Raquel.Fagundes 18/01/2021
Um livro para se alienar em meio ao caos
Já faz um tempo que acompanho o trabalho da Ana Canosa e não me surpreendi quando mergulhei com prazer na leitura logo nas primeiras páginas. Ele é dividido em alguns casos clínicos e cada história contém uma ilustração linda para acompanhar (destaque especial, inclusive). Ana escreve de forma deliciosa, fluida e divertida. Levanta debates lúcidos a respeito do machismo, feridas provocadas pela homofobia, abuso e masculinidade tóxica que, sem cicatrizar, muitas vezes se fazem presentes em tantas relações - e nem fazemos ideia. (Em certa medida, a gente continua insistindo em pensar que a vida do outro é melhor que a nossa, né? Spoiler: nem sempre é).
Ainda que a autora seja psicóloga, diferentemente dos livros comuns da área, esse não é um livro frio e direcionado. A linguagem é acessível com explicações até bem simplistas, creio eu, com o objetivo de facilitar a compreensão de todos. Partindo do olhar de quem está inserido na área da psicologia, vale mencionar que as análises são mais direcionadas para a abordagem psicanalítica, que realmente não faz parte da minha visão de mundo, o que me levou a discordar e torcer o nariz em alguns momentos. Ainda assim, enxergo mais como uma discordância teórica do que como um desagrado em si, pois continuo achando que esse é um daqueles livros super interessantes e divertidos que faz questionar a forma de se relacionar e de enxergar a sexualidade.