Bianca232 23/10/2018Menos uma resenha. Mais uma opinião.Este livro foi uma surpresa.
Esperava o estilo de Marian, aquele drama com comédia, ironia, sarcasmo etc. Mas este livro foi diferente. Acho que o livro aborda o luto de um casamento. Digo acho porque eu mesma ainda não entendi o que o livro quis passar.
Amy casou com Hugh e tiveram filhas. Amy já tinha sido casada bem jovem e sido traída e sofrido brutalmente com a sua filha pequena. Hugh apareceu prometendo lealdade, e a "convenceu" a se casar. Penso que Amy relaxou e casou, achando enfim que seria feliz e podia ter paz sem achar que seria traída e humilhada novamente. Então, após a perda do pai de Hugh e de um amigo próximo, Hugh "enlouquece" - palavras próprias - e decide DAR UM TEMPO no casamento. A ideia me soou absurda e logo pensei que era razoável - se fosse o caso dele querer viajar para ficar sozinho e se "reencontrar". Mas não foi o caso. Hugh, de forma egoísta e nada leal quis sim viajar sozinho por 6 meses para se reencontrar. Mas como SOLTEIRO. Sem aliança e sem regras. Eu nem posso imaginar a dor de Amy ao ouvir isso. Isso mexeu muito comigo. A humilhação com a família, amigos e colegas de trabalho de Amy foi imensa, e ela não teve opção senão aceitar, já que Hugh prometia de pé junto voltar, e não terminar o casamento deles. Acho que nessa hora ela nem teve como reagir, senão aceitar. Hugh vai embora e alguns meses depois é marcado por uma mulher em fotos íntimas no Facebook, e uma de suas filhas descobre e mostra à Amy. E é aí que tudo dentro de Amy realmente muda. Nem posso imaginar como deve ser ver o seu marido deitado na cama de outra mulher, em um paraíso tropical enquanto você está em casa chorando a falta dele. Por "sorte" (nem dá pra chamar de sorte isso), Amy pôde colocar sua fantasia com Josh em realidade. Uma paquera e flertes que mexeram com a cabeça de Amy meses atrás, se tornaram reais e Josh (também casado) teve um caso com Amy. No ápice desse caso e na data do Natal - surpresa surpresa - Hugh decide voltar antes do prazo dos 6 meses de solteirice. Pegando todos de surpresa, Hugh volta tremendamente arrependido, querendo consertar as coisas e voltar com o casamento. Obviamente Amy sofre todos os estágios de luto de forma diferente agora com Hugh o tempo todo em casa, sem saber como agir, o que sentir, e agindo e sentindo tudo ao mesmo tempo. O desenrolar da história com as filhas é que define o casamento deles. As filhas todas saem de casa e Amy se pega pela primeira vez, totalmente sozinha. Ironicamente, as palavras de sabedoria de sua mãe (uma figura de pessoa) a pega de surpresa quando confessa que não deixaria o marido apesar dele estar com Alzheimer e já ter perdido totalmente a sua memória. Amy entende que o casamento é isso: lealdade com o lado humano da pessoa. No caso, ela entende que Hugh estava pirado e apenas passou por uma fase, mas que o amor dela não morre e que é melhor envelhecer ao lado dele, que tirando a parte enlouquecida, sempre foi um ótimo marido. Acho que Amy soube ser muito fria ao terminar seu caso com Josh, mas quanto à Hugh, não. O que a fez voltar para ele foi o medo de envelhecer sozinha, e isso não pude concordar. Esperava um outro final, algo que Amy realmente merecesse por toda a humilhação que sofreu. Mas o que acho que Marian Keyes quis retratar é isto: a inconstância do amor na vida real. Não existe preto e branco na vida real, temos que lidar com as áreas cinzas, e isso num casamento é o mais difícil de fazer. Não há certo nem errado, apenas sentimentos.