Adriana Scarpin 19/11/2018Em honra do Mais Médicos (2013 - 2018)Wow. Que livro imenso. Imenso não em quantidade de paginas, mas sim em humanidade e beleza. Confesso que tentei lê-lo o mais devagar possível para ir saboreando cada página, cada pessoa retratada, cada imagem visualizada, cada poesia da prosa.
O médico é uma profissão muito atrelada à burguesia no Brasil, o que particularmente me causa certa ojeriza, vê-los retratados aqui como seres humanos que se doam independente de aspectos geográficos e sociais que se encontram seus pacientes é conseguir olhar para tal profissão para além do filhinho de papai mimado que só quer ganhar dinheiro e status social. Não por acaso todos os médicos do Mais médicos aqui retratados, independente de nacionalidades, têm em suas biografias um passado de luta, uma luta de quem não conseguiu tudo de mão beijada, uma luta que os tornou humanos.
Mas as pessoas aqui retratadas não são exclusivamente médicos, há o nosso povo de todos os cantos do país, desde uma comuna anarquista do MST no Rio Grande do Sul, os índios Xikrin no Pará, um Ulysses recolhedor de entulho em São Paulo, pescadores do Rio Grande do Norte, moradores da antiga colônia de hanseníase no Amazonas e até rezadeira de Sergipe, vamos adentrando um Brasil que vale a pena.
Esse livro me emocionou deveras, não porque seja escrito numa linguagem melosa, muito pelo contrário, a poesia que o outro vê nas pessoas tem a exata medida de suas palavras e é muito bom ter esse pedacinho de humanidade que felizmente a literatura tem o poder de nos proporcionar.