Ao Farol

Ao Farol Virginia Woolf




Resenhas - Rumo ao Farol


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ElizangelaAraujo 23/11/2020

Ao farol
Meu primeiro contato com escrita de Virginia Woolf. É uma leitura mais lenta, ao menos para mim, tive que prestar mais atenção, isso não torna a leitura chata, ao contrário, aos poucos você vai entendendo a narrativa e de quem é o ponto de vista que está sendo exposto. Satisfeita com a leitura, quero ler mais da autora.
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jurripe 20/10/2020

sobre mais um favorito da vida
A escrita de Virgínia Woolf me encanta muito, e esse, sendo meu terceiro romance dela lido, não foi diferente: me apaixonei, sem dúvida.
A história envolve uma família (Ramsay) e amigos que passam o verão na casa de praia e querem ir ao farol, mas devido ao tempo ruim são impedidos disso. Além disso, o livro é dividido em 3 partes e, confesso que a segunda parte cortou meu coração.
É uma escrita delicada e envolvente, o discurso indireto livre e o fluxo de consciência podem confundir leitores que não estão acostumados à narrativa da Woolf, por isso recomendaria ler em voz alta, pois a experiência de leitura é maravilhosa.
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Livros da Julie 11/09/2020

A influência que sobrevive ao tempo
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"Parecia-lhe uma bobagem tão grande - inventar diferenças quando, bem sabem os céus, as pessoas já eram bastante diferentes sem isso.
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"Não se podia dizer o que tinha vontade."
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"paisagens distantes parecem sobreviver ao espectador um milhão de anos"
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"Como alguém julgava os outros, avaliava os outros? Como juntava isso e aquilo e concluía que gostava ou desgostava da pessoa? E essas palavras, que significado tinham, afinal?"
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"nossas aparências, as coisas pelas quais nos conhecem, são meras puerilidades. Por baixo é tudo escuro, é tudo espraiado, é insondavelmente fundo; mas de vez em quando subimos à superfície e é assim que aparecemos e somos vistos."
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"não existe razão, ordem, justiça, mas sofrimento, morte, pobreza. Não havia traição que o mundo não cometesse; (...) Nenhuma felicidade durava"
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"E de novo se sentiu sozinha na presença de sua velha adversária, a vida."
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"Para que viver? Por que, a pessoa se perguntava, ter todo esse trabalho para a espécie humana continuar? É assim tão desejável? Somos atraentes como espécie?"
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"as amizades, mesmo as melhores, são coisas frágeis. As pessoas se afastam."
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"uma mulher, saberia como lidar com isso. Era um descrédito imenso para ela, sexualmente, ficar ali calada."
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"Qual era o significado da vida? Era isso - uma pergunta simples; uma pergunta que com os anos tendia a se confinar dentro da pessoa. A grande revelação nunca viera. A grande revelação nunca viria, talvez. O que havia eram pequenas iluminações e milagres cotidianos, fósforos que se acendiam inesperadamente no escuro"
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"Quem sabe o que somos, o que sentimos? Quem sabe mesmo no momento de intimidade, Isso é saber?"
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"Pois nada era simplesmente uma coisa só."
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"O amor tinha mil formas."
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"como poderia amar a humanidade alguém que não sabia diferenciar um quadro do outro"
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"Metade das opiniões de alguém sobre as outras pessoas eram, no final das contas, grotescas. Atendiam a finalidades próprias."
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Ao Farol é o décimo primeiro livro do projeto #Virginiando2020, promovido pela @naneandherbooks (@virgi.niando) e o quinto romance da autora.

O Sr. e a Sra. Ramsay costumam passar o verão no litoral da Ilha de Skye, na Escócia, onde alugam uma bela casa para comportar seus 8 filhos e os vários hóspedes que recebem ano após ano. A ida ao farol é sempre um dos momentos mais aguardados da temporada, especialmente por James, o filho caçula.

Nesse lugar idílico, à beira da baía e com vista para o imponente farol, as personagens vivem momentos de paz e reflexão enquanto passam seus dias nas mais costumeiras atividades: o crochê, a pintura, a leitura, jogos ao ar livre. Mas a atmosfera de tranquilidade e encantamento apenas encobre um mar de inquietudes e inseguranças.

