O Ditador Honesto

O Ditador Honesto Matheus Peleteiro




Resenhas - O Ditador Honesto


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Alexandre 01/03/2019

Narrada em primeira pessoa, na voz de um advogado que assiste ao seu chefe, inconformado com a posição social que lhe pertence e em meio ao caos coletivo estabelecido, ser consumido pelo ardente desejo de alterar as estruturas sociais do seu país, o Ditador Honesto é uma narrativa distópica que nos provoca muitos incômodos.

Perplexos somos apresentados a Gutemberg que ora mocinho ora vilão, acaba sendo eleito presidente do seu país numa campanha baseada principalmente em post nas redes sociais e realiza mudanças estruturais em diversos setores daquela sociedade a começar pela segurança pública e pela educação.
Escrito em 2016 e publicado em 2018, o livro é uma sátira sobre o modo atual de se fazer política em nosso país, em que esquerda e direita se confundem, em que o judiciário interpreta com parcialidade a constituição e com um executivo ocupado por evangélicos, banqueiros e latifundiários.
Peleteiro 01/03/2019minha estante
Muito obrigado pela resenha, Alexandre! ??


Alexandre 01/03/2019minha estante
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Ranniel 11/01/2019

Livro perfeito
"Os fascistas do futuro não vão ter aquele estereótipo de Hitler ou Mussolini. Não vão ter aquele jeito de militar durão. Vão ser homens falando tudo aquilo que a maioria quer ouvir. Sobre bondade, família, bons costumes, religião e ética. Nessa hora vai surgir o novo demônio, e tão poucos vão perceber a história se repetindo." Autor Desconhecido
Igor Almeida 06/03/2019minha estante
"Bondade, família, bons costumas, ética e religião". Curiosamente essa descrição se mescla com o conservadorismo. Eu também fico me perguntando sobre o posicionamento ideológico de quem escreveu isso. Mais interessante ainda é o perfil das pessoas que gostam dessa frase, tende a se repetir. Já vi outras definições totalmente contrárias. Nada do que rotulam hoje de fascista tem sequer o cheiro do fascismo tal qual idealizado. No fim das contas, cada um escuta o que quer ouvir e vê no oposto tudo aquilo que se entende por ruim.




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Tarsila.Ribeiro 24/08/2018

Recomendado
#ODitadorHonesto de @_matheuspeleteiro conta a história de Gutemberg Luz, um advogado que decide entrar para a política e guiar o destino político do Brasil após muito se entristecer com a situação atual que o país enfrenta. Depois de vencer as eleições e se tornar presidente do Brasil, Gutemberg passa a tomar medidas administrativas que agradam a população porque de fato mostram uma grande melhora social no que diz respeito à saúde, à segurança, à educação, mas será que os meios pelos quais ele consegue alcançar essas mudanças são realmente bons? ? é bastante interessante a proposta do livro e poder ler uma distopia sobre a situação brasileira é MUITO legal! Finalmente chega até nós uma literatura brasileira contemporânea de qualidade, que pode se comparar a qualquer literatura americana para público adulto, mas agora ela é feita por nós e para nós! ?
? as reflexões que o livro suscita são interessantes e fazem o leitor se posicionar diante do enredo o tempo todo. A leitura vai causar incômodo, vai causar revolta, mas esse é o objetivo: despertar o leitor para as questões atuais em relação às quais já estamos indiferentes. ? leitura altamente recomendada!
? projeto gráfico excelente! Amei a capa e a diagramação
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Rosana Vinguenbah 21/08/2018

