leticia 04/02/2020não vou mentir, comecei esse livro sem muitas expectativas, após descobrir que em breve será lançado o filme. já fui logo pensando que a história seguiria a receitinha gillian flynn e, de certa maneira, até segue. mas provavelmente isso pode ser dito sobre qualquer thriller recente. uma mulher à margem de alguma maneira, seja por traumas passados, problemas de saúde mental, abuso de drogas etc; e que, por isso, tem seus sentimentos e pensamentos negligenciados por todos ao redor. a protagonista marca todas as opções acima. anna fox sofre de agorafobia e, há quase um ano, vive confinada em casa, apenas com um gato para fazer-lhe companhia. sem ter muitas opções para passar o tempo, anna acaba adquirindo um interesse pelas vidas de seus vizinhos, que assiste pela janela e fotografa, catalogando cada passo dessas pessoas que mal conhece. logo no início descobrimos que uma nova família está se mudando para a casa em frente a sua, um casal com seu filho e, a partir daí, começa a se desenrolar a trama. o que se pode tirar do livro é que, se não temos todas as peças de um quebra-cabeça, nem adianta tentar montá-lo. se vemos ou escutamos algo fora de contexto, já começamos logo a imaginar uma história inteira, como se os envolvidos fossem meros personagens. mas, como já foi dito um milhão de vezes, nada é o que parece. ninguém sabe o que se passa atrás das portas, a não ser que se esteja do lado de dentro.
pode ser que para muitas pessoas a reviravolta final seja facilmente adivinhada, porém a maneira como o autor construiu a jornada deixa as coisas bem interessantes, de um jeito que torna impossível parar de ler. queria dar 5 estrelas, mas achei o timing de tudo um pouco atrasado nas primeiras páginas. no mais, é um bom thriller, com muitas referências cinematográficas (principalmente aos filmes de alfred hitchcock, diretor favorito do autor). a própria história em si tem um "quê" de cinema, tornando possível imaginar as cenas se desenrolando na tela enquanto lemos. parece mais um tributo aos suspenses clássicos, daqueles que conseguem nos causar um frio na espinha em qualquer época.