Camila | @abismos.literarios 05/06/2022
Para além de grandioso.
(Resenha publicada no IG: @abismos.literarios)
Após 10 anos do fim da Guerra de Tróia, Odisseu (ou Ulisses) ainda não conseguiu regressar para sua terra, e aqui vamos conseguir acompanhar todas as aventuras e dificuldades que este encontrou no caminho até conseguir de fato retornar, após 20 anos longe de casa, nem os deuses facilitaram sua volta.
Aqui teremos dois momentos se entrelaçando na história, enquanto Odisseu tenta trilhar seu caminho de retorno, repleto de provações e dificuldades, após ter enfurecido Poseidon, Telêmaco, seu filho, precisa lidar com os pretendentes que disputam a mão de sua mãe, Penélope, já que todos acham que Ulisses jamais irá chegar novamente a Ítaca. Penélope tenta enrolar quanto pode, mas quando chega o décimo ano após o fim da guerra, fica difícil adiar ainda mais essa situação. Durante todo esse tempo, os pretendentes vivem às suas custas, consumindo tudo aquilo que a terra e os animais lhes oferecem. Assim, numa última tentativa de conseguir notícias de seu pai, Telêmaco decide navegar até onde houve regresso da Guerra de Tróia para buscar informações, contando com a ajuda da deusa Atena.
Enquanto Telêmaco está em sua viagem, Ulisses está na ilha de Calypso há 7 anos, onde chora todos os dias por não conseguir sair de lá. Somente quando Zeus interfere, é que se torna possível sua partida. Mas Poseidon ainda está ao seu enlaço e não vai tornar essa jornada fácil em nenhum momento. Ulisses já perdeu todos os seus companheiros nessa jornada, já enfrentou ciclopes, a deusa Circe, sereias, a horripilante Cila, as vacas sagradas do deus do sol; já passou por terras, mares e até foi ao submundo falar com os mortos.
Quando finalmente Ulisses chega em terras hospitaleiras, este consegue carona para finalmente chegar em sua casa. Chegando lá, ainda não pode correr para os braços da esposa e do filho, pois precisa compreender como a situação está; assim, ela vai aparentar ser um mendigo antes de poder agir de fato. E, então, teremos a vingança de Ulisses, o “filho de Laertes, criado por Zeus, Ulisses de mil ardis”, com a ajuda da deusa Atena.
Assim como disse na resenha de Ilíada, é impossível escrever algo que faça jus a grandeza dessas obras. É uma jornada incrível e uma experiência maravilhosa. Odisseia é uma leitura mais fluída, talvez por não ter relatos imensos das batalhas e mortes, páginas e páginas com nomes e detalhes minuciosos de lutas travadas, como em Ilíada. Você devora cada página com anseio imenso para saber o que Ulisses vai enfrentar e como será quando finalmente regressar. Ambas as obras são incríveis, mas com pontos e movimentos diferentes.
Mais uma vez, aqui teremos uma introdução e prefácio grandiosos e esclarecedores, além de uma tradução impecável e acessível; os pontos que tornam a @penguincompanhia – me atrevo a dizer – a melhor.
Penso que essa é uma experiência válida para todo leitor; de fato, uma experiência transformadora. Sempre imaginei ser uma missão impossível, que jamais iria compreender e apreciar tais obras, tanto por seu período histórico, tanto por ser escrita em cantos e principalmente por medo da linguagem. Eu não poderia estar mais enganada. Após um ou dois cantos, você se acostuma totalmente com o formato em cantos e com a linguagem, e então a leitura flui facilmente e te instiga a avançar folha após folha para saber como tudo irá terminar.
Mesmo tendo muitas obras que nos trazem informações sobre Ilíada e Odisseia nas entrelinhas, ler diretamente as obras é totalmente diferente e inexplicável. Como amante da mitologia grega, já havia lido muitas obras que traziam detalhes dos deuses, mitos e batalhas aqui apresentados; mas nada consegue transpor a grandeza real desses dois livros. Por fim, só posso recomendar que vocês leiam e tirem as conclusões por si só.
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