M 12/08/2023

Modo Culto de Fofocar
Terminei sentindo que deveria reler a primeira parte, ela que foi tão puxada no meu ponto de vista, mesmo não sendo uma escrita difícil, exigia atenção, pois a forma de narração era sequencial demais, em um momento vamos tentando entender a cabeça de um, no próximo parágrafo já é outra, como se lesse uma fofoca, os pensamentos e emoções de cada um, até mesmo um paralelo explicando a casa, a primeira parte toda busca a apresentação de cada um, as opiniões e depois chega a segunda e terceira, nessa reta final não consegui parar de ler, o luto sendo um dos tópicos, como estão todos, a passagem da Lily sendo uma personagem que passei a amar, quando antes nem tinha prestado atenção nela, achei me interessante e não dei a nota 5 porque não cheguei a devorar, talvez numa outra leitura suba mais.
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Vinipr63 05/01/2024

História 0,5/1 - a história em si não tem muita relevância para o livro. É mais sobre relacionamentos.
Personagens 0,75/1 - de início são muitos personagens. Precisei pesquisar para entender quem era quem e o que estava acontecendo.
Linguagem 0,5/1 - não é uma leitura fácil. É desnecessariamente desgastante, muita descrição e uma linguagem antiquada, talvez seja a tradução.
Recomendo 1,75/2 - não é uma leitura divertida, mas importante tanto pelo peso histórico quanto pelos temas tratados. Destaco o machismo e a prepotência do homem e a importância do trabalho da mulher. Livro perfeito para o último tema do ENEM, mesmo sendo um livro de 100 anos atrás.
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bia 25/01/2024

Foi um livro difícil de ler, não me forcei a termina-lo logo e respeitei bem o meu ritmo, não intercalando ele com outras obras, e ainda bem que eu fiz isso! Da Virginia Woolf eu ja tinha lido contos e ?Mts Dalloway?, mas até agora, ?Ao Farol? foi a obra da qual eu mais gostei. Um livro com reflexões e passagens muito bem escritas, como é de se esperar da Virginia, que aborda temas extremamente atuais e me lembra muito a escrita da Clarice Lispector (que eu amo.) Ótima maneira de começar o ano e encerrar Janeiro.
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Gui 16/06/2024

Lindo. Me prendeu muito mais do que Mrs. Dalloway e me entregou tudo que eu esperava daquele. O lirismo, as descrições sutis, as visões de mundo que se escondem em cada pensamento sobre cada detalhe ao longo do dia, as visões diferentes das personagens, simplesmente lindo.
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