Pedro Igor 12/03/2018
Bem estereotipado, porém uma forma interessante de mostrar possíveis soluções para resolver os problemas do dia-a-dia da TI.
O Projeto Fênix é uma novela envolvente sobre gerenciamento de TI. Escrever uma história fictícia sobre algo tão comum do dia-a-dia do profissional de TI se mostrou um poderoso e eficaz meio de transmitir as ideias dos autores. Em nenhum momento a leitura se tornou cansativa.
Os personagens e as situações são estereotipados, e isso é claramente a intenção dos autores, que fizeram com a intenção de o leitor se identificar com as pessoas e os eventos. Isso faz da história algo acessível até para quem não é especialista, ou seja, um profissional junior. Os leitores (imagino que já sejam profissionais da área) se reconhecem nesse mundo. E mesmo aqueles que não trabalham com operações de TI conseguem ter uma certa empatia, imagino.
Porém, há uma ressalva. Claramente o livro está para "vender" e não para raciocinar. O racicíonio vem no livro de acompanhamento, o DevOps Handbook. A história é digna de roteiro hollywoodiano, com a aquele velho final feliz, faltando apenas Bill Palmer, a personagem principal, percorrer a Sunset Boulevard em seu Cadillac, em pleno pôr do sol, com os créditos finais subindo na tela. Nada contra um roteiro "a lá Hollywood", porém a história não condiz tanto com a realidade. O Projeto Fênix (que está a anos empacado!) quer que você acredite que, dentro de algumas semanas, a equipe estará cumprindo com o novo processo de mudança, proposto por Bill, fazendo perceber nos gerentes de negócios, que existem soluções simples para problemas complexos! Quem trabalha em terras tupiniquins (e em outras mundo a fora) sabe que as coisas não se resolvem em passes de mágica, seria legal, mas vamos fincar nossos pés no chão.
Apesar da ressalva acima, o livro é como se fosse um compilado de boas ideias (misturado com roteiro hollywoodiano, não se esqueçam), que podem perfeitamente serem implantadas (com os cronogramas mais realísticos para o porte do projeto, ou seja, não em algumas semanas), que listo logo abaixo:
- O tempo de espera é proporcional à porcentagem ocupada.
- Proteja e eleve sua restrição.
- As três vias.
- Os quadros Kanban e seus recursos.
- Os objetivos do COBIT são em cascata.
- Métodos Ágeis.
- Automação DevOps.
- Abordagem Chão de Fábrica.
Bill tem um zelo evangélico por tais procedimentos, que ele aplica sobre uma implementação ITIL falhada de gerenciamento de mudanças, muito por conta de não ter uma mudança padrão. Erro clássico de gerenciamento, que ele resolve.
Outra ressalva. Apesar da história ser contada inteiramente por meio da conversa e da introspecção, e apesar da política que descreve e de algumas dicas de métodos de liderança, nenhuma das respostas é sobre pessoas ou cultura ou comportamento. Não há atividades de educação, colaboração, comunicação e motivação. Somente ferramentas, técnicas e processos. Bill nem trabalha para transformar seus relatórios diretos e colegas: ele apenas permanece forte e silencioso e emite ordens como o ex-sargento que ele é. Bill não precisa levar ninguém em uma jornada de mudança cultural: ele simplesmente joga um monte de estilo hollywoodiano, arrumando coisas como se fosse um mágico, e o os créditos finais sobem, com o pôr do sol ao fundo da tela.
Apesar de tudo, gostei de ler O Projeto Fênix. A forma como transmite suas ideias é inovadora. Agora entendo toda atenção que vem recebendo nos últimos anos. Consegue espalhar ideias realmente úteis para os DevOps da vida.
Leia-o. Aprenda. Apenas não se apaixone por ele.