A Acusação

A Acusação Bandi




Resenhas - A acusação: Histórias proibidas vindas da Coreia do Norte


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Henrique Fendrich 04/10/2020

Eu achava que, além de alguns poucos contos escritos antes da divisão das Coreias, provavelmente eu nunca leria ficção de qualidade feita na Coreia do Norte. Então aparece esse misterioso Bandi, contista norte-coreano que continua vivendo na Coreia do Norte, ou seja, não é um desertor do país, mas alguém que fez com que os seus manuscritos atravessassem a fronteira e ganhassem o mundo.

Como seria de se esperar de uma literatura que precisa ser escondida do regime, a de Bandi é essencialmente crítica ao sistema vigente, sem os louvaminhas que, provavelmente, constituem a literatura oficial do país.

O autor foca, principalmente, nos dramas familiares, destacando como vidas e sonhos se desmancham ou são mesmo aniquilados pela força e opressão de um governo que não tolera o menor deslize (muitas vezes, o deslize não precisa sequer ser seu, mas o de um parente: isso já é suficiente para manchar o seu próprio histórico e destruir todos os seus projetos de vida).

O conto “No palco”, um dos que mais me agradou, é o que apresenta uma poderosa metáfora para explicar o comportamento da sociedade norte-coreana sob o jugo de seus ditadores: todos lá são atores. Desde criança, todo norte-coreano aprende a representar. É vital que assim seja, pois disso depende a própria sobrevivência.

Em algum lugar, ainda que escondido o bastante, depois de décadas de assimilação da propaganda do governo, o norte-coreano sabe que algo não está certo no jeito que as coisas são. Muitas vezes, porém, trazer essas coisas à consciência, em um ambiente tão opressor como aquele, pode levar a trágicos desfechos, como o apresentado no conto, pois o próprio indivíduo já introjetou a propaganda e não consegue lidar com as suas próprias contradições.

Em outro conto marcante, “Pandemônio”, o próprio ditador norte-coreano faz uma aparição que, a olhos mais inocentes, poderia demonstrar a sua humildade e generosidade, mas sabemos – e o autor mostra isso muito bem – que também ele é um ator e está interessado em provocar um efeito específico e muito bem programado, o qual, uma vez conseguido, será explorado a exaustão pela propaganda do governo.

Há um conto sobre o estigma que as crianças herdam pela “subversão” de seus familiares (“Relato de uma deserção”, poderosa narrativa em primeira pessoa), outro em que o próprio bem-estar de um bebê é oposto às exigências do Partido, e nada vale apelar à razão (“Cidade de espectros”), um ainda em que um olmo representa a inútil esperança pelos dias de prosperidade que não virão (“A vida de um Corcel veloz”), outro em que um filho não consegue autorização para viajar e ver a mãe à beira da morte (“Tão perto, tão longe”) e mais um em que nem a inquestionável dedicação de um homem é suficiente quando o Partido precisa arrumar um bode expiatório (“O cogumelo vermelho”).

Em meio a todos esses contos, é apresentada toda uma realidade de opressão e constante vigília, com restrições tão severas à liberdade que nós chegamos a nos admirar por viver no mesmo mundo em que tais coisas ainda acontecessem.

Agora falando em termos especificamente literários, Bandi gosta de dar vários saltos narrativos, indo e vindo na trama e abrindo novas abas na história. Embora isso possa ter rendido alguns bons resultados, eu confesso que gostaria de ter lido pelo menos alguns contos escritos de maneira tradicional, ou seja, em uma narrativa linear, porque tenho a impressão de que algumas histórias ganhariam força assim.

Já em relação ao desafio de fazer uma literatura que é abertamente “intencional”, com os mesmos riscos de uma que é panfletária, parece-me que Bandi se saiu bem, conseguindo aliar habilmente a sua motivação para escrever com os recursos que o seu talento literário lhe sugeria. Além do mais, convenhamos, seria difícil achar motivo mais válido para uma literatura intencional do que o que se vive na Coreia do Norte.

Vale, portanto, a leitura, e vale estar com a “questão da Coreia do Norte” sempre em mente, porque o que se vive lá é, também, problema nosso, pois é a humanidade como um todo que sofre naquele regime.
Raphael 04/10/2020minha estante
Ótima resenha. Me despertou a curiosidade. Não conhecia esse livro.


