Fê 29/06/2014Já fazia tempo que eu estava para ler este livro, e explico logo de cara pelo título. Totalmente errado. The Physician no original, e quem manja de inglês já sacou o absurdo do título em português. Para quem não entende, physician = médico. Físico = physicist (confira aqui e aqui). E além desse absurdo, ouvi dizer que a versão em português tem diversos erros de digitação, concordância… ou seja, revisão nula. Mas não é que uma semana antes de estrear o filme baseado no livro, eu achei uma edição linda em inglês? E resolvi devorar ler logo.
Rob Cole é um garoto inglês que aos nove anos de idade, perde seus pais. Não só isso, mas ao mesmo tempo ele descobre um dom muito interessante: ele consegue sentir quando a morte está iminente ao tocar as mãos de uma pessoa. Sozinho e com uma renca de irmãos pequenos para cuidar, Rob acaba sob os cuidados de um cirurgião-barbeiro, enquanto seus irmãos se perdem, cada um sob os cuidados de uma pessoa diferente.
Rob então parte com o Barber, e começa a aprender o ofício de um cirurgião-barbeiro, além de malabarismos e entretenimento em geral. Naquela época, isso era normal, e os barbeiros-cirurgiões também eram um tanto picaretas. Mas Rob aprende muita coisa, porque é determinado e disciplinado. Só que somente ser barbeiro-cirurgião não é suficiente para ele. Ele quer entender as doenças, e mais que isso, aprender como driblar a morte. E, durante suas andanças, ele ouve falar de uma academia no Oriente, comandada por Avicenna (ou, em árabe, Ibn Sina), que é a melhor do mundo. E, depois que mais uma tragédia se abate sobre ele, Rob decide ir estudar medicina na Pérsia.
Só tem um problema: na academia, cristãos como Rob não podem estudar. Então, ele decide se passar por judeu. Assim, com o mesmo afinco, ele observa os judeus de sua caravana, e aprende seus costumes e a língua persa.
E durante a longa jornada, Rob conhece Mary, uma escocesa que viaja com seu pai, e a atração é imediata. Mary é uma mulher forte e inteligente, um tanto turrona, e entende muito bem os desejos de Rob, e o acompanha em sua trajetória.
Há muitos outros personagens bacanas no livro, como Mirdin, um judeu amigo de Rob em Inspahan, médico como ele, e com placidez, ele ensina Rob mais sobre sua cultura. Karim, árabe, aprendiz que também se forma médico junto com Rob, atlético e de personalidade mais aberta.O próprio Ibn Sina, o idoso mestre de Rob, sábio e paciente, e Ala, o xá em Ispahan, que como todo governante, manipula e adula quando lhe interessa, e descarta pessoas como bem quiser.
A leitura é fluida, e passa rápido. Os capítulos são na sua maioria curtos, o que faz a leitura ainda mais fácil. A narrativa é em terceira pessoa, principalmente centrada em Rob, mas há alguns capítulos sob o ponto de vista de outros personagens, como Ibn Sina, Mary e Barber. Misturando ficção e realidade, o livro faz uma fascinante viagem pelo mundo persa (me deu uma vontade monstro de assistir O Príncipe da Pérsia enquanto lia), e do estudo da medicina da época, e uma coisa bem bacana é tentar adivinhar as doenças que Rob trata só pelos sintomas. Leitura recomendada.
Trilha sonora
A única que me veio na cabeça, e que tem tudo a ver, é a lindíssima Healing hands, do Marc Cohn.
Curiosidade
Como eu disse, o livro mescla ficção e realidade. Ibn Sina, latinizado para Avicenna, realmente existiu, e viveu na Pérsia entre 980 e 1037. Escreveu diversos livros, entre eles tratados em medicina e filosofia, e sua obra teve grande influência nas universidades medievais. (fonte: Avicenna).
Se você gostou de O Físico, pode gostar também de:
Os Pilares da Terra – Ken Follett;
Mundo Sem Fim – Ken Follett.
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natrilhadoslivros.blogspot.com