Com uma ambientação magnífica de tão realista, com janelas e portas abertas em meio ao suave frescor da maresia e ao som das ondas quebrando, Virginia expõe dramas familiares e sociais que acontecem no universo dos pensamentos de cada indivíduo. Somos levados a perceber que a real personalidade de cada um, seus gostos, suas preferências, suas opiniões e seus valores são a parte submersa de um iceberg, do qual só conhecemos verdadeiramente uma ínfima parcela, representada pelo que é efetivamente dito ou demonstrado em público. O que se passa no íntimo das pessoas está muito distante das aparências em uma mesa de jantar ou em um passeio pela praia. A autora nos brinda com panoramas psicológicos altamente complexos durante os momentos mais banais.

Ao nos dar um vislumbre dessa família modelo, Virginia aproveita para fazer suas críticas aos costumes e às grandes diferenças entre as classes sociais, que resultavam em cada vez mais miséria e desemprego. A guerra também é um tema marcante, que divide a história em um antes e um depois.

Por meio das perspectivas da Sra. Ramsay, como mulher casada, e da amiga da família Lily Briscoe, solteira, Virginia nos mostra os diferentes vieses da relação entre marido e esposa, ao mesmo tempo em que põe em xeque a instituição do casamento como o remédio para todos os males, como a grande salvação da lavoura para garantir a felicidade de homens e mulheres. A Sra. Ramsay tem plena consciência de que é muito mais do que uma esposa e uma mãe. Isso não a define. Mas ela também compreende que tem um papel a desempenhar naquela sociedade e o aceita, apesar de continuar se questionando a respeito e sonhar com outras possibilidades. Lily Briscoe, por sua vez, entende o que se espera de uma mulher, mas acha que ficará melhor sozinha e quer fazer valer sua vontade.

Além da premissa inicial, a história não tem um rumo definido. Seguimos acompanhando os altos e baixos das personagens, seus lampejos de genialidade, seus arroubos de autoconfiança, seus períodos de desalento e carência, seus apelos por atenção. Alguns são eternos deslocados, em outros é visível a relação de dependência.

Nesse romance tão poético e pungente, com um grupo tão heterogêneo, mas que retrata um apanhado de tudo que há em nós, o tempo é um personagem à parte. Sua passagem é marcada nas rugas, nos jardins, nos móveis e na casa. Ele não apaga os traumas, mas pode aliviar suas dores. Em futuro desconhecido, incerto, instável, algumas pessoas causam tamanha impressão que sobrevivem ao tempo e se tornam influências definitivas pelo resto da vida.

site: https://www.instagram.com/p/CEj7sLRjF4y/
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Amanda 07/09/2020

“[...] como perecemos, cada qual a sós.”
Um livro sobre a efemeridade dos momentos, do tempo, da vida!
Sensível, delicado e bem detalhado.
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Matheus 06/09/2020

Um livro encharcado de emoções profundas
Caso “Ao Farol” seja sua primeira experiência com as obras de Virgínia Woolf, tenha em mente, antes de se aventurar neste breve romance, que esta é uma história sobre fatos corriqueiros e tempestades interiores.

Num obstinado exercício de afastamento para com as tradições literárias de seu tempo, Woolf, cuja obra é comumente classificada como “modernista”, desloca para segundo plano a narrativa dos fatos (exteriores, visíveis), e se detém aos sentimentos e percepções das personagens acerca dos acontecimentos à sua volta.

Conforme a síntese de Tomaz Tadeu no ensaio “Mrs. Dalloway e Mrs. Brown: a arte de Virgínia”, a estética da autora, consolidada no presente romance, se propõe a “captar os recônditos da mente, os labirintos da memória, as hesitações e as incertezas, as contradições e as fraquezas da ‘natureza’ humana”.

Dessa forma, caso se esbarre com esse título na estante e venha a se lançar na empreitada de desbravá-lo, é provável que encontre um intricado jogo de xadrez em que o foco não é a disposição das peças, mas o exercício mental de seus jogadores. Woolf não apenas apresenta suas personagens, como nos mergulha na desordem caótica de suas consciências.

