Mas Não Se Mata Cavalo?

Mas Não Se Mata Cavalo? Horace McCoy




Resenhas - Mas não se matam cavalos?


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Pseudokane3 15/02/2011

'Ipsis literis' de mim mesmo:
Apesar de não ser um romance de todo avassalador – alguns detalhes do enredo funcionam melhor para quem experimentou por dentro as mazelas estadunidenses descritas pelo autor – tornamo-nos cúmplices por completo do protagonista-narrador, cumplicidade esta que anseia para ser verificada por mim no filme de Sydney Pollack dele derivado, em que Jane Fonda faz o papel da violentamente depressiva personagem Gloria. Porém, o que mais me surpreendeu durante a leitura do livro, para além da inteligente divisão dos capítulos, entrecortada pela sentença de pena capital atribuída contra o protagonista, foi a minha completa ignorância em relação ao diretor hollywoodiano Robert Boleslawski, realizador de “O Jardim de Allah” (1936), filme este que eu anseio para ver o quanto antes, mas não tanto quanto anseio para ver “A Noite dos Desesperados”. Depois eu adiciono um porquê...

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Fabio Shiva 27/08/2010

Uma pequena obra-prima!!!
Graças à amiga Teresa pude finalmente travar contato com esse “pequeno grande livro”, que meu preconceito havia descartado como sem interesse.

Esse é um livro de forte impacto, sob qualquer ângulo que se olhe. Do ponto de vista da técnica literária, é admiravelmente bem escrito. Identifiquei uma boa meia-dúzia de livros que beberam diretamente desse “Mas Não Se Matam Cavalos?”. McCoy conduz com mão segura até o seu clímax seco e amargo, que por mais antecipado nada perde em intensidade dramática. Uma obra de mestre, sem a menor dúvida.

Do ponto de vista da história em si, parece surpreendente que um livro tão pequeno possa conter tanto peso. A trama gira em torno de uma maratona de dança ocorrida em plena depressão na década de 1930 nos Estados Unidos. Enquanto os casais se arrastam na pista de dança, trôpegos de cansaço e desespero, McCoy sugere profundos questionamentos existenciais.

Minha opinião sobre o livro teria sido bastante diversa se nele eu tivesse enxergado apenas o nihilismo. Considero o pessimismo uma enfermidade mental, e por isso não me agradam as odes vazias ao “vazio do ser”. Mas o livro de McCoy vai além dessa tristeza óbvia e cansativa.

Pois logo salta aos olhos que a maratona de dança é uma metáfora para a própria vida. As pessoas precisam seguir em frente, na “dança da vida”, vencendo minuto a minuto o medo, o cansaço, a vontade de desistir.

Se a metáfora se esgotasse aí, seria realmente muito pobre a proposta de McCoy. O sentido final seria o de que a vida é simplesmente desprovida de sentido, um esforço tedioso e inútil.

Mas o autor nos convida a ir além. Pois a vida que ele descreve, essa vida realmente insensata, é a vida artificialmente construída pela civilização ocidental, a vida de sonhos vazios prometidos pelo “american way of life”. Na busca desses sonhos enlatados, muitas vezes os valores essenciais vão ficando pelo caminho. Exatamente como ocorre na história de McCoy.

Tudo o que importa, na pista de dança, é o entretenimento do público e o lucro dos patrocinadores. Agressões, traições e até mesmo assassinatos são fatores de menor importância, desde que não atrapalhem o fluxo das caixas registradoras. O casamento, como instituição-base de nossa sociedade, é duramente criticado. Em dado momento, um casamento entre dois participantes é combinado unicamente para atrair mais público para a maratona.

Poderia escrever muito mais ainda, mas assim a resenha periga ficar maior que o livro!

Teresa, querida amiga, agradeço esse belíssimo presente!!!

(10.08.08)

Kaique 12/09/2022minha estante
Bela resenha


Fabio Shiva 12/09/2022minha estante
Valeu, Kaique!




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