Sombras de Reis Barbudos

Sombras de Reis Barbudos José J. Veiga




Resenhas - Sombras de Reis Barbudos


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Tito 25/07/2010

Uma parábola angustiante.
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@apilhadathay 16/05/2014

Instigante
As pessoas falam muito de felicidade, se atropelam para serem felizes, mas poucos se interessam pela felicidade dos outros. É um erro porque a felicidade de um beneficia a todos. (p. 20)

Dependendo do que você entende por spoilers, esta resenha pode contê-los.
Conheci o livro por intermédio da minha professora de Teoria da Literatura e por ocasião do nosso projeto de pesquisa sobre o insólito, o realismo mágico e as distopias. Foi uma surpresa maravilhosa encontrar um livro autenticamente nacional, que surgiu entre as minhas leituras como quem não quer nada, resolvi comprar e que conta com um narrativa tão boa quanto a nossa Literatura pode produzir. Vejam o nosso passado: nosso país é o berço de Machado, Alencar, Raquel, Vinícius, Veríssimos, Braga, Rey, Veiga... Para começar! Nada devemos a quem quer que seja.

O livro é narrado por Lucas, um homem que conta um recorte de sua infância no interior, quando recebe a visita do popular Tio Baltazar - que trouxe, na bagagem, as ideias para fundar a tal "Companhia", uma fábrica que viria a transformar a vida dos cidadãos daquela pacata cidade.

O livro dialoga com as distopias quando retrata as imposições e absurdos que a Companhia impôs aos habitantes daquela cidade - que foi cercada por muros, vigiada por fiscais de plantão. Ali, as pessoas deviam seguir determinadas normas de comportamento, e os desobedientes pagariam com prisão. Vemos nitidamente a influência do contexto histórico na criação da obra: publicado pela primeira vez em 1972, em plena ditadura militar, esse livro sutil, de mensagens tão leves quanto profundas, veio transmitir um recado claro sobre o totalitarismo durante a Ditadura Militar, que perdurou até 1984.

O livro tem uma linguagem deliciosa, muitos momentos engraçados e também nos provoca aquelas reações tão óbvias, de quando nos deparamos com o Realismo Mágico: o estranhamento, o franzir de sobrancelhas, o revirar do cérebro. Ele inquieta, diverte, critica gentilmente o sistema ditatorial através da Companhia, mas não se trata de uma distopia: os eventos não se passam em um mundo futurístico, com tecnologia de ponta, acima do que a ciência nos permite atualmente.

Não: ele é mais bucólico, simples, inserindo no cotidiano o elemento do mágico, do insólito. Foi um livro muito gostoso de se ler, rápido, de linguagem acessível e um trabalho que deveria ser adotado em todas as escolhas de ensino fundamental e médio.
Recomendo!!
Daniel.Martins 12/10/2018minha estante
Que resenha maravilhosa. Ela me convenceu a ler esta obra, muito obrigado!




Marcio Monteiro 01/03/2009

Ditadura !
Fábula angustiante que me ensinou muito sobre a ditadura militar. Deveria ser obrigatório no ensino médio ou pré vestibular !
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Joao.Gabriel 15/06/2023

Li num congestionamento de trânsito. Parece que o ambiente favoreceu a leitura, especificamente dessa obra.

É um livro curto, não sei bem se novela ou conto.
José J. Veiga transmite o absurdo e sua magia de forma magistral. A escrita envolve, emerge do texto para o leitor e se afunda no próprio leitor. Somos transportados pra essa cidadezinha do interior, quase como a que eu vivo, cheio de neologismos e dialetos, muros e faces familiares aos que vemos por perto, com um quê de O Castelo e um "quêzão" de Rubião. E, da mesma forma de suas inspirações, Veiga nos dá a sensação de absurdo através da representação de nossa realidade, mas com suas próprias sutilezas esquisitas, que se tivesse (como já teve) uma Companhia tomando conta do país, não conseguiríamos distinguir realidade dessa ficção insólita de Veiga.
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Leila 09/08/2023

Sombras de Reis Barbudos escrita pelo autor José J. Veiga, é claramente uma alegoria ao sistema da Ditadura no Brasil, aqui representada pela "Companhia" que chega À uma cidade não nomeada para trazer modernidade, mas aos poucos vai ditando regras e proibições que só coagem os moradores, chegando ao ponto de todos terem medo e se sentirem oprimidos e "aprisionados".

