Fernanda 01/05/2022
O livro conta a trajetória de Barbara Jean, Clarice e Odette, três amigas de uma vida inteira que, agora na terceira idade, ainda mantêm os mesmos laços de amizade e amor, assim como o hábito de se reunir no conhecido restaurante Coma-de-Tudo, para falar das suas lutas e alegrias.
A mãe de Clarice, uma fundamentalista religiosa octogenária, está prestes a casar com o proprietário de uma casa de shows que nunca teve boa reputação. A celebração dessa união inusitada trará convidados que podem mexer com dores do passado de outras pessoas. Enquanto isso, a própria Clarice se encontra numa encruzilhada e precisa definir os rumos da sua vida pessoal e profissional. A amiga Odette, que esconde de todos a capacidade de falar com pessoas que já partiram (inclusive a ilustre ex-primeira-dama dos EUA, Eleanor Roosevelt), precisa lidar com a mudança do marido, de sempre tranquilo e pacato para uma pessoa cheia de raiva e dificuldade em lidar com o passado.
Barbara Jean também convive com sua própria história de negligência e abuso infantil, mas descobre fatos sobre a mãe que podem ajudá-la a perdoar ou entender seu comportamento.
Enquanto tudo isso acontece, um morador da mesma cidadezinha está prestes a partir desse mundo, mas tem medo que o filho, que ele renegou por causa da sua orientação sexual, cumpra o prometido e faça do seu funeral um estardalhaço cômico. Será que Odette, que no passado acolheu o garoto, poderá ajudar? Além desses personagens, o leitor conhecerá uma cartomante controversa, uma candidata a pastora nada convencional, uma criança que assusta as pessoas, as divisões religiosas e culturais dentro de uma mesma comunidade negra, tudo isso sob ritmo encantado do blues.
É uma abordagem leve de temas profundos. Trata sobre os vieses do fundamentalismo religioso, sexualidade na terceira idade, marcas da negligência na infância, perdão e superação. Tudo isso através de três mulheres fortes e sensíveis.
À primeira vista parece uma história dramática, porque é. À segunda vista, parece uma comédia; e também é, porque a vida não é só tragédia ou só alegria, é um movimento contínuo de superação e busca pela tal felicidade.
Apesar de ser continuação do livro "Três amigas, todos os domingos" (tem resenha aqui), Edward Kelsey Moore o escreveu de forma que pode ser lido de forma independente.