Naty 18/06/2022
Entre a bravura e a covardia. Run to the stars!
Nesse livro mais YA do Brandon Sanderson somos apresentados a Spensa (Spin para facilitar), ela vive num planeta onde os seres humanos vivem alojados em cavernas subterrâneas, já que, na superfície, os Krell (espécie de navios de guerra desconhecidos por eles) detonam bombas constantemente. É um planeta rodeado por uma camada de lixo eletrônico (vou pôr assim). O lixo espacial é espesso e protege aquele lugar, mas também os impede de ver o céu. Daí o nome "Skyward", a protagonista ama ver o céu e as estrelas, coisa que ela só viu uma vez com seu pai quando era pequena e uma buraco nesse camada de lixo fez com que eles conseguissem vir as estrelas do outro lado.
Mas agora, deixando de blá blá blá, acompanhamos essa menina depois de ter perdido seu pai na guerra espacial. Ele era o melhor piloto, um dos mais respeitados. Mas na Guerra de Alta, ele abandonou seus companheiros e fugiu, sendo alvejado em seguida pelo seu próprio parceiro de batalha por ordens da comandante. Depois disso, a vida dessa menina e de sua família ficaram marcadas pelo erro de seu pai. Ela virou a filha do covarde. Apesar disso, ela nunca acreditou na história oficial; nem ela nem sua mãe ou sua avó. E ela iria provar que o pai não era um covarde e ela também não. Ela seria respeitada. É essa luta dela para passar para escola de pilotos que a gente acompanha de início.
Falando um pouco, então, da personagem principal, Spin é uma menina bem diferentona. Ela enfrentou muito bullying e isso a moldou de uma forma que ela cria uma capa de coragem e valentia em volta dela. Ela fica falando que vai matar os Krell, ver seus filhos chorarem. kkkkkk Uma loucura. Todos os filhos dos pilotos que lutaram nessa guerra tinham lugar garantido nas cavernas mais profundas, onde uma bomba dos Krell da superfície não os poderia atingir. Mas ela e sua família não. Ficaram legadas à pobreza nas cavernas mais superficiais. Então kkkk ela caça ratos para comer. kkk Sim. De início é uma personagem tão estranha e combativa que é difícil se apegar a ela. Ela finge que os ratos são os krell e os atinge fatalmente kkk É bem engraçado. Ela estuda com seu único amigo, Rig, para entrar na escola de pilotos só para depois saber de segunda mão pela sua pró que a coordenadora de Alta (local onde se formavam os pilotos e de onde eram comandadas as missões contra os Krell) não a aceitaria independentemente de sua nota. Ela fica louca. Vai passear nas cavernas, seu entretenimento solitário. Aí ela para e pensa: "E se isso for um teste para ver se eu só covarde ou não? Eles querem ver se isso me faz desestimular" E ela corre para a prova.
Pobre Spin. Era verdade. Não iriam deixar ela entrar. Deram um teste para ela impossível de responder, enquanto os filhos de outros pilotos renomados podiam entregar os testes em branco e poderiam passar mesmo assim. Aí ela faz um outro ato de rebeldia. Ela responde a prova de todos que deixaram ela em branca depois que a prova acaba e fica na sala de testes. Coob, então, vê aquilo e dá a ela permissão para ir a Alta ter as aulas de piloto. Ele era um dos professores de lá e disse que sobre sua classe ele teria autonomia, mas que duvidava que a coordenadora a deixasse graduar no final. De qualquer forma, ela aceita. Coob era o parceiro do pai dela como piloto na época em que o pai dela voava.
Enfim, já contei MUITO da história e isso não é nem metade de tudo que acontece.
É uma protagonista que cresce muito durante a história e você começa a se apegar mais a ela nuns 30-40% do livro. Ela se torna menos combativa, para mais para pensar. E aí vem as grandes discussões sobre o que é covardia e o que é bravura no livro. Muitos da sua classe morrem durante incurssões espaciais. MUITOS. E a cada morte todos se questionam se toda aquela luta vale a pena. Quando um piloto é atingido, ele pode ejetar de sua nave, mas, se fizer isso, a tecnologia da nave fica perdida e ele são tidos como covardes. Nunca mais poderão pilotar. Mas Coob, o professor dela fez isso e sempre os diz para fazer o mesmo caso percebam que vão cair e morre. De que vale a bravura de um corpo morto?
Apesar disso tudo, deisistir é mostrar que ela é covarde como dizem que seu pai era. Desistir é perder a guerra contra os Krell. A coordenadora de Alta Base faz de tudo para infernizar a vida de nossa personagem, mas nisso ela acaba a fazendo mais forte.
Será o pai dela um covarde? Quem são os Krell? Que nave é aquela que ela acha numa caverna e consegue conversar com ela? Por que ela ouve as estrelas? Como vencer um guerra em que não se entende quem é o inimigo?
É uma história que mistura redenção pessoal, uma jovem amadurecendo, superando o bullying, lutado contra todas as expectativas ruins que tinham dela.
É um livro bem sci-fi. Não curto muito esse estilo literário, mas aqui caiu muito bem. É o livro mais light e infantojuvenil que já li do Sanderson, mas mesmo assim é tocante. Um dos livros mais tocantes que já li dele. Primeiro livro de guerra no espaço que leio e não poderia ter escolhido algo melhor. Só tenho 3 semanas de férias, eu pensei. Tenho que ler algo bom. Vou ler Sanderson.
Aqui, diferentemente de outros livros, não há muito um contexto mágico e sim mais manobras no ar com espaçonaves, tecnologia avançada, comunicação e armas espaciais. Coisas que não são muito meu tipo. Mas me encantaram com a forma como ela as trabalhou. Até quando achei que poderia ter magia, pelo fato dela ouvir as estrelas e do tal "defeito", percebi depois que tudo teve uma explicação mais lógica e mais contextual.
A cada fim de capítulo, você quer mais e mais. Quer saber do pai dela, da guerra, dos Krell...Tanto a desvendar. E tão bem trabalhado pelo autor. Cada personagem é posto e tem seu papel essencial na história. Eles treinam muito e não nascem sabendo. Nada se resolve no pir lin pim pim. É maravilhoso. Amei o livro. Já estou na continuação.
Um final que tem sabor de quero mais. Mas que fecha bem muitas de nossas dúvidas. Ainda bem. kkkkk