Temos a historia desenvolvida através dos olhos do Lucas, uma criança que narra toda a trama da sua familia e da cidade em seus pormenores, bem à lá "cidadezinha mesmo". A personagem de seu pai passa por grandes transformações no desenrolar da obra e isso traz ao leitor algumas reflexões que achei bem legais.

A prosa de José J. Veiga é cativante e evocativa, levando os leitores a mergulhar nos pensamentos e sentimentos dos personagens. A abordagem realista empregada ao longo da maior parte da obra cria uma sensação de familiaridade e conexão, permitindo que os leitores se identifiquem com as lutas, aspirações e dilemas enfrentados pelos protagonistas. A habilidade do autor em retratar a vida comum com detalhes vívidos, combinada com diálogos bem construídos, sustenta a sensação de autenticidade que permeia a narrativa.

Contudo, a virada surpreendente para o realismo mágico no desfecho do livro pode causar uma reação ambivalente nos leitores, como foi o seu caso. O realismo mágico, um estilo literário que combina elementos fantásticos com uma representação vívida da realidade, pode ser cativante e intrigante por si só. No entanto, a inclusão abrupta desse elemento no final de uma obra que anteriormente se manteve predominantemente ancorada no realismo pode gerar um sentimento de desconexão ou estranheza.

A escolha do autor de incorporar elementos de realismo mágico pode ser vista como uma tentativa de agregar uma dimensão extra à história, oferecendo uma perspectiva mais ampla e imaginativa. No entanto, é compreensível que essa mudança súbita de tom possa deixar alguns leitores desorientados ou insatisfeitos, especialmente se estavam apreciando a coesão e a solidez da narrativa realista prévia.

Enfim, era um livro com potencial para 4 estrelas, mas que com esse final que pra mim não foi muito coeso ao mudar de estilo literário tão abruptamente, levou só 3 estrelinhas, mas mesmo assim é um bom livro!
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poetishgoddess 20/10/2024

I was supposed to be sent away, but they forgot to come.
Céus, que livro angustiante. É como se eu estivesse assistindo ao clipe de fortnight em loop nas últimas trinta páginas. De fato, a alucinação coletiva deve ser o remédio.
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Luiz Gustavo 29/08/2020

José J. Veiga nasceu em Corumbá de Goiás, e é considerado um dos maiores autores em língua portuguesa do realismo fantástico. Em “Sombras de reis barbudos”, publicado em 1972, Veiga apresenta a instauração de um regime de opressão em uma pequena cidade do interior do país. Uma tal Companhia Melhoramentos de Taitara chega à cidade prometendo modernização, mas, com o passar do tempo e a ampliação de seu poder, estabelece regras cada vez mais absurdas para manipular, controlar e oprimir os cidadãos. Muitos afirmam que a narrativa é uma alegoria da ditadura civil-militar da época, mas há controvérsias. O tema central do livro é, sem dúvidas, a opressão – e esse é um tema recorrente na obra de J. J. Veiga. A opressão pode ser implantada de muitas formas diferentes, sob muitas justificativas igualmente diversas. Na narrativa, temos uma empresa, que promete “avanços” e “modernização”, subjugando a cidade com os poderes que adquire. A meu ver, há muito mais uma crítica sistêmica ao capitalismo ao invés de uma crítica a um regime político específico; no caso, a ditadura civil-militar. O narrador é um adolescente que assume uma voz infantil para contar, de uma perspectiva futura, os acontecimentos que levaram à instauração da opressão na cidade durante sua infância. E, é claro, há muitos acontecimentos alegóricos/simbólicos sobre os quais é difícil definir um significado, e são esses acontecimentos que tornam a história assustadora e interessante. Apesar de ser um livro curto, "Sombras de reis barbudos" é, sem dúvidas, uma grande leitura.
Priscilla Teles 09/09/2020minha estante
eu amo esse autor




luanadurante0 24/08/2022

Não pensamos que os urubus iam fazer tanta falta
A leitura me capturou desde o início, leitura fácil e personagem cativante. Muito interessante, recomendo demais.
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Daniel 13/04/2018

É proibido olhar para cima ou Só não voa quem não quer
O enredo se passa numa pequena cidade do interior de Goiás, que da noite para o dia vê sua rotina modificada pela chegada da Companhia Melhoramentos de Taitara, uma empresa que surge prometendo o bem estar e o progresso, mas que aos poucos e sem nenhuma cerimônia impõe um regime tirânico sobre a população, levando às consequências mais absurdas.