Henrique Fendrich 04/10/2020minha estante
Precisamos ler nem que seja para fazer valer o esforço que foi para que os manuscritos dele saíssem da Coreia do Norte =).


Lucas 05/10/2020minha estante
Lembro de ter lido um ou dois contos. Agora com a sua resenha acho que vou continuar!


Maria 06/10/2020minha estante
Beleza de resenha! Despertou a minha curiosidade!




Livia Barini 22/08/2023

Um livro necessário
Os livros que temos que falam sobre a Coreia do Norte foram escritos por desertores. Este livro é diferente pois foi escrito por um autor que ainda mora lá e contrabandeado para o exterior.

São sete contos que nos mostram como é realmente viver em um regime ditatorial comunista, a miséria e injustiças as quais o povo está submetido, tanto por parte do poder e das pessoas responsáveis por executá-lo, tanto por parte do resto da população, que denuncia e vigia seus iguais.

O que mais me chocou foi ver que se algum parente seu (mesmo que não tenha o seu sangue, como um cunhado) fizer ou dizer algo que seja considerado inapropriado (e qualquer besteira é considerada inadequada), toda a família será destruída (a dele, a sua...) por GERAÇÕES. Ele vai para a prisão, a esposa e os filhos são exilados. E você e os seus descendentes nunca mais terão qualquer possibilidade de ter um bom emprego, ou melhorar de vida. Porque vocês tem uma mancha no seu passado. Algo tão cruel que beira o inacreditável.

Uma leitura necessária.
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Ana Tambara 13/04/2020

Necessário.
Um livro muito bem escrito e cativante. Alguns contos são melhores que outros, porém todos tem uma essência única. Muito interessante ver a realidade do autor por meio de suas histórias. Recomendo a todos que curte literatura que fale sobre a Coreia do Norte e afins.
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Aécio de Paula 19/07/2020

A Acusação - Bandi
Um escritor misterioso da Coreia do Norte escreveu 7 contos críticos e satíricos sobre o governo ditatorial do país. Um desertor do país levou escondido os escritos que foram publicados na Coreia do Sul. Os contos são críticas construtivas sobre a grande fome dos anos 90 que ceifou milhares de vidas na Coreia do Norte, a punição injusta para quem fala mal do governo, o culto à dinastia Kim, a miséria e a pobreza dos trabalhadores rurais etc. De resto, ainda tirou uma onda com o Grande Líder, Kim Il-sung, um semi Deus para os coreanos. Os contos são bons, mas dos 7, só gostei de 3.
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Mel 02/07/2022

Um bom início
Foi ótimo ler esse livro para iniciar meus estudos sobre a Coreia do Norte. Histórias dolorosas, porém esclarecedoras para dar uma noção do que é o regime comunista ditatorial no país.
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Gabrielle 12/02/2024

Livro diretamente da Coreia do Norte
Tenho a ambiciosa meta de ler pelo menos um texto de cada país. Eu jamais imaginei que conseguiria ler algo vindo da Coreia do Norte, e eis que descobri A Acusação.
Seu autor, cuja identidade permanece um mistério, ainda vive lá e conseguiu tirar seu texto do país clandestinamente.

Recomendo muuuuuito a leitura.

?Era uma vez um jardim, cercado de todos os lados por uma grande
cerca, muito alta. Nesse jardim, um velho demônio governava milhares de escravos. O surpreendente era que o único som que se ouvia dentro desses muros altos era o som de risadas alegres. Hahaha e hohoho, o ano todo ?
por causa da mágica que o velho demônio lançava em seus escravos. ?Por que ele lançava essa mágica? Para esconder os sofrimentos que
impunha àquelas pessoas, claro, e também para criar um engodo, dizendo, ?Veja como são felizes as pessoas no nosso jardim?. E também foi por isso
que ele ergueu os muros, para que as pessoas de outros jardins não pudessem ver o que estava acontecendo, nem entrar ali. Bem, então pense nisso. Em que lugar do mundo você encontra um jardim como esse, um covil de magia negra, onde os gritos de dor e tristeza que saíam da boca de seus habitantes eram deturpados e transformados em riso??
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V_______ 09/11/2022

