Vanessa 27/06/2019
De partir o coração: Excelente ficção histórica baseada em fatos
Eu já estava querendo ler esse livro há dois anos e também já estava ciente sobre a história em que é baseada, mas, ainda assim, o livro conseguiu me surpreender e superar minhas expectativas.
A Capa e o Título podem enganar quem só olha e passa batido porque dá a entender ser um romance leve ou algo mais juvenil, o que não condiz com o enredo (bastante envolvente, por sinal): os irmãos da família, ribeirinha e humilde, Foss são sequestrados e enviados à Sociedade de Orfanatos do Tennessee, onde, junto com várias outras crianças, são maltratadas e enviadas para adoção por famílias bem ricas por preços caríssimos, o que, infelizmente, aconteceu de verdade nos EUA (de 1920 a 1950), sendo fictícia apenas as personagens da Família Foss.
A história real é tão absurda que é até difícil de acreditar que realmente aconteceu e que perdurou tantos anos.
A obra possui excelentes detalhes descritivos, tanto dos cenários (causando uma visão bem nítida dos locais) quanto dos personagens (como se a gente conhecesse essas pessoas ou tivesse vivido algo parecido).
Eu gostei muito da forma que a Autora narrou a história, dividindo-a e intercalando-a sob o ponto de vista de duas personagens diferentes, e, também, de como ela dividiu os capítulos, o que, particularmente, me instigou a ler cada vez mais capítulos e terminar a leitura voando.
A Autora também foi muito feliz em passar uma boa mensagem por trás de toda essa triste história: os laços de família, essencialmente entre irmãos, não se esvai mesmo após tantos obstáculos e nos marcam para o resto da vida (além de, claro, que crianças, mesmo recém-nascidas, não são objetos nem “telas em branco”, como Georgia Tann se referia, e sim, seres humanos, dotados de dignidade e personalidade própria).
Fiquei fascinada pela luta de Rill (de apenas 12 anos) para se manter como Rill e não deixar May Wheters (nem Beth, Robby etc) predominarem e, posteriormente, como ela aceita esse capítulo da vida dela para poder seguir em frente, surgindo uma das passagens mais lindas que já li e que, simbolicamente, vou resumir nesta fala dela:
“A vida não é muito diferente do cinema. Cada cena tem sua própria música, e a música é criada para a cena, entrelaçada a ela de forma que não conseguimos compreender. Não importa o quanto a gente ame a música de um dia passado ou o quanto imaginemos a música do futuro, precisamos dançar a música de hoje, ou sempre estaremos fora do ritmo, trocando os passos em uma dança que não combina com o momento.” (p. 334)
Daria um ótimo filme e, sinceramente, torço para que isso aconteça!