Gabriel 27/02/2023
Respondeu muitas perguntas; sem dúvidas, é um livro essencial pra todos buscadores espirituais que querem realmente se aprofundar na metafísica de Deus e do universo
O Desaparecimento do Universo é um livro de cunho espiritual que discute temas muito profundos como a natureza do mundo e da realidade em si, pecado, culpa, Deus, unicidade, Jesus, cristianismo, sexo, morte, e dentre outros temas. De acordo com o autor, dois “mestres ascensionados” se materializaram em sua sala e de maneira muito tranquila e simpática, começaram a discutir tais temas. No decorrer da conversa, apresentam-no um caminho espiritual famoso e bastante conhecido nas comunidades espirituais, o livro Um Curso em Milagres, e com base nele, fundamentam todas as suas explicações e lições.
Acho que um dos principais motivos pelo qual me apaixonei tanto por este livro foi o fato de eu me identificar muito com o autor e com os seus conflitos internos. Vou exemplificar e contextualizar:
> Gary não era “cru” em matéria de espiritualidade, pelo contrário, ele praticava e estudava tal assunto em suas várias correntes, sempre buscando respostas (confere comigo);
> Em seu coração, Gary ainda tentava entender/aceitar uma espiritualidade que realmente fizesse total sentido em seu coração; ele se questionava e as respostas que encontrava ainda eram duais (confere comigo);
> Gary é pisciano (confere comigo, rs)
Não, este não é um livro que vai ensinar astrologia, mas é um livro que, se você for de coração aberto e tiver sede de respostas para questões espirituais e metafísicas no universo, vai encontrar.
Como Gary, eu também me definia como um “buscador”. Na pandemia, senti um chamado forte no meu coração em filosofar a respeito de questões mais profundas e metafísicas, de tentar entender realmente o que era Deus, o porque eu estava aqui, qual era o motivo disso tudo. Realmente, o autoconhecimento foi algo muito forte dentro de mim, comecei a ficar viciado nisso. Em decorrência, aprendi a me apaixonar pela filosofia e levei a sério meus estudos, sempre de cabeça aberta nesse novo mundo “esotérico”. Esse “estudo” geralmente abarcava a leitura de livros, palestras, meditação, e muitos vídeos no Youtube. Consumi muita coisa, do nível micro a um nível macro: hermetismo, projeção psicológica das sombras (Jung), kardecismo, filosofias orientais (budismo, hinduísmo, taoísmo), relacionamentos líquidos (Bauman), lei da atração, arquétipos, física quântica, tarot, vibração, energia, filosofia ocidental (Platão, estoicismo), ho’oponopono, dentre outros. Nas filosofias, uma síntese bastante interessante que representa similaridade com as mais variadas tradições é da “unicidade do ser”, ou seja, a ideia de que em essência existe apenas um Ser apenas, não dual, e que é puro amor. É um conceito bem metafísico e abstrato, mas que foi entendido por mim especialmente após ter estudado hermetismo (lei das polaridades/ritmo). (Gostaria de dar meus créditos as palestras da prof. Lúcia Helena Galvão no YouTube, que sempre remontam à esse princípio de unicidade – que professora extraordinária, diga-se de passagem).
Quem gosta de consumir conteúdo desse “mundinho” certamente já ouviu frases como: “você cria a sua própria realidade”; “em essência, somos inabaláveis e feitos a imagem e semelhança de Deus”; e “somos todos um”. De fato, há certa sabedoria em todas esses ditados, mas confesso que a minha cabeça ainda não conseguia “transcender a dualidade” do mundo, eu não conseguia sair da ideia do certo e errado e ainda havia por projetar muita culpa em mim mesmo. Aplicando a ideia central do livro (e de Um Curso em Milagres), reafirmo que não estou apontando dedos para determinados “gurus espirituais” de nosso tempo e nem os julgando como errados; o verdadeiro perdão transcende isso de certo e errado – mas não posso negar que muita coisa palestrada/explicada durante os meus estudos voltavam à ideia central que a maioria das religiões praticam (incluindo a cristã, minha religião de origem): de condenar, julgar, luta do bem contra o mal, “salvar o mundo” do mal, dos obsessores, salvar os desencarnados do umbral, “aja de determina forma, caso contrário, seu karma irá aumentar”, etc, etc, etc. Essas ideias não se processavam na minha cabeça, afinal, se Deus era só amor (unidade), qual o sentido dele julgar a dualidade? Onde estava a essência divina que esse pessoal tanto mencionava, mas não se aprofundava? Cadê a unidade? No fim das contas, o plano do ego ainda se manteve na minha mente, e a minha culpa inconsciente de fato veio a se manifestar. Entrei nessa neura e me senti mal, errado, culpado, preguiçoso, como se eu estivesse que “ganhar” o mundo em um sentido espiritual e não conseguisse, etc. Me perdoei por isso.
Veja, não estou dizendo que isso “não exista” – karma/causa e efeito, obsessores, reencarnação, umbral, energia negativa, etc -, mas restou perfeitamente esclarecido no livro o motivo disso existir (e fez muito sentido, a meu ver). E um dos primeiros tapas na cara que o livro te dá é: Deus não criou isso, ele não criou a dualidade, ele nem chegou a criar este mundo de ilusões. Mas onde está Ele, então? Isso também é respondido. Em resumo, “Deus é” algo fora do tempo/espaço, algo completamente abstrato, sem especificidades, sem forma física, mas que é puro amor incondicional. É dito também que Deus anseia por unirmos 100% a ele, mas a expiação é necessária antes, ou seja, temos que nos libertar da culpa inconsciente e da ilusão de separação.