A liberdade
Contrabandeado para fora da Coreia do Norte, o país mais fechado do mundo, para que pudesse revelar a vida dos norte coreanos em meio a forte repressão exercida pelo governo à A Acusação é um livro que nos trás a certeza que por mais falho que se possa achar a democracia ainda é a mais justa forma de governo conhecida, e um sistema autoritário não pode trazer nada de bom, muito pelo contrário.
Bandi é o pseudônimo de um autor que ainda vive, ou pelo menos é o que se espera, dentro da Coreia do Norte, que tem sua identidade preservada por questões óbvias. Em A Acusação, Bandi trás 7 contos que retratam o medo constante em que vivem seus compatriotas frente as leis que não só impedem que seus cidadãos tem a liberdade física, como a mental, já que tudo que se faz pode ser julgado contrário frente aos interesses partido. Os contos se passam durante os anos em que Kim Jong-il (pai do Kim Jung-un, atual supremo líder) governou, e mostra como a doutrina criada influi em todas camadas da sociedade, e como a "falha" de um dissidente pode reverberar por gerações.
O livro é bem interessante, os contos cumprem bem o seu papel, mas do que a escrita em si a forma que é revelado como as pessoas vivem e pensam é o trunfo aqui. O tipo de leitura que onde ditos "democratas" pedem intervenção militar se faz necessário.
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Helder 18/09/2022

Pequena Imersão na Coreia do Norte
Volta ao Mundo – 36º pais – Coreia do Norte
Como todos sabemos, ou como pouco sabemos, Coreia do Norte é um dos países mais fechados do mundo, portanto ao realizar minha pesquisa por títulos de diversos países do mundo, achei poucos títulos norte coreanos traduzidos para o português, e dentre os que achei, este com certeza me pareceu o título mais interessante, devido as diversas lendas que cercam este texto e principalmente seu autor.
De acordo com o prefácio e o posfácio de A Acusação, Bandi, seu autor, não é um dissidente norte coreano que fugiu do país e vive no exilio. Aparentemente, Bandi ainda vive na Coreia do Norte até hoje e trabalha para o governo coreano escrevendo literatura norte coreana de acordo com as regras de propaganda definidas pelo governo ditatorial. Porém, em paralelo, conseguiu escrever diversos contos que mostram a realidade deste país tão fechado e com alguma sorte conseguiu fazer com que estes textos chegassem até o Ocidente, onde foram transformados neste livro sensacional e muitas vezes doloroso.
A Acusação – Histórias proibidas da Coreia do Norte é um livro com sete contos, onde o autor vai nos mostrando como funciona este país tão misterioso, e é difícil para nós que vivemos em “liberdade”, entender como o povo se submete a viver sendo constantemente vigiado e tendo que seguir diversas regras, em um medo eterno, pois qualquer mínimo deslize pode configurar traição a pátria, e trazer consequências gravíssimas para as pessoas e para seus familiares. Às vezes, até por diversas gerações.
Segue abaixo um pequeno resumo de cada um destes contos:
Relatos de uma deserção: Já no 1o conto conhecemos a história de um rapaz que é mau visto pela sociedade porque seu pai foi considerado um traidor da pátria. Ele consegue casar-se, mas descobre que sua esposa não quer ter filhos para que estes não sofram a mesma rejeição que o pai sofre na sociedade. Uma triste história, onde o passado é um estigma a ser carregado por todas as futuras gerações. O personagem desconfia que sua esposa o está traindo, quando na verdade ela está é tentando protegê-lo. Até que percebem que a única maneira de viver é saindo dali.
Cidade dos Espectros. Um dia, uma mãe ao brincar com seu filho pequeno, diz que se ele não se comportar será pego por um Eobi, um monstro do folclore coreano e para exemplificar o monstro, mostra ao menino uma foto de Karl Marx. A partir daí, o menino passa a ter um medo mortal de Marx, uma atitude considerada subversiva pelo governo. A mãe consegue esconder esta característica do filho, até que um dia um cartaz enorme de Marx é colocado na praça publica em frente ao apto da família, o que faz com que a criança não pare mais de chorar. A mãe pede permissão para colocar uma cortina blackout em seu apto, mas suas motivações fazem a família cair em desgraça.
A Vida de Um corcel Veloz: Neste conto conhecemos dois amigos cujos pais plantaram uma arvore no quintal no início do regime comunista e acreditando na promessa do governo, disseram aos filhos que quando aquela arvore tivesse frutos, a vida na Coreia do Norte já seria perfeita com direito a “arroz branco purinho com carne todo dia, roupas de seda e uma casa com telhas”. Porém o tempo passou e mesmo após muito esforço, nada disso aconteceu, e agora, depois de anos de trabalho sem ainda encontrar esta graça prometida pelo sistema comunista, o governo decidiu cortar esta arvore.
Tão Longe, Tão Perto: um dos textos mais tristes do livro. Um rapaz precisa de permissão do partido para visitar sua mãe que está morrendo em outra cidade, porém não consegue passar pela burocracia do sistema. Incrível você ver o controle que o governo exerce sobre a vida do povo norte coreano. A gaiola com cotovias na varanda é uma clara metáfora da vida daquele personagem. No caso deste rapaz, todos os passos foram escolhidos pelo governo até hoje. Quando se alistou no exército, todos os empregos futuros e cidades onde morar. Ai a única maneira é tentar chegar até sua mãe escondido. Mas como andar contra o sistema?
Pandemônio: Uma família precisa pegar o trem para ir a casa de um dos filhos e pegar uma bexiga de javali para ajudar no pós-parto de sua outra filha. Porém as linhas de trem e estradas estão bloqueadas para receber Kim Il-sung, o ditador. Enquanto pessoas são pisoteadas nas estações, a avó acaba conseguindo uma carona com o próprio ditador e passa a ser usada como uma representante da propaganda do “governo que se importa com o povo”. Muito cinismo e ironia e mais uma vez um conto doloroso, que nos mostra a realidade norte coreana versus a versão que o governo deseja que as pessoas acreditem.
No Palco: Yeong-pyo acredita que seu filho tenha uma doença incurável: Não gostar do comunismo. Porém o jovem é obrigado a representar uma peça com fome, e sua falta de senso de humor causa problemas com o partido. Agora, para piorar ele está apaixonado pela filha de um preso político. No fim, o pai percebe que tudo o que o filho estava fazendo era buscar flores para o velório de Kin Il-sung, mas são tantas pessoas espionando a vida dos outros que fica difícil saber o que é verdade ou não. “Num lugar em que as emoções são reprimidas e as ações são monitoradas, a encenação se torna onipresente, e é tão convincente que chegamos a enganar a nós mesmos”
Cogumelo Vermelho: O conto mais cruel e surreal deste livro. Um jornalista precisa escrever uma reportagem na qual não acredita em nada e acaba descobrindo um esquema do governo para enganar mais ainda o povo. E no meio disso tudo está um homem que se doou o máximo possível ao regime. Impossível não se emocionar com este conto e também ter muita raiva.
Resumindo, ler este livro foi uma experiencia riquíssima e casou perfeitamente com a minha ideia de volta ao mundo através da literatura.
Recomendo!
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Alyne.Scarpioni 29/08/2020

