Thaisa 20/06/2023
O destino é inexorável?
Em 1988, quatro garotas de 12 anos, entregando jornais em sua cidadezinha, acabam sendo envolvidas em uma terrível guerra temporal, o que as leva para os mais diversos lugares do tempo: do presente delas para 2016 e até para o passado primitivo; do simbólico bug do milênio dos anos 2000 até o futuro distante de 2171...
E é aqui que nos encontramos, em duas diferentes missões: enquanto Erin, Tiff e sua contraparte, a Tiff gótica de 2000, vão em busca de respostas sobre como voltar para os anos 80 com a idosa Wari (uma guerreira tribal do passado que elas ajudaram anteriormente e que vive, nesse momento, no século 22), KJ e Mac vão até um hospital na tentativa de acharem a cura para uma determinada doença que, infelizmente, ainda tira muitas vidas em 2016, mas já foi erradicada no tempo em que estão...
Entrar em mais detalhes seria estragar a experiência que esse quadrinho pode proporcionar; no entanto, por esse ser o penúltimo volume de "Paper Girls", posso afirmar que o leitor terá grandes revelações - ainda é difícil compreender totalmente o que está ocorrendo (e o autor faz isso exatamente para nos colocar no papel dessas garotas que estão totalmente perdidas), mas diversas respostas já foram dadas, e o que resta é descobrir se as protagonistas conseguirão voltar para 1988, qual lado da guerra temporal sairá vencedor, qual é o motivo de estarem caçando essas meninas e se elas acharão uma maneira de alterar algumas coisas que elas sabem que acontecerão com elas...
Esse volume foi muito interessante, pois vemos como cada personagem brilha em um aspecto diferente, mostrando sua importância para que esse grupo possa continuar no meio de tanto caos.
Como não foi novidade, me incomodei novamente com Mac e como sua persona é construída - Vaughan, na tentativa de mostrar como ela é durona e corajosa, infelizmente atrela isso com o fato dela ser ignorante e preconceituosa, o que é injusto tanto com a personagem quanto com o leitor, já que essa é uma história que, em sua essência, fala sobre diversidade e representatividade.
As artes de Chiang ainda são o maior destaque aqui, e fico encantada toda vez que leio um novo volume, onde traços cartunescos são utilizados de forma maravilhosa para dar expressão e vida aos personagens e tornar a ação mais empolgante; além disso, as cores são marca registrada de "Paper Girls" e é difícil não se apaixonar pelo contraste incrível da coloração.
Se aqui tivemos desenvolvimentos cruciais não apenas no enredo, mas nas relações interpessoais e intrapessoais, eu mal posso esperar para saber como essa história alucinante irá terminar!
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