Se você vivesse sob um regime totalitário que conseguisse estabilidade econômica, saúde e educação de qualidade e segurança pública que praticamente extinguisse a violência e a criminalidade, você seria feliz?
Esse é um dos questionamentos que me fiz ao ler "O ditador honesto" do autor baiano Matheus Peleteiro @_matheuspeleteiro.
Gutemberg é um advogado muito inteligente que resolve se candidatar a Presidência da República por um partido falido que não lhe daria chances de vitória. Com a sua inteligência e poder de persuasão, Gutemberg não só lidera as pesquisas, como ganha as eleições juntamente com dois amigos que disputaram uma vaga de Senador e Deputado.
Quem narra a história é Antônio, secretário de Gutemberg desde o escritório de advocacia e trabalha para o Presidente após a sua vitória.
Situações impostas a população que são vistas inicialmente como arbitrariedade começam a alavancar o país e trazer melhorias para a sociedade. O enredo se passa no ano de 2026 e diferente de uma distopia, considero esse livro como uma narrativa utópica que satiriza o nosso sistema político.
É um livro leve, mas, ao mesmo tempo conduz a reflexão.
Gostei muito dessa história e recomendo a todos aqueles que estão descontentes com a "democracia" na qual estamos inseridos, além de ser um livro prazeroso de ler.
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O Colador de Resenhas 20/08/2018