Incrível
Os contos foram escritos em tempos diferentes e por isso a evolução da escrita é nítida. Em comparação com os demais, os dois primeiros contos são medianos, mas não deixe que isso pare sua leitura. O autor traz uma reflexão necessária sobre a vida na Coreia do Norte nas lentes de alguém que ainda vive lá e é impossível não se emocionar ou sentir um nó na garganta lendo relatos sobre o que os habitantes do país passam. Leitura incrível e necessária. Vale a pena ler também sobre a forma como escritor conseguiu que sua obra fosse publicada!
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Nana 26/04/2024

Livro nr 73 do projeto "A volta ao mundo através dos livros"
País sorteado : "Coreia do Norte"

Iniciei essa leitura já imaginando que eu não iria gostar muito, primeiro por ser um livro de contos (não me agrada) e também pelo tema principal ser a política, que também não é dos meus assuntos favoritos.
Mas ainda assim achei importante a leitura pois faz parte do meu projeto de ler um autor de cada país e esse representa bem a Coreia do Norte.

A leitura é um pouco confusa, não sei se a escrita ou a tradução? Para mim, os dois primeiros contos foram melhores, os outros cinco achei mais enrolados.

No geral valeram as informações obtidas sobre a política e as repressões sofridas no país, mas não é um livro que eu indicaria.
Se tivesse que recomendar um livro sobre a Coreia do Norte , eu recomendaria "Para poder viver" da Yeonmi Park, que não é ficção e na minha opinião é muito melhor que este.
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Ana 29/05/2021

Um livro de histórias curtas muito bom. É incrível pensar como essas histórias saíram da Coreia do Norte com seu escritor ainda estando lá.
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Gabriela Gonçalves 31/03/2021

"Uma vida sincera, genuína, só é possível para quem vive em liberdade"
Eu já falei algumas vezes que o gênero conto não é um dos meus favoritos e que as vezes tenho algumas dificuldades para embarcar na história. Eu tive uma bela surpresa ao ler os contos de Bandi. São incrivelmente bem escritos, belos e tristes. Estou fascinada por toda a história por trás da publicação. Ultimamente, comecei a me interessar por conhecer a cultura asiática, principalmente a cultura da China, das Coreias e do Japão.

