Queria Estar Lendo 10/06/2021
Resenha: Skyward
Meu primeiro contato com a narrativa do Brandon Sanderson foi, certamente, a melhor escolha possível. Skyward é um livro de ficção científica com tudo que há de melhor no gênero.
A história é contada por uma garota chamada Spensa. Ela sonha em se tornar piloto da DDF, que forma esquadrões para proteger uma cidade fortificada que é constantemente alvo de ataque de uma raça alienígena cuja única missão naquele planeta parece ser tentar exterminar a raça humana.
"Legado, e memórias do passado, podem nos servir. Mas não podemos deixar que nos definam."
Os pilotos protegem os céus e impedem os ataques e são, portanto, a força de defesa e segurança da humanidade. O pai de Spensa era um grande piloto, até que foi autuado como covarde por fugir de uma batalha - fato que nunca foi comprovado e que Spensa acredita ser mentira. O legado disso, no entanto, a acompanha mesmo assim; a vergonha que aquele povo sente da covardia é intrínseca. Ser corajoso, desafiador, é o que os move.
Spensa é tudo isso e mais e, quando a oportunidade de ingressar numa turma de cadetes lhe é oferecida, ela aceita - sem imaginar as reviravoltas que estudar para se tornar uma piloto vai colocar em seu caminho.
Skyward é uma ficção científica fabulosa. Tem uma construção de mundo brilhante e fascinante, é imersiva ao extremo e faz com que você não sinta as páginas passando. Apesar de ser em primeira pessoa, tem um olhar expandido sobre tudo que está acontecendo; a narração da Spensa é cativante por te trazer a um universo novo e diferente e te fazer sentir parte dele.
"Às vezes, as respostas que queremos não batem com as perguntas que fazemos."
Spensa, aliás, é uma garota extremamente carismática e fácil de acompanhar. Ela realmente soa como uma adolescente - uma desse mundo, é claro, com seus sonhos envolvendo grandes aventuras épicas e bravura e provações mortíferas. Ela quer mostrar ao mundo e aos que duvidam de quem é, baseados nas "mentiras" sobre seu pai, que ela é corajosa. Que ela pode alcançar as estrelas.
Eu amei a Spensa desde o começo. Não apenas pela sua bravura e pela ânsia de se mostrar capaz, mas porque ela é gente como a gente. Atrapalhada, pensa demais e fala demais, mete os pés pelas mãos. Todos os erros e acertos são reais porque ela soa muito natural. Não tem bravata demais e nem exagero em sua voz. Ela é crível.
E que deus abençoe o Brandon Sanderson, porque tudo é crível.
Eu me senti assistindo a trilogia original de Star Wars; algumas coisas são vagarosas na narrativa para logo darem espaço a uma batalha épica e desesperadora. Os riscos são sempre altos, então você está sempre em tensão máxima quando os cadetes vão para o ar.
Não só Spensa, mas toda a tropa Skyward, como eles decidem chamar seu esquadrão.
São jovens como ela, alguns tentando se provar, outros cumprindo tabela, outros privilegiados de estar ali pelo simples fato de serem da elite: devagar, o autor nos mostra a humanidade de cada um. Mesmo aqueles que você acreditava serem o puro suco da meritocracia são, na verdade, sobreviventes desse planeta hostil, tendo que sobreviver nos ares para garantir a sobrevivência na terra.
"Conquiste as estrelas."
Meus favoritos foram Hurl e Jorgen; Hurl é misteriosa, mas se mostra atenciosa e uma amiga gentil para Spensa quando ela precisa. Jorgen, por outro lado, é o cabeça dura de moral honrada e ansioso para provar que seu papel como líder de esquadrão não tem nada a ver com seu berço de ouro.
Ambos foram uma surpresa porque começam como incógnitas e a Spensa vê neles obstáculos e adversários. Com o passar da trama e das perdas e dos sustos, eles se mostram amigos.
Dos coadjuvantes adultos, M-Bot foi uma surpresa absoluta. Uma nave com inteligência artificial que aparece de repente e traz uma personalidade sarcástica e debochada para a narrativa. O brotp dele com a Spensa foi DEMAIS.
Cobb, treinador e ex-piloto, carrega cicatrizes e amargura do seu tempo servindo os esquadrões e, aos poucos, você entende os motivos. É através dele que Spensa vê que o DDF não é exatamente a mais alta honraria que pode existir. Que o comando dos pilotos não é um mar de rosas.
Honestamente? Eu gostei de tudo. A construção desse universo novo do autor é muito criativa e gradual. Ele não joga informações e sai em disparada pelos ares, mas te apresenta as coisas conforme a Spensa se aventura pelos lugares, conforme se lembra das situações. Assim como a voz dela na narrativa, a apresentação de universo é muito natural.
Aqui, o livro foi publicado pela Planeta Minotauro - mas não tem previsão do lançamento do segundo, Starsight - e, como eu já li em inglês mesmo, tô correndo garantir a sequência pra mim. Para quem quer se arriscar em inglês, achei as descrições de um nível fácil para intermediário. Não me perdi nenhuma vez, então fica a dica para quem quer tentar!
Com um final bombástico e reviravoltas que me deixaram sem chão, Skyward já deu espaço para tudo que o Brandon Sanderson escreveu e vier a escrever na minha estante.
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