Um presidente para um tempo de egoístas humanitários
por Alexandre Rabelo*

O Ditador Honesto é o quarto livro de Matheus Peleteiro, autor jovem, prolífico, cheio de gás, apaixonado. Neste livro, Matheus volta a publicar de forma totalmente independente, talvez porque seja o mais polêmico de todos.
Ele nos mostra a imagem de um ditador honesto, um advogado que pensa ter a solução para todo o Brasil, cheio de carisma, entusiasmo, ingenuidade, bons ideais, e inteligência para agregar em sua figura todas pautas mais importantes das minorias e da maioria pobre, sendo exaltado tanto pela esquerda dividida e arrasada, quanto por uma direita que se entrega ao movimento de crescimento econômico trazido pelas novas leis de impostos que o novo líder, Gutemberg Farias, apresenta, o tornando um ícone e mártir internacional.
Quem nos conta sua trajetória é um homem muito simples que sempre havia sido seu secretário, desde os tempos das firmas de advocacia. Este narrador apenas recebe as tarefas de seus superiores, intercede em poucos casos e, anos depois dos fatos, num futuro quem sabe ainda mais sombrio, nos conta sua história de encanto pelo chefe e líder da nação. Gutemberg é extremamente sedutor, tem lábia e fé no resgate dos ideais de justiça dos grandes democratas românticos e vindos de família pobre. Não deixa de ser uma figura egoísta em sua paixão cega, mas sua ambição não parece tamanha como veremos. Ele não tem a força totalitária de um Grande Inquisidor, personagem célebre do último romance de Dostoievski, que aprisiona Cristo por julgar que este não poderá oferecer liberdade, igualdade e fraternidade senão para uma pequena minoria de alguns milhares. Estabelece a dialética do pão e da pedra. O grande inquisidor nos diz: se eles do povo se organizarem por si mesmos, nas mãos deles o pão do trabalho se transformará em pedra de guerra, enquanto que, organizados por nossa hierarquia, e por nossas mãos, dos totalitários, as pedras se transformarão em pão em nome de seus valores humanitários, pois o ser humano só é capaz de ser regido pela autoridade, pelo mistério e pelo milagre. O Ditador Honesto do romance de Peleteiro precisa mistificar a si mesmo, tanto como Cristo quanto como Inquisidor.
A população brasileira não dá conta do milagre quando Gutemberg ascende ao poder e faz todas as conquistas impossíveis. Ele é um anti-herói trágico como o Gatsby de Fitzgerald e, como neste clássico americano sobre o poder, é narrado por seu amigo e admirador que o vê como o próprio mistério. O jovem nos narra uma trajetória política e familiar angustiada, de um líder tentando entender seu próprio limite e que, após todas as conquistas, perde a sede de mudança, chegando a desistir de uma reeleição. Entretanto, o que nos interessa em sua ascensão é como, no mecanismo do poder, o idealismo coopera ou não com a corrupção.
A história se passa num futuro próximo, não há alusões a inovações tecnológicas, não há discussão com políticos administradores ou cabeças importantes do mercado financeiro de capital mundial. O livro é focado no Brasil em tom de fábula. Vemos quase um rei das antigas criando leis e revisando impostos, como se isto só fosse possível num governo centralizado e forte como a monarquia. Sua trajetória é a do diabo vaidoso e compassivo aos homens, como o Dr. Fausto de Tomas Mann. Numa eleição milagrosa, cresce nas redes sociais e num partido novo, fantasma como todos os outros. Ganha base parlamentar suficiente para não ser incomodado por nenhum grupo radical. Nesta fábula, o foco está em chamar a responsabilidade para o leitor-eleitor, ao invés de apenas culpar os políticos e focar em suas artimanhas corruptas. A pergunta é para nós: o quanto conseguiríamos suportar um sistema de igualdade e livre circulação?
Matheus Peleteiro tem aprendido com fabulistas modernos como Saramago, Camus e Hilda, de leve. Os três trazem como foco a ambiguidade do homem em situação de poder, os três trazem a sombra do mais humilde e do mais poderoso como lição. Ao redor do ditador honesto é revelado um teatro de máscaras, como nos descreve Artaud em seu texto O teatro e a peste, o qual se casa com a narrativa fantástica La peste, de Camus, onde uma sociedade acometida pela corrupção e doença, deixa cair suas máscaras, e membros de cada instituição importante que rege a sociedade, invertem seus valores para sobreviver à urgência do caos.
Gutemberg poderia ser definido como um ufanista egoísta, segundo o próprio Matheus, e quer mudar a própria realidade. Neste sentido, a crítica caberia a muitos de nossos atuais governantes, não só a um ou outro. Este livro iguala todos os rivais. Não se resume a uma intriga policial de nível governamental como no romance Agosto, de Rubem Fonseca, mas numa metáfora fabulesca da relação deste líder com seus assessores idealistas imediatos e a população civil brasileira.
É um acerto de contas para nossas consciências, vindo de um jovem escritor e pesquisador das leis, egresso de uma faculdade de Direito, como grandes nomes do nosso romantismo literário mais rebelde, um Álvares de Azevedo, um Castro Alves, um Gonçalves Dias, e até um Fagundes Varella. No mundo de hoje, temos que ter mais armas contra o cinismo, as quais Peleteiro não deixa de buscar num Bukowski, sempre que necessário. Fico feliz que um rapaz tão jovem tenha dedicado a escritura do seu quarto livro a trazer a questão mais urgente do nosso país com ironia tão fina, tentativa só alcançada com o mesmo porte por Ricardo Lísias, no livro sobre Eduardo Cunha.
Li O Ditador Honesto em apenas dois dias. Embora nos traga tantas questões, tem a urgência dos nossos tempos, e imagino que conquistará muitos leitores interessados em reconhecer as próprias ambiguidades neste momento tão sombrio para a política brasileira. Este livro se coloca na mistura entre um romance histórico e uma ficção distópica, assumindo o extremo da fábula de um passado que já nos condena a um futuro cada vez mais fechado. Quem substituirá nosso ditador honesto?, nos resume.
Este potente neófito das letras de Salvador, Matheus Peleteiro, joga a resposta para todos nós, trabalhadores de um país ainda amador. E salve Jorge Amado, seu conterrâneo mais célebre, que sempre foi direto em suas críticas políticas, com a verdadeira vocação satirizante de um brasileiro terno e sábio que conhece sua gente.

Alexandre Rabelo é autor dos romances Nicotina Zero, Hoo Editora, 2015, Itinerários para o fim do mundo, Editora Patuá, 2018, e tem sua base em São Paulo.
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Caroline 07/07/2021

Resenha - O ditador Honesto
Editora: Garimpo & Parceiros
Formato: e-book
Autor: Matheus Peleteiro

?A verdade é que nunca houve utopia maior do que as expectativas que criamos.?