O efeito é altamente imersivo, o ritmo da narrativa se assemelha à forma como nós (leitores) realmente pensamos, e o intercalar entre as ebulições subjetivas e o desenrolar concreto dos fatos é feito de maneira impressionante. A familiaridade com o fluxo e detalhamento dos sentidos, após um tempo, nos faz ver o que os personagens veem, ouvir o que ouvem, sentir o que sentem, identifica-los através de suas personalidades, opiniões, manias.

Num simples passeio à casa de praia da família Ramsay, eventos corriqueiros como o jantar adquirem grande profundidade, tornam-se o recorte de uma época e exame minucioso dos comportamentos humanos. Em especial, o reflexo da Grande Guerra na sociedade inglesa durante os anos 10 e 20.

Além disso, a obra propõe excelentes reflexões sobre a transitoriedade da vida e a longevidade do pensamento humano - "a própria pedra que se chuta com a bota sobreviverá a Shakespeare".

É uma experiência literária fascinante.
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Pedro Felipe 18/08/2020

"ela sentia, muitas vezes, que não passava de uma esponja encharcada de emoções humanas"
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Bela 07/07/2020

se trata de um romance rico e multifacetado que, por um lado, revela a vida de uma família inglesa abastada da época, a ameaça da guerra, a tensão das relações familiares e os conflitos entre homens e mulheres; e, por outro, constitui-se numa delicada reflexão sobre a inevitabilidade da passagem do tempo e da morte, propondo uma jornada à consciência dos personagens e refletindo sobre a natureza da arte. com esta obra, Virginia Woolf estabelece um novo paradigma no tratamento do tempo e da memória e ocupa o lugar de monumento da literatura moderna, cuja influência ecoa até hoje.
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Lira 17/06/2020

Obra-prima
Antes de tudo, para adentrar no universo de Ao Farol, é preciso mergulhar. É necessário abraçar as ondas e, consequentemente, submergir na profundidade desse encontro, para que, no ímpeto, você seja transportado ao íntimo de personagens que nas páginas ganham vida e sentem muito. O meu preferido da Virginia Woolf, até então.

Ao Farol é uma obra inesquecível. A experiência, para mim, foi tão profunda que foi como se a vida, mesmo que por um espaço curto de tempo, pudesse ser sentida nas palavras.

Eu amo como o tempo na obra é subvertido. Ele se encontra entranhado, muitas vezes, na atividade do pensar. Lindo, lindo, lindo.

16.
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Carolizons 06/06/2020

Uma viagem ao farol que levou 10 anos para acontecer. Woolf nós insere no interior das personagens de maneira envolvente.
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Caio.Carrasqueira 23/05/2020

Fantástico
Um livro magistral feito por uma autora de respeito. Virgínia woolf é perfeita!
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Ricardo 16/05/2020

fragmento de uma relato de leitura
Existem autores capazes de trazer reflexões fortes com exemplos tão "ordinários", essa é uma obra que explora bem isso. Sem dar spoilers, a obra vai oferecer uma perspectiva (ou mais de uma) diferente sobre muitas coisas sem necessidade de sair do que é simples e comum na vida.
Além do mais, sendo minha segunda leitura da autora, 1° foi Orlando, senti-me em "outro mundo" novamente. Vale também dizer que para mim houve um clima "nebuloso" e "sedutor" nessa obra tal como na minha primeira experiência com a autora.
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Jader 23/04/2020

Muito interessante a escrita de Virgínia, o fluxo de consciência que gera boas reflexões e nos deixa mais íntimo das personagens. No mais, o enredo busca abordar, com tratos biográficos da infância da autora, momentos que ficam gravados por toda a nossa vida.
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Laís Andrade 13/02/2020

Uma experiência literária
"Qual o significado da vida? Isso era tudo - uma questão simples; uma questão que tendia a nos envolver mais com o passar dos anos. A grande revelação nunca chegara. A grande revelação talvez nunca chegasse. Em vez disso, havia pequenos milagres cotidianos, iluminações, fósforos inesperadamente riscados nas escuridão; aqui estava um deles. (...) a Sra. Ramsay dizendo: 'Vida, fica parada aqui'; a Sra. Ramsay fazendo do momento algo permanente (tal como, numa esfera diferente, a própria Lily tentava fazer do momento algo permanente) - esta era a natureza da revelação."

