Georgia 04/01/2010
Manuel Arouca mostra-nos, neste romance, o inferno que é a guerra. As amizades que se fazem, as relacoes que se ligam.
O medo de morrer, a tristeza perante a morte de um amigo e como contraste, a beleza de um por do sol, tendo por pano de fundo a própria guerra.
Durante o desenrolar do romance há várias citacoes aos poemas de Fernando Pessoa. Pois, para Rodrigo (o personagem principal) os poemas de Pessoa sao o elo de ligacao entre ele e a sua melhor amiga Isabel.
Quando Rodrigo parte em direcao à África e antes que ele suba para o navio, Isabel coloca-lhe no bolso um papel com o seguinte poema de Fernando Pessoa:
"Ah! todo o cais é uma saudade de Pedra!
E quando o navio larga o cais
E se repara de repente que se abriu um espaco
Entre o cais e o navio
Vem-me não sei porquê, uma angustia recente
Uma névoa de sentimento de tristeza
Que brilha ao sol das minhas angústias relvadas
Como a primeira janela onde a madrugada bate,
E me envolve como uma recordacao de uma outra pessoa
Que fosse misteriosamente minha."
Um romance fascinante que nos mostra um Portugal de outros tempos; uma guerra muito real e um personagem que vive cada dia como se fosse o último. Um belíssimo romance.