A sátira política construída pelo brilhante autor nos mostra um Brasil diferente do que estamos acostumados, mas nem tanto.

A sua narrativa inicia com a desesperança de um povo que deixa de acreditar nos políticos, crendo que o país não teria mais jeito, sendo culpa da política existente.

Nesse cenário, surge o brilhante advogado Guttemberg Luz, o qual acreditava veemente no progresso graças às utopias estudadas por este na faculdade de Direito.

O seu braço direito, secretário Antônio, nosso narrador, explica passo a passo como seu chefe, de modo brilhante, chega ao poder, transformando o Brasil em um país progressista.

Contudo, o que o nosso Presidente não sabe é que apesar de dar àquilo que as massas queriam (independente de ideologias de direita ou esquerda) seu governo teria um fim catastrófico.

Digno de ser aclamado como as mais famosas distopias - 1984, Admirável Mundo Novo e Fahrenheit 451 - o autor nos entrega uma sociedade na qual o que mais sonhamos pode ser o nosso pior pesadelo.

A crítica sobre como a política brasileira é tratada nesse livro nos traz reflexões importantes, principalmente, no que tange aos momentos vivenciados de 2017 pra cá.

Livro atual é necessário, haja vista a proximidade das eleições presidenciais.
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Vivian.Tamires 17/12/2023

Ok, apenas
A premissa do livro é muito legal, porém a escrita não me cativou tanto. É um livro rápido e direto ao ponto, o que ao meu ver combinou com a história. Outro ponto é que algumas reflexões abordadas são interessantes e te fazem refletir. Talvez com o passar do tempo a história cresça na minha mente, mas por ora achei só ok
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Gabriel Perez Torres 04/04/2024

Uma obra significativa e necessária
A partir da leitura de "O Ditador Honesto", percebe-se uma obra audaciosa e multifacetada que busca transgredir os limites da narrativa política convencional. Matheus Peleteiro constrói uma história que é ao mesmo tempo um espelho e uma crítica da polarização política brasileira, articulando uma trama que se aprofunda nas complexidades e paradoxos da busca pelo poder e pela mudança social.

Narrada por Antônio, a história oferece uma introspecção profunda não apenas dos eventos, mas também das motivações e reflexões internas dos personagens, especialmente de Gutemberg. Este personagem emerge como um símbolo do idealismo em conflito com a realidade pragmática da política, navegando entre o desejo de transformação radical e as limitações impostas pelas estruturas existentes. A abordagem de Gutemberg à liderança, embora utópica, reflete uma crítica incisiva à dicotomia simplista frequentemente encontrada na discussão política, onde a nuance é sacrificada em favor do confronto.

O uso de sátira na obra é particularmente eficaz, permitindo que Peleteiro deboche da simplificação excessiva das posições políticas, ao mesmo tempo em que incita o leitor a uma reflexão mais profunda sobre a verdadeira natureza do poder e da governança. Este deboche não é apenas uma ferramenta literária, mas uma poderosa declaração política sobre a inadequação dos binarismos para capturar a complexidade da realidade brasileira.

No entanto, o grande trunfo da obra talvez resida na sua capacidade de desafiar o leitor a repensar não apenas as políticas públicas e as lideranças políticas, mas também o próprio papel do cidadão na construção da democracia. "O Ditador Honesto" não oferece respostas fáceis; ao contrário, complica propositalmente a compreensão do leitor sobre moralidade, ética e eficácia política, forçando uma introspecção que é raramente provocada por obras de sua natureza.

Em conclusão, "O Ditador Honesto" de Matheus Peleteiro é uma obra significativa e provocadora que se destaca não apenas por seu enredo engenhoso e personagens bem desenvolvidos, mas também por sua capacidade de engajar profundamente com questões políticas e sociais complexas. É uma leitura essencial para aqueles que buscam entender não apenas a política brasileira, mas também os desafios inerentes à busca por uma sociedade mais justa e equitativa.
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