Michele 04/07/2020
Obra inesgotável
Falar do livro do 💓 é mais difícil do que outro qualquer, pois existe uma tentativa de convencimento, de defesa ou proteção a mais, de modo que sempre parece que ficou algo para trás.
"Édipo Rei" é uma tragédia grega escrita por Sófocles e encenada pela primeira vez em Atenas por volta de 427 a.C. Traz como protagonista o rei Édipo que havia honrosamente conquistado o trono da cidade de Tebas e desposado a rainha Jocasta ao derrotar a esfinge por desvendar o seu enigma.
Anos após essa conquista, Tebas é novamente assolada por uma ameaça. Dessa vez, se tornou solo infértil, nada mais ali se gera, uma maldição dos deuses que remete a um crime impune. Como esperado para as convenções da época, ao rei também é atribuída a função de fazer justiça, mas para isso, precisará descobrir quem assassinou Laio, o antigo rei da cidade.
Segundo a poética de Aristóteles, em uma tragédia o herói vai do sucesso ao fracasso, normalmente por conta de uma desmedida. Édipo em sua situação inicial está no auge de seu poder e felicidade, tendo o respeito dos tebanos e o amor de Jocasta e de seus filhos, mas em um golpe de arrogância/ altivez (erro trágico), ele promete o pior destino ao assassino de Laio. Essa prepotência chega ao ponto máximo quando ele conversa com o vidente Tirésias a quem acaba repreendendo por falar a verdade.
Segue então uma luta para reconhecer uma verdade que estava sendo dita pelos oráculos desde antes do seu nascimento, mas Édipo, o decifrador de enigmas, é o último a decifrar a própria vida.
Podemos depreender muitas coisas dessa obra inesgotável. Para mim, o que se sobressai são as oposições: querer mudar o destino e essa ser a forma de fazê-lo acontecer, querer saber a verdade e depois negá-la, ser o mais inteligente e depois o mais ignorante, ser o mais poderoso e depois o mais decrépito...
"Édipo Rei" nos mostra o quanto somos insignificantes diante de um universo que tem a sua própria força e também a importância do equilíbrio.