A serenidade do momento presente, desapegada de conjecturas futuras e julgamentos passados, a liberdade de estar e ser em toda a expansividade sensitiva de se fazer parte do meio, a potência crua e libertadora disso, é incalculável. Este livro faz afluírem sensações múltiplas, traz a alegria de se perceber vivo, e a beleza da contemplação dos outros e daquilo que te rodeia. Momentos simples que podem ser encarcerados no eterno.

O plano de fundo é uma família com todos os seus dramas e cicatrizes vivenciais. Um pai, o Sr. Ramsay, absolutamente controlador, mesquinho e frio, que desperta sentimentos de revolta e amargura nos filhos, que somam oito ao todo. A mãe, a Sra. Ramsay, um objeto de extrema beleza, mas uma personagem dotada de uma paz e leveza que contagiam e envolvem os demais. A ação se passa em uma casa antiga da família, enquanto Lily Briscoe tenta finalizar uma pintura, evocando emoções provocadas por cada indivíduo que compõe aquela paisagem. O fluxo de consciência, técnica narrativa utilizada por Woolf, onde vamos saltando como pequenas pulgas de um personagem para o outro, torna a narrativa fluida e as ações perdem força, tornando as percepções o cerne de toda a história. A segunda parte, intitulada "O Tempo Passa", a mais curta de todas, é uma das mais belas. É difícil descrever o que acontece pois os as marcas temporais se desfazem e, de forma magistral, percebemos quão interconectadas são nossas experiências em qualquer tempo. A descrição da escuridão como um dilúvio e a utilização disso como recurso narrativo para fazer brotar o passado enquanto o presente se desdobra, com fagulhas do futuro, é simplesmente genial. Nunca havia lido nada parecido. É verdadeiramente mais um experiência do que uma leitura.
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Luíza | ig: @odisseiadelivros 03/02/2020

“[...] como perecemos, cada qual a sós.”
[Tentarei não elogiar muito a Virginia nesta resenha]
Que escritora incrível! Cada experiência com um livro dela é algo único. É, de certa forma, aconchegante lê-la, porque ela traduz em uma linguagem poética sentimentos puramente humanos.
A história, como é comum na narrativa de Woolf, não é grandiosa. Inicia-se com uma família, os Ramsay, em sua casa de veraneio, com os oito filhos e alguns convidados. Por meio do fluxo de consciência, somos transportados para uma paisagem tranquila ao noroeste da Escócia, ao mesmo tempo em que somos levados por meio de uma linguagem muito primorosa para o interior da mente das personagens. Durante a narrativa, o leitor é exposto a temas relacionados ao casamento, às convenções sociais, à vida e à morte.
No início, é difícil se acostumar tanto com a narrativa quanto com os inúmeros nomes de personagens. No entanto, conforme se vai absorvendo os sentidos – porque, na prosa virginiana, os sentidos ficam, em sua maioria, a encargo do leitor –, tudo fica mais claro e você é levado a uma verdadeira viagem interior – não só das personagens, mas também a seu próprio interior.
A segunda parte, “O tempo passa”, é o ponto alto do livro. Os acontecimentos, destacados em colchetes, parecem irrelevantes diante às descrições da passagem do tempo e das estações. O que não impede que o leitor sinta com pesar esses acontecimentos. Cabe lembrar aqui que a história possui traços autobiográficos, há um pouco de Virginia – talvez em Lily Briscoe, em James e em Cam – e seus pais no casal Ramsay. Mas são traços, não representam a integridade, embora o posfácio de Hermione Lee, presente na edição do livro da editora Autêntica, tenho provado que o processo de criação desse livro, para Virginia, foi um expurgo para suas memórias mais íntimas, da relação com/dos pais e os fantasmas que a assombravam até então.
Um último adendo: a tradução do Tomaz Tadeu, como sempre, está impecável. Consegue traduzir – literalmente – com maestria uma maestra da linguagem.
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