Isabella.Wenderros 28/04/2021Em Godsgrave, todas as verdades não passam de castelos de areia.Depois de salvar a Igreja Vermelha da destruição e ser ungida Lâmina, Mia acaba envolvida em uma rede de intrigas e mentiras que ela jamais imaginou. Apesar de seu novo título, o Ministério de Niah não enxerga a adolescente como alguém do grupo, mas apenas uma acólita que falhou no teste final e deu sorte de receber a benção de Lorde Cassius no último minuto de sua vida. Agora contando com a companhia não apenas de Senhor Simpático, mas também de Eclipse, a protagonista precisa enfrentar algo muito maior do que o planejado.
Godsgrave é instável, surpreendente e cheio de ação. Com duas linhas narrativas que acontecem em tempos diferentes, é fácil ficar confuso no começo da leitura, mas isso muda logo na primeira parte do livro. Personagens novos são apresentados o tempo inteiro e alguns outros conhecidos saem de cena de maneira tão abrupta que fez com que eu percebesse que não poderia levar nada como garantido.
Jay Kristoff me arrebatou e muito. É tanta revelação atrás de revelação que é seguida por outra revelação que eu não faço ideia do que esperar da conclusão dessa trilogia – e essa sensação é ótima. A protagonista está mais sangrenta do que nunca e madura também: apesar de o objetivo continuar o mesmo – vingar sua família –, Mia começa a questionar se os fins realmente justificam os meios e se tudo é válido para conseguir acabar com aqueles que manipulam e destroem todos ao seu redor. O que ela não esperava era que estava sendo manipulada e enganada por aqueles que deveriam servir de base para essa nova fase de sua vida.
Mercurio é um personagem do qual eu gosto bastante e fiquei com medo da escolha que ele faria quando chegou o momento de optar por um lado. A interação entre Senhor Simpático e Eclipse é divertida e entrega uma leveza em momentos de tensão que é muito necessária – existe uma conversa entre eles já nos últimos capítulos que me fez ficar ainda mais curiosa sobre essas sombras; elas são realmente confiáveis? Querem o melhor para Mia? Se não, qual o objetivo em acompanharem a garota? Muitas perguntas ficaram em aberto e eu não consigo criar nenhuma teoria. No final, a confissão de um personagem chave sobre determinada paternidade me tirou o fôlego! Muito ansiosa para ver como isso vai se desenrolar.
O narrador continua excelente e aquelas notas de rodapé, que me atrapalharam um pouco em Nevernight, estão mais espaças e só aparecem para contextualizar algo sobre a República de Itreya – claro que acompanhadas por um ou outro comentário irônico. É um livro mais adulto, com muita violência, palavrões e cenas de sexo.
Espero que a finalização de Jay seja excelente para manter o nível desse 2º volume.