As histórias de Bandi revelam os horrores da Coreia do Norte sob a perspectiva de quem vive lá, sob o jugo do regime. Os contos são impactantes e muitas vezes angustiantes. A sensação é de querer ajudar, mas se frustrar por saber que você não tem nenhum poder para ajudar aquelas pessoas.

Independentemente de esquerda ou direita, governos totalitários e ditatoriais jamais serão bons para o povo. O que a Coreia do Norte vive é muito triste e revoltante. Os contos de Bandi, por mais ficcionais que sejam, carregam consigo a verdade de uma população cansada. Todos os contos mostram o momento de virada, quando os personagens se veem realmente diante daquela realidade inescapável e cruel. Estou muito impactada por essa leitura e recomendo muito esse livro.

Por trás de tudo, a vida de pessoas que sofrem e sentem medo de viver. Conhecer a realidade de outros países também nos ajuda a entender o nosso. Entender que certos acontecimentos do passado (como o golpe de 64) jamais devem ser comemorados. É preciso lembrar para não esquecer e nem repetir os erros do passado.
Lilly 01/04/2021minha estante
Que interessante! Deu vontade de ler




Joao 03/06/2022

A acusação - Bandi
?Aquele velho Homem da Europa com sua barba hirsuta
Disse que o capitalismo é um reino de trevas
É que o comunismo é um mundo de luz.

Eu, Bandi, deste chamado mundo de luz,
Fadado a brilhar apenas em um mundo de escuridão,
Denuncio frente ao mundo inteiro
Esta luz que é na verdade abismal escuridão
Negra como noite sem luar ao final do ano.?

? Bandi

Aos que me conhecem, é sabido que não me dou bem com livros de diversos contos.
Arrasto muito minha leitura e não consigo manter o mesmo foco que teria em um livro em que suas histórias se entrelaçam.

Se eu pudesse comparar algo com este livro seria ?1984?. A opressão que ronda o livro, a censura, tudo trazia minha mente de volta ao ?partido? de 1984?
Diferentemente de ser uma obra apenas critica ao comunismo/socialismo (1984)
A acusação Bandi vem como uma Leitura de alguém que reside a dentro dos muros privados da Coreia do Norte.
LER 1984 me dava calafrios, mas era uma distopia inexistente em minha mente, e ao Ler ?A acusação? pude chegar a conclusão que temos um ?1984? em atividade em meio a nossa realidade, bem de baixo de nossos narizes.

É uma leitura que aconselho a todos.
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joedsonfrl 28/12/2020

Triste, simples e intenso.
O livro, escrito por Bandi – pseudônimo de um dissidente do partido comunista da Coreia do Norte que ainda vivia no país a época de sua publicação – retrata com maestria, através de sete contos, os percalços que a população deste país passa durante o governo de Kim-Il-sung e Kim-jong-il (pano de fundo da história).

A obra nos contempla com uma leitura envolta de angústia por fazer o leitor imaginar as atrocidades que este povo privado de liberdade passa! Muito desse sentimento é transmitido pela escrita do autor que nos passa muito bem a atmosfera de medo e submissão travestida aqui de devoção ao grande líder, ao partido e à nação.

Trecho retirado do segundo conto: “Cem mil cidadãos se reuniram aqui na praça Kim-Il-sung. (...) Nem mesmo a ameaça de uma morte imediata podia causar uma obediência tão incondicional. Que força apavorante levava essa cidade a parir uma agitação tão incompreensível? (...) O medo inchava dentro dela. Agora, enfim, ela sabia a resposta do enigma, compreendia a força que movia cem mil pessoas como marionetes puxadas por fios.”

Triste imaginar que o Bandi nunca teve conhecimento do reconhecimento e importância da sua obra para o mundo; uma vez que ele ainda vive (vivia? Já morreu? Ninguém sabe...) na Coreia do Norte e seus manuscritos foram contrabandeados por pessoas que fugiam do regime.
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