Sekhmet 01/11/2021BomHuxley sofre de transtorno de personalidade paranóide, e isso afeta-o exatamente do jeito que o nome da doença indica: ele desconfia de todos; acha que todo mundo está querendo pegá-lo; preocupa-se incessantemente com ameaças e riscos imaginários; e vê perigo onde não existe nenhum.
Huxley está desaparecido há cinco anos, desde o assassinato brutal de seu marido, e quanto mais tempo ele fica longe de terapia, medicação e a influência calmante de seu marido (agora falecido) e mãe, mais inquieto e hostil ele se torna. Quando Huxley vê Aspen na mercearia, ele está convencido de que Aspen está lá para encontrá-lo, que é um "deles".
Mas Aspen não é um dos malvados. Ele não trabalha para "eles". Ele é um simples biólogo, perto de completar 40 anos, trabalhando em um projeto de pesquisa da universidade sobre ursos grizzly. Aspen sente-se atraído por Huxley, e quando, num momento de epifania, ele reconhece seu rosto, ele não consegue parar de se preocupar... ou cuidar.
Este livro é contado a partir do ponto de vista de ambos, Aspen e Huxley, e foi feito de forma brilhante. Eu nunca tive dúvidas sobre quem estava narrando. Eu mal olhei para os nomes que apresentavam cada capítulo, pois ambos os personagens são bem distintos.
A mente de Huxley é um lugar extenuante para se estar. Seu cérebro nunca se apaga e fica sempre em alerta máximo. Tudo grita PERIGO! ATAQUE! ESCAPAR! Eu me vi paranóica sobre os motivos dos personagens secundários, por conta disso. Eu mesma ficando paranóica 😆
Aspen é um acadêmico. Ele pensa antes de agir, e tenta basear seus movimentos em conhecimento, mas nada consegue preparará-lo para lidar com Huxley.
Esta é uma história focada no relacionamento, mas é um passeio intenso. Eu não pude deixar este livro de lado, e mesmo que seja longo, não senti muito (acabei ele bem rapidinho).
Não há nada fácil em estar em um relacionamento com Huxley. Ele percebe desamparo onde não há (pelo menos não intencional) é rápido em ficar furioso e acusa Aspen de traí-lo sem nenhuma evidência.
Mesmo quando eu me senti frustrada com Aspen por não ser suficientemente compreensivo, eu estava ciente da minha própria hipocrisia, já que eu não sou uma pessoa paciente e de jeito nenhum eu poderia ter suportado o comportamento de Huxley. Dá vontade de entrar no livro e dar safanões nele, para parar com o absurdo.
E ainda assim eu adorei Huxley. Ele realmente é muito mais que sua doença. Ele pode ser tão doce e amoroso, e é um deus absoluto na cama (e em qualquer outro lugar que a luxúria atacasse - e ataca, ah, se ataca... 🤭).
Acho que é um um bom momento para dizer: esse é um livro incrivelmente sexy. Huxley gosta de estar no controle, e Aspen descobre que ele gosta de um pouco de dor (e mais do que um pouco de arrogância da outra parte). O sexo é cru e muito real, e a conexão dos homens parece explosiva e verdadeira.
Huxley aprende a confiar completamente em Aspen (mesmo que de forma lenta), e Aspen percebe que para o relacionamento funcionar, ele precisa administrar suas reações à doença de Huxley tanto quanto Huxley deve estar disposto a checar os fatos primeiro, o que é extremamente difícil para alguém com paranóia.
Huxley não acredita que seja paranóico; ele acha que sua mente está mais sintonizada com ameaças e perigos e que ele é mais observador do que a maioria das pessoas. Ele vê Aspen como "o ingênuo".
Agora pense nisso: como convencer uma pessoa com paranóia de que ele é paranóico sem deixá-lo mais paranóico? Se até falar isso dá um nó, imagine tentar fazer. Pobre Aspen 🙄
Mesmo que o "Felizes para sempre" não venha facilmente, mas sim com angústia e lágrimas no caminho da felicidade, ele vem. Eu amei o final; a maioria das pessoas evitaria a vida que Aspen e Huxley escolheram, mas foi a salvação. De ambos.
Eu realmente gostei deste livro. Foi emocionante, cru e silenciosamente poderoso e fiquei com tanta vontade de ler mais mais desta autora que incluí mais três livros dela no meu TBR.
(resenha originalmente escrita em set./2018)