Paulo 21/03/2023
Manual para quem quer convencer
A retórica é uma metodologia da persuasão, ou seja, uma técnica que define os procedimentos com os quais o homem tenta convencer os outros homens.
Segundo Aristóteles, há 3 tipos de meios de persuasão. O primeiro depende do caráter pessoal do orador (ethos); o segundo, de levar o auditório a uma certa disposição do espírito, ou seja, a gerar emoção (pathos); e o terceiro, o mais importante, o próprio discurso, que visa a demonstrar determinado ponto (logos).
Há também 3 gêneros da retórica. O discurso deliberativo (político), que procura nos induzir a fazer ou não fazer algo, volta-se para o futuro e tem por finalidade o útil. O discurso forense comporta a acusação ou a defesa, refere-se a fatos passados e busca o justo. Por fim, o discurso demonstrativo que busca elogiar ou criticar alguma situação ou alguém, diz com o presente e almeja o bom e belo.
O Estagirita, como lhe é peculiar, detalha minuciosamente os elementos persuasivos relativos aos meios de persuasão e gêneros da retórica: os elementos lógicos (tópicos) e psicológicos (emoção e caráter). Discorre sobre estados de alma como ira e calma, sobre a idade e condições financeiras dos ouvintes e sobre como o discurso deve se adaptar para atingir cada público específico.
Aborda também as características que levam à qualidade dos argumentos persuasivos: a clareza, o uso de símiles e metáforas, a correção gramatical, o ritmo e a adequação do estilo ao assunto.
Aristóteles retoma a noção retórica que Platão abordou no Fedro. Para ser autêntica, a retórica não pode ser separada do verdadeiro e do justo e não deve fundar-se somente no apelo aos sentimentos da platéia. Ademais, o retórico deve conhecer a fundo o assunto sobre o qual quer convencer, bem como a alma dos seus ouvintes.
Hoje a palavra “retórica” é utilizada de forma pejorativa para indicar o discurso desprovido de verdade e construído unicamente para estimular determinado comportamento do ouvinte, em especial para o consumo de produtos e serviços. Não era sobre limitada concepção, forte em manipular as paixões dos ouvintes, que Aristóteles desenvolveu sua clássica obra.