ThaisTuresso 03/07/2018Uma obra envolvente e mística!A obra “Até quando?” de Christiane de Murville é uma obra de ficção que envolve vislumbres, experimentos da vida dos personagens que são apresentados um a um no decorrer da história. João é apresentado como um personagem sem condições financeiras que vive sem motivação e é extremamente invejoso. Almejava ter a vida do Sr. Mário a quem considerava intransigente, maquiavélico, este além de ser dono das construções e dos empreendimentos para os quais trabalhava, tinha uma arquiteta a qual ostentava aos marmanjos da obra, Joana.
“Apesar de aparentemente em times contrários, o Sr. Mário e João tinham características em comum, pois ambos viviam preocupados apenas com eles mesmos.”
João queria viver outra existência, ter o que o Sr. Mário possuía: carro bacana, mulher bonita e muito dinheiro. Entretanto, apenas lamentava sua sorte sem nada fazer para mudar a sua situação real. Então esse cenário chegou ao fim.
Havia também Paula, Chiquinha, Miguel e outros personagens. E novamente João. Em outros cenários. Em outros contextos. Novas realidades: com ou sem dinheiro, feliz ou infeliz no amor, cheio de amigos ou inimigos, ora percorrendo caminhos bons, ora trilhando caminhos ruins. Personagens que trocam de lugar em suas projeções.
Em outro cenário, João trabalhava e conquistava arduamente o salário, enquanto Paula esbanjava sem pestanejar.
“Paula gastava muito. Vivia estourando o limite do cartão de crédito e a conta do cabelereiro era um absurdo! Sem contar que ela nunca estava satisfeita com o que tinha, vivia de olho no que os outros tinham, desejando a roupa da moda, o sapato da vizinha, o anel da comadre e assim por diante. Era um poço sem fundo de desejos insaciáveis e de necessidades infindáveis.”
Adiante, temos situações inusitadas que trilham as diversas possibilidades de existência, um verdadeiro “vai e vem”, em meio ao turbilhão de memórias que percorrem os personagens, principalmente as de João, o leitor poderá notar que as escolhas, os caminhos e alguns padrões se repetem de formas distintas e em diferentes ocasiões. Estaríamos aprendendo alguma coisa com essas coexistências?
“Talvez o futuro já estivesse aqui e só existisse enquanto se tinha a memória de um passado. Criava-se uma realidade futura, projetava-se uma nova experiência, para resolver algo dentro de si, para arrumar o passado. Senão, viver-se-ia plenamente no presente, sem a necessidade de materializar um novo futuro. Esse não era um conhecimento que João havia aprendido em livros.”
Percorrendo por uma linguagem rebuscada, a autora escreveu esse livro de forma bastante reflexiva, envolvente e instigante. O leitor é convidado a fazer uma análise de suas próprias projeções para que ao compararmos as repetições errôneas do personagem, possamos aprender a viver em paz, harmoniosamente e plenamente feliz. Seríamos o autor dos nossos destinos.
“Notava que toda vez que ajudava alguém a se sentir melhor, a vislumbrar um mundo mais colorido, a ampliar horizontes e enxergar novas possibilidades, ele também se sentia mais alegre, leve e satisfeito consigo mesmo e com a vida.”
É uma leitura totalmente diferente de muitos livros e gêneros que li, a autora percorre com existencialismo, acredito que até mesmo filosofa com os cenários dentro do livro relacionando-os a existências reais.
A diagramação é muito bonita, o livro possui ilustrações que a própria autora criou, assim, são condizentes com a história o que as tornam espetaculares!
Recomendo para quem procura leitura diversificada e para quem deseja conhecer mais a obra.
site:
http://viajenaleitura.com.br/2018/06/resenha-ate-quando-parte-1-o-vai-e-vem-christiane-de-murville.html