Entendido isso, tudo então fez sentido; a conta, digamos, “fechou”.
Minha história com Um Curso em Milagres (UCEM) já tinha começado antes do meu acesso ao Desaparecimento do Universo. Pesquisei a respeito e vi que abrangia temas de espiritualidade básicas (crenças, mente, reencarnação, ego) sob uma simbologia cristã , baixei o livro, comecei a ler… mas era uma leitura automática, como se assimilasse verdadeiramente a mensagem. Tinha percebido que o livro era muito profundo, mas apenas lia por ler; até que larguei. Tempos depois, voltei a ler o livro, sentia no meu coração que aquele era algo muito importante, que não podia ser descartado assim. Li novamente os capítulos iniciais e meu entendimento se expandiu, mas ainda faltava algo. Foi aí que surgiu o Desaparecimento do Universo, ouvi falar dele por uma indicação de uma youtuber especialista em UCEM e escutei comentários em que o livro seria de grande auxílio para quem estaria trilhando o inicio do Curso em Milagres. Dei uma pausa na leitura do curso e foquei mais na obra de Gary Renard. Melhor decisão. De fato, este livro é perfeito pra quem pretende começar a estudar a fundo Um Curso em Milagres. A leitura do UCEM vai ser muito mais proveitosa e muito mais inteligível, podem ter certeza.
Isso porque a metafísica do UCEM é destrinchada, fica muito simples entender toda a questão da culpa inconsciente e das nossas projeções mentais que “confirmam” a crença nesse mundo de separação e ilusão. Quando sua mente consegue abstrair toda essas ideias é uma sensação maravilhosa. E quando você entende que não é e nunca será culpado de nada que pensou/fez nesta vida (ou em outras), que isso tudo é inconsciente… libertador! O capítulo então sobre o perdão… pra mim, foi transcedental. Destaque também para as considerações sobre o budismo (“a religião/filosofia mais psicologicamente avançada” – concordo) e sobre as interpretações bíblicas promovidas pelo cristianismo, que são um contraponto à metafísica do curso.
O livro não tem papas na língua e critica (por favor, NÃO entendam isso num contexto dual negativo, de certo e errado) a espiritualidade da “nova era”, que é tão fascinada por energia, abundância financeira e lei da atração. O autor é claro ao discorrer que não é certo nem errado (em um contexto dual) brincar com a energia, de manifestar as coisas materiais na sua vida, mas que isso não deixa de ser brincadeiras com a ilusão e que nossa iluminação somente é postergada a cada vez que há uma identificação com as formas (seja física ou não físicas, como a energia). Polêmico né? Mas é uma reflexão interessante. Acredito que é por isso que esse livro (além do UCEM) não vai servir pra todo tipo de buscador espiritual: eles revelam Verdades muito duras, não romantizam o universo, a “dádiva”, o ciclo e a beleza da vida, isso tudo acaba sendo dualidade, e até mesmo as coisas/situações que achamos certas/boas não são 100% verdadeiras, pois também tem um lado oposto, ou seja, são duais.
Difícil aplicar isso e não julgar as situações como boas e más? Muito, com certeza, mas o UCEM tá aí pra praticar. Mas tudo bem se não servir pra você, existem outros caminhos super válidos pra se estudar espiritualidade além do UCEM, como o próprio diz. É interessante que, independente de qual “escola” você seguir, no fim vai tudo levar a mesma coisa. O que é o perdão verdadeiro do UCEM se não a transmutação mental ensinada no Caiballion (hermetismo)? Ou até mesmo a essência do Ho’oponopono? Na raiz, tudo é a mesma coisa.
Esse livro realmente me fez entender que as coisas no universo manifestado são neutras verdadeiramente, consegui transcender a dualidade das coisas e entendi onde está Deus nisso tudo; por exemplo, se você não praticar algo que é visto como certo pelo social (ou até mesmo pela espiritualidade tradicional), tá tudo bem, você não é culpado, se perdoe, você não é menos digno da comunhão com Deus por conta disso. É complicado entrar nesse mérito, muitas vão julgar como se o livro ensinasse a ser uma pessoa fria, “sem coração”, sem humanidade… mas na minha visão, vai muito além disso. Além do mais, ao praticar o perdão, o Espirito Santo está sempre te inspirando a como agir em determinada situação, então não tem como você “errar” aos olhos de Deus, pois em essência você nunca errou. Muitas respostas do cosmos tocaram profundamente meu coração. Um Curso em Milagres se tornou meu livro de cabeceira; realmente me encontrei nesse caminho espiritual e espero praticá-lo.
Enfim, O Desaparecimento do Universo – em conjunto com Um Curso em Milagres, são obras libertadoras do ponto de vista psicológico. É notável perceber que este mundo de formas, pecado, julgamentos, ilusões, ídolos, morte – o mundo do Ego – cumpriu e até hoje cumpre perfeitamente seu papel na projeção da culpa inconsciente ao que vemos como externo à nossa consciência. Estes livros são muito indicados caso você sinta uma culpa muito grande do mundo, seja-a projetando nos outros ou em si mesmo.
Muitos poderão dizer que é mitologia, que justificar tantas ações equivocadas e tragédias promovidas pelo ser humano por mera culpa inconsciente de se verem separados e pecadores aos olhos de Deus (detalhe que isso é uma mera ilusão inconsciente, isso nunca ocorreu e nunca vai acontecer), mas sob um ponto de vista metafísico, não vejo outra saída a justificar as coisas que vejo neste plano.
Gratidão ao autor e seus mestres por compartilhar tal libertadora visão da unicidade! Gratidão à Jesus por ter nos dado o UCEM! Minha vida mudou com essas lições.