Narrado em primeira em pessoa, é pela ótica de um jovem cujo pai se torna fiscal da Companhia que toda a realidade se descortina aos olhos do leitor. As transformações no cotidiano da cidade, inicialmente sutis e sem grande alarde, vão se tornando cada vez maiores e mais funestas. Muros surgem do dia pra noite separando ruas, nuvens de urubus infestam os céus da cidade, pessoas são punidas por infrações banais como cuspir para o alto, cumprimentar os vizinhos ou rir em público, a memória coletiva desaparece e incidentes cada vez mais estranhos e inverossímeis tomam conta da narrativa, chegando em alguns momentos ao limiar do surrealismo.

A obra é uma alegoria sutil, mas não menos incisiva, sobre a Ditadura militar no Brasil, representada magistralmente pela Companhia e seus desatinos, que levam a um crescente de dominação, submissão e violência, a ponto de transformar a vida dos habitantes da cidade em um verdadeiro inferno.

Em um determinado momento da obra, o protagonista se pergunta: o que é o absurdo? Seria aquilo que foge à realidade ou aquilo que aceitamos como a realidade? Não é a própria realidade, com todas as injustiças que somos obrigados a aceitar passivamente, absurda? Não estamos vivendo o absurdo nesse exato momento?

Com fortes traços do realismo mágico, uma linguagem simples e toques de lirismo, José J. Veiga criou uma obra prima da literatura fantástica no Brasil, cuja temática continua (infelizmente) bastante atual.
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filhodepeterpan 26/08/2020

Uma alegoria política de prosa deliciosa.
"Sombras de Reis Barbudos" traz semelhanças inevitáveis com "Revolução dos Bichos" logo de cara. Ambos os romances (ou até mesmo fábulas) trazem uma narrativa simples cheia de camadas de significado. Qualquer um pode ler e aproveitar a narrativa gostosa que o Veiga proporciona nesse livro. Entretanto, estar ciente do contexto histórico com certeza enriquece a história.
Apostando em uma espécie de realismo mágico reinventado, Veiga traz o protagonista "Lucas" como nossos olhos e ouvidos. Tudo que ele sabe, nós sabemos; tudo que para ele é um mistério, também é um mistério para a gente. Cabe ao leitor encontrar conexões e significado na busca de estruturar um sentido à história.
O prefácio da edição da Companhia das Letras, escrita por Luiz Roncari, é ótimo porém expositivo. Recomendo a leitura apenas após a finalização da história.
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C r i s 07/09/2015

Uma excelente história de distopia e uma leitura brilhante da ditadura militar.
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Julio 09/01/2023

Vc prepara os olhos pra ver um dinossauro e vê uma lagatixa!
Uma excelente obra em termos de realismo, simbolismo, crítica a governos autoritários (ditadura militar).
Um livro que te ensina a não criar expectativas.

"Parece que o difícil mesmo é uma pessoa, entender a outra, seja homem ou mulher, quando a gente pensa que entendeu, a outra já mudou".

Amei essa leitura, super recomendo!
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douglaseralldo 12/03/2017

10 Considerações sobre Sombras de Reis Barbudos, de José J. Veiga ou como ver urubus no céu
1 - Sombras de Reis Barbudos é a reunião do insólito e do fantástico numa obra de linguagem escamoteada construindo uma metáfora interessantíssima sobre poder e autoridade que não sem motivos é vista também como alegoria ao regime ditatorial do país ao tempo de seu contexto histórico;

2 - Aliás, o escamoteamento do texto narrativo faz bastante sentido em virtude de seu narrador, o jovem Lucas que pelas armadilhas da memória resgata os acontecimentos na cidade de Taitara, principalmente as mudanças advindas com a chegada da Companhia, uma instituição que dominará o lugar de tal forma que a narrativa aprofunda-se sempre cada vez mais na opressão;

3 - E não faltam na obra elementos para instigar a opressão de tal forma que se torna perceptível ao leitor, muitas vezes de forma sufocante com seus personagens aprisionados por muros, na impossibilidade de pensar, sempre num retirar de liberdade mais e mais profundo e usando-se da violência como instrumento de repressão, tanto a física quanto a psicológica;

*Resenha completa no blog

site: http://www.listasliterarias.com/2017/03/10-consideracoes-sobre-sombras-de-reis.html
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