fernandaugusta 14/09/2021Lendo Clássicos @sabe.aquele.livroNo primeiro ato do "Lendo Clássicos" escolhi "O Livro da Jângal" de Rudyard Kipling, publicado em 1894. Kipling nasceu na Índia em 1865 e morreu em Londres, em 1936. Escreveu romances, contos e poemas bastante conhecidos em sua época e foi o primeiro escritor inglês a ganhar o Nobel de Literatura, em 1907. (É importante lembrar que nesta época, a Índia era colônia inglesa).
"O Livro da Jângal" é sua obra mais conhecida, pois retrata a história de Mowgli, o menino-lobo, adaptada para o cinema por Walt Disney em 1967 pela primeira vez.
Na narrativa de Kipling, conhecemos a fundo a selva da Índia e seus habitantes. Certa noite, pessoas que acampavam na Jângal foram atacadas pelo tigre Shere Khan, e este apartou de todos uma criança como sua presa. Só que a criança fugiu e parou em uma caverna, onde morava um casal de lobos e seus filhotes. Mãe Loba desafiou o tigre, acolhendo o Filhote de Homem como filho. O tigre nunca sossegou, pois queria sua presa e Mowgli (a rã), como foi chamado o menino, cresceu no meio da floresta fazendo parte da Alcatéia.
Orientado por Baloo, o velho urso e protegido pelos pais e irmãos e por Bagheera, A Pantera, 10 anos se passam até que o crescimento do menino começa a incomodar outros lobos, dissidentes apoiadores de Shere Khan. Mowgli então vive um dilema: não é mais aceito na Jângal enquanto o tigre estiver em seu caminho, mas também não conhece os hábitos dos homens e não é capaz de se misturar com eles. Afinal, ele é Lobo ou Homem? - isso cabe ao leitor descobrir ou definir.
O livro está organizado em contos, cada conto sendo um capítulo. A escrita do autor é de fácil compreensão e muito agradável, o que é esperado para um livro voltado ao público infantojuvenil da época. Facilitaria muito se a edição (eu li a da Martin Claret) trouxesse os contos na ordem cronológica dos acontecimentos da vida de Mowgli. Além disso, expressões do idioma local também não estão traduzidas ou explicadas em notas de rodapé, o que me levou a várias visitas ao Google.
Digno de nota são os contos que não estão diretamente relacionados a vida de Mowgli. "Meu senhor, o elefante" fala sobre elefantes, e seu uso militar na Índia e Afeganistão. "A foca branca" é uma aventura no oceano, com uma foca que procura um refúgio em que o homem nunca tenha pisado. "Jacala, o crocodilo" é a história de um crocodilo que reside à beira de um rio próximo a um povoado e sua caça a humanos.
Todos os contos, tanto sobre Mowgli quanto os demais exaltam a natureza selvagem e as características de cada animal dentro do que o autor define como a "Lei da Jângal". Os humanos e seus costumes são vistos com assombro e estranheza. A caça e a sobrevivência é o que importam, e os animais seguem um código restrito de honra, mas mesmo entre eles há criaturas vis e traiçoeiras, e o autor faz interessantes paralelos ao comportamento humano ao longo da narrativa.
Para quem gosta de leituras rápidas e curte aquele sentimento de nostalgia, o "Livro da Jângal" é uma boa pedida de clássico. Recomendaria apenas que procurasse outras edições, talvez mais organizadas.