Marcella 24/01/2021
Todos conhecemos o principal de Édipo Rei, mesmo sem ler a peça: Um homem está fadado a matar seu pai e desposar sua própria mãe. Entretanto, ler a obra é fundamental para entender melhor as nuances da história.
O ponto da peça de Sófocles, diferentemente do que muitos podem pensar, é a impossibilidade de fugir do destino. Após ouvir as profecias de suas vidas, tanto Édipo quanto o Rei Laio fazem todo o possível para evitar que estas se concretizem e, mesmo assim, são suas ações que tornam o destino realidade.
O rei, fadado a ser morto por seu filho, ordena que o bebê seja morto, e que sua mulher não mais engravide. Entretanto, graças à piedade de um de seus servos, a criança é salva e levada a um local distante. Esta criança é Édipo, que cresce sem saber de sua verdadeira origem. Adulto, ouve a profecia de que está fadado a matar seu pai e desposar sua mãe, e para evitar o destino, decide partir. No caminho para Tebas, desentende-se com um homem em uma estrada e o mata, também sem saber que este era o Rei Laio, seu próprio pai. Finalmente, ao chegar na cidade e casar-se com Jocasta, o faz sem saber que esta é sua mãe.
Quando todo o mistério da morte do Rei Laio é desvendado pelos personagens, a loucura toma conta de suas mentes. Jocasta se mata, não conseguindo enfrentar a realidade. Édipo, por sua vez, tem uma atitude mais impressionante e decide, à sangue frio, arrancar os próprios olhos: a morte para ele não bastaria, pois não suportaria a vergonha de enfrentar seus pais no reino de Hades; assim, decide ficar cego para não encarar a consequência de seus atos.
Sófocles escreve com elegante clareza e objetividade, o que torna a peça absolutamente cruel. O sofrimento de Édipo é completamente captado pelo leitor (e por quem assiste a peça, no caso das encenações), tornando Édipo Rei uma das tragédias gregas de maior importância para a história do teatro e da literatura.