Samy 13/02/2014
Fui apresentada a Philip Pullman, como a maioria das pessoas, com a trilogia Fronteiras do Universo – A Bússola de Ouro, A Faca Sutil e A Luneta Âmbar. Gostei bastante dessa trilogia e resolvi ler outros livros do autor e ver se mantinha minha boa opinião.
Chris é um garoto de classe média de Oxford que conhece e salva uma misteriosa garota – Jenny – e se apaixona irreversivelmente no primeiro momento que a vê. A estória do livro se desenvolve em torno da relação entre Jenny, Chris e Barry, chefe de Chris durante as férias escolares. Barry é um cara, aparentemente, de boa índole, que se dá bem com todas as pessoas e super carismático. No decorrer da trama vamos sendo enrolados pelas mentiras e verdades não contadas e percebemos que nada é o que parece e que não se pode confiar em ninguém.
As primeiras palavras do livro são “Chris Marshall conheceu a garota que iria matar numa noite quente, no princípio de junho…”. Nessa, você não sabe se quer matar o autor por contar o final do livro na primeira linha, ou ler correndo para saber como isso acontece. No decorrer da narrativa percebemos que a intenção de Pullman não é nos prender pelo fim do livro e sim por como chegou lá.
Achei extremamente chato o relacionamento do Chris com a Jenny. O rapaz fica completamente obsessivo em relação à moça e seus sentimentos são muito exagerados, por uma pessoa que acabou de conhecer e sabe pouco mais do que seu nome. Chegou a se tornar uma relação doentia, ao meu ver. Quase larguei o livro, mas resisti, pois nos outros momentos, o protagonista chegava a ser bem carismático e acabei gostando do jeito inocente dele.
O livro é todo narrado em terceira pessoa, cada hora focando em um personagem – Chris, Jenny ou Barry – e acabei demorando um pouco a me acostumar, pois em alguns momentos estamos acompanhando os pensamentos e devaneios de determinado personagem e, repentinamente, o autor começa a conversar exclusivamente com o leitor e contar coisas que aquele personagem não sabe, esclarecendo os mistérios à medida que são apresentados.
São abordados temas polêmicos no livro, mas nenhum de forma aprofundada e acabei achando pouco importante o fato. Parece que foram jogados lá apenas para explicar determinadas coisas na estória. Não achei os personagens bem construídos e, apesar de ter gostado do jeito do Chris quando a Jenny não está envolvida, não apeguei verdadeiramente a nenhum deles. Só pude pensar que foi proposital, por algum motivo, já que sabemos que o autor é capaz de criar personagens muito marcantes, como aconteceu em Fronteiras do Universo.
Não achei um livro memorável, mas a estória me prendeu e foi bom como um passatempo, apesar de esperar mais do autor. Recomendo, mas tente não ir com muitas expectativas.
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