Paulo 22/10/2020
Histórias de apocalipse zumbi nunca foram um gênero que me agradaram muito. Mesmo quando eles estavam na moda. Acho uma boa diversão pipoca momentânea, mas é uma literatura que raramente propõe alguma reflexão sobre alguma coisa. Felipe Castilho pega o tema e faz uma sátira às histórias de comédia romântica colocando duas pessoas em um encontro onde tudo parece dar certo... até que não dão. Mesmo com a escrita ágil do autor, eu não cheguei a me empolgar com a história, e a culpa é inteiramente minha porque não sou o público para esse tipo de história. Então já peço desculpas ao autor e aos leitores que curtem histórias de zumbis. Vou tentar ser o menos resmungão possível.
Márcio e Rita estão voltando juntos do trabalho em um dos raros momentos em que eles pegam o metrô juntos. Márcio não está indo para a faculdade e o trânsito em São Paulo está uma loucura. Tudo está parado. Não se sabe o motivo. Eles decidem descer em uma estação onde param para tomar um café onde rola um flerte básico entre os dois. A ação corta para alguns dias depois onde o mundo virou de ponta a cabeça com zumbis por toda a parte. Márcio se entrincheirou na faculdade e não come já há algum tempo. Enquanto luta por sua sobrevivência ele pensa em o que poderia ter acontecido com Rita.
A escrita do Felipe é dinâmica e as descrições passam com uma fluidez que voa pelas páginas. Esse é aquele conto para você ler na fila do banco. Os diálogos são ágeis, as cenas de ação são bem construídas a ponto de você conseguir imaginá-las. Ele consegue balancear bem a brincadeira do jogo do flerte do casal com o apocalipse zumbi iminente. Dá para imaginar os cortes de cena. É como se estivéssemos vendo um livro em movimento e não tenho dúvidas de que o autor usou o esquema de roteiro de cinema para construir o conto. O conto é construído em alternâncias entre tensão e distensão, ou seja, temos momentos de perigo iminente alternando com momentos leves e descontraídos.
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