Rúbia 08/01/2015Os destroços de uma vida“A caixa-preta revela aos poucos sua sabedoria mais funda e amarga, somente a proximidade da morte e a consciência da finitude do corpo podem apaziguar as paixões”
Esse trecho relatado na sinopse de A caixa-preta, do autor Amós Oz foi o suficiente para me deixar ansiosa pela leitura, uma vez que tinha comprado o livro apenas por ter ouvido falar bem do autor e por ele figurar nas minhas listas de desafios.
Ele é um livro epistolar [ escrito em cartas] , o que já me encantou pois gosto muito dessa técnica. E temos a troca de correspondência (cartas e bilhetes) de vários personagens para vários personagens e você consegue construir toda história, visualizar o que está acontecendo em diversos núcleos em diferentes locais através das cartas. É sensacional a forma como ele faz isso, me encantou muito. A escrita do Oz me fez querer imediatamente ler outras coisas dele.
A caixa-preta que dá título ao livro não se refere a famosa peça de um avião e sim a um relacionamento. Temos Alex, um professor e autor de livros best seller, que fora casado com Ilana. Eles tiveram um relacionamento conturbado desde o início. Quando o livro começa os dois estão separados há sete anos e tem um filho juntos.
Há algo acontecendo com esse filho e é o que faz com que Ilana recorra a Alex na primeira carta.
Esse pedido de ajuda vai gerar a reconstrução dessa caixa-preta, a reconstrução do final desse relacionamento e a partir daí os demais personagens vão se encaixando.
Existe muita mágoa, muito rancor, mas ao mesmo tempo existe muito desejo, no relacionamento deles o sexo tinha um papel principal e vai trazer algumas caracterizações, larga 50 tons de cinza e vem ler Amós Oz.
Esses dois personagens vão trocar cartas a respeito do filho, que tem 17 anos que é muito violento. É um personagem que vai ter um crescimento/ amadurecimento incrível, você começa meio que o detestando, mas vai entendendo os motivos dele ter determinada conduta e o final dele é muito bacana.
Outro personagem é Manfred, advogado de Alex, que trabalhou para o pai dele (que é uma figura muito interessante e permeia várias cenas no livro). Manfred é um personagem importante e que vai tomar rédeas nos impulsos de Alex.
E há também o atual marido de Ilana, um personagem muito hipócrita no livro e através dele o autor vai fazer as principais críticas em relação a religião e costumes sociais de Israel.
É muito bacana ver como em meio as cartas o autor (que é israelense) consegue usar como pano de fundo um cenário social, político e religioso de Israel.
Leitura mais do que recomendada!
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