Ludmilla Silva 31/12/2018“The realization that we were actually doing this, and what it could result in, never really struck me. We just did it.”É bem provável que muitas pessoas conheçam o autor John Green, pelos seus livros, ou até mesmo pelo seu canal no youtube que é compartilhado com seu irmão Hank Green. Conheci este último através deste incrível canal, e quando descobri que ele iria lançar um livro fiquei bastante animada com a perspectiva. Devo admitir que fiquei pensando se o estilo da escrita e até mesmo o estilo da história seriam uma “cópia” da de seu irmão, isto infelizmente era um receio bem grande. Mas fiquei bastante feliz quando descobri que isso não acontecia. O estilo da escrita de ambos é totalmente diferente, e digo com prioridade, que este primeiro livro do Hank Green me surpreendeu bastante.
Não quero ficar comparando os dois autores, até porque eles são bastante independentes entre si neste quesito, mas acho importante fazer uma análise bem rápida pois este é o primeiro livro do Hank Green, e querendo ou não o associar com seu irmão escritor, pode ser um feito bastante positivo para ajudar a atrair mais leitores para a sua obra. Eu sempre gostei bastante das obras do John Green por terem esse caráter mais realista e pé no chão nas narrativas, suas histórias não são fantasiosas ou viajadas demais, muito pelo contrário, são bastante condizentes com os dilemas da realidade. Sendo assim, imaginei que as obras do Hank seriam bem neste estilo, mas fiquei surpresa ao perceber que não, apesar de sua obra ter muito esse caráter realista ele acrescenta inúmeros elementos da ficção que se encaixam perfeitamente com a história que ele quer contar.
An Absolutely Remarkable Thing conta a história de April May, uma estudante de artes, que possui uma vida relativamente normal. Um dia, tarde da noite, April se encontra andando por Nova York até que ela percebe uma estátua gigantesca de um robô estilo samurai. Impressionada com aquela estátua tão aleatória ela resolve chamar seu melhor amigo, Andy, para gravar um vídeo em frente ao local. O que ela não esperava era que aquele vídeo tão aleatório e modesto fosse viralizar loucamente e que aquela escultura que ela pensou ser exclusividade apenas de Nova York existia também no mundo inteiro.
Eu fiquei bastante surpresa com o rumo que a história tomou, porque eu, particularmente pensei que seria um livro que contaria mais a história de viver com essa fama repentina, uma história que iria mostrar essa nova vida da personagem, mas não é só isso, é basicamente uma narrativa de mistério, que exige que a gente descubra o que são essas esculturas tão misteriosas, o que elas querem, qual a função delas, e qual a relação delas com a personagem e com a sociedade em geral. É uma narrativa muito interessante e instigante, que te faz querer ler e ler a todo instante apenas para saciar essa enorme curiosidade que cresce ao longo dos capítulos.
Não vou dizer que os personagens deste livro são os melhores porque eu estaria mentindo. April May, a protagonista me irritava constantemente, por seu egoísmo, por sua falta de noção ou por suas atitudes impensáveis; talvez essa fosse a verdadeira intenção do autor, mostrar que a personalidade da personagem mudou de acordo com a fama que ela foi recebendo, mas sendo esta a intenção ou não fiquei bastante irritada, não vou negar. Apesar de eu achar que em muitos momentos faltou um pouco de aprofundamento dos personagens secundários eu adorei a maioria deles, o Andy, a Maya (que merecia melhor), Miranda e etc.
O livro tem um final aberto, fica a cargo do próprio leitor refletir a respeito do que acabou de ler e tirar suas próprias conclusões, e considerando o objetivo principal da narrativa (ALIENS) isso faz bastante sentido, mas senti falta de um final, FINAL mesmo. Minha crítica fica neste quesito: o livro trabalhou muitos mistérios e indagações e no final acabou não respondendo muitas perguntas básicas que deveriam ter sido respondidas, eu entendo a ideia de “pense por si mesmo”, porém as vezes se torna chato criar expectativa e não a ver sendo correspondida. Tirando isso, e a personagem que me irritou em inúmeros momentos, eu achei o livro sensacional. Como eu já disse anteriormente me surpreendi e fiquei bastante feliz com o rumo que a história tomou, amei os mistérios, os dilemas que havia em relação aos Carls, e adorei também que mesmo com uma questão bem mais complexa a ser respondida o autor não deixou de ser pé no chão e focar na humanidade que envolvia os personagens.
Muitas questões importantes foram abordadas no livro também, a questão LGBT, a questão de invasão de privacidade, o discurso de ódio, relacionamentos pessoais e muitos outros; o livro faz a gente refletir a respeito de muitos aspectos essenciais e eu acredito ser possível abstrair muitas mensagens positivas dele. Para quem deseja ler o livro em inglês, eu recomendo bastante, a leitura é bastante simples, e nada foge do inglês usual. A história flui muito rápido, principalmente por causa dos inúmeros mistérios e perguntas que a narrativa traz, por isso é possível terminar a leitura em poucos dias.
Apesar de alguns aspectos terem me deixado um pouco incomodada, como disse anteriormente, eu adorei demais o livro, principalmente pelo tema principal da história e pelo dilema geral que ele aborda. Hank Green fez um ótimo trabalho, ele como escritor é incrível, sua história é extremamente bem construída, e espero que eu possa ler mais obras dele. Uma ótima leitura, recomendo muito. 4 